Carta à Maria

Carta à Maria

Maria, hoje foi mais um daqueles dias, que a gente tá com a cabeça no futuro e acaba esquecendo nosso presente duro. Sabe esses dias em que a gente foca na vida que devia ser e esquecemos da vida que temos? Para mim todo dia tem sido assim! Me disseram que nossos pensamentos criam nossa realidade. Eu juro que essa não é a realidade que pensei para mim há cinco anos atrás! Fui otimista, fiz tudo conforme manda o protocolo. Estudei as possibilidades, fiz um cronograma, coloquei no papel as metas, agi para alcançar os objetivos e morri na praia. Sem dinheiro e sem amor. Mas Maria, eu acreditei na ilusão de que estava no controle. Mas se somos responsáveis por tudo que acontece conosco. Como criei essa realidade? E agora, nesse exato momento, como estou criando o meu futuro? Eu não faço ideia. Não sei mais no que acreditar. Estamos no controle ou não estamos? Só sei que essas experiências me fazem pensar que não. Não estamos no controle, não da forma que gostaríamos de estar. Estamos num caminho, seguindo uma direção, uma estrada que converge para Luz. Estamos aprendendo a ser melhores. Não vivemos o que queremos, mas o que precisamos e merecemos. A ideia é aprender o amor. Estamos todos aprendendo a amar incondicionalmente. Mas olha a loucura que o mundo se encontra! Manter a sanidade é um luxo, não enlouquecer é um privilégio, seguir até o final, suportando todos os pesos, medos, decepções é só para os fortes. De vez em quando eu duvido da minha fortaleza, e juro que suplico por moleza. Mas a vida não é oba oba. A vida não é uma série de televisão. Não é diversão. Não é o que a gente vê no GNT ou OFF. A vida de quem é perfeita como na televisão? Quem come aquelas comidas e viaja para lugares incríveis que a gente nem nunca ouviu falar? Meu Deus quanta loucura! O que vejo na real é tanta miséria, gente sem dinheiro para o pão. Crianças com fome de sobremesa, olhos grandes olhando para o cornetto da jovem que passa do lado de lá do ponto. A mãe tentando distrair e a criança arrisca a pedir. A mãe lamenta, dinheiro contado, e lá se vai mais um desejo simples não realizado.

Maria, a vida aqui me aterroriza, estou desconectada com a minha alma, vim para uma missão nobre, todos nós viemos, mas estou distraída demais tentando ter sucesso, tentando não ficar para atrás. Tentando alcançar meus colegas doutores. Não tenho coragem de voltar para mim e aceitar a minha simplicidade. Fiz esse tal de Instagram e parece que todo mundo está fazendo algo importante. Minha vida simples parece tão desinteressante. Estou vivendo como uma morta-viva. Meu coração está um gelo, e nem é o frio do inverno que deixa meu peito gelado. É falta de abraço. Falta de acalanto, de olhar nos olhos, de fazer cafuné e deitar no colo. Tudo que eu sempre quis foi poder pagar meu próprio aluguel, criar gatos, pintar quadros, cantarolar manhãs, fazer biscoitos, bolos, fumar um cigarro e conversar com quem faz questão. Olha para mim agora Maria! Não sei quem sou, estou competindo com quem? Estou tentando ser sucesso para quem? Por que ando partida? Olhar que não seduz, corpo que se arrasta, medo que paralisa, sorriso que disfarça dor. Para quem são os livros que leio? Qual foi a última vez que habitei a mim? Quando deixei de ser eu? Quando ergui uma barreira entre mim os braços calorosos dos meus progenitores? Quem são as pessoas a minha volta? Quantas delas já não estão como eu? Mortas! O que fazer para acender a chama? Correr o perigo natural de quem se permite viver? Como devo proceder, o que devo abandonar?

Maria, hoje foi mais um desses dias de coração frio, mente apavorada, olhos buscando cor, peito pedindo calor.

Mas Maria, passei na Igreja e acendi uma vela, fiz uma prece e estou esperando o milagre. O que me deixa de pé, é que eu ainda acredito em milagres.

Aline Rafaela Lelis

Nota de Celular- escrito em 25 de julho de 2019

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“Aos poucos, nós mulheres nos tornamos cada vez mais parecidas com quem ou com o quê nós mais contemplamos e admiramos.” Clarissa Pinkola Estés

“(...) O que somos hoje também é muito do que nos permitimos esquecer (...)  Há coisas que já não nos servem mais, e nada me tira da cabeça que deixar as coisas, simplesmente, tem sua beleza. Seu tom de vitória. E o mais importante: seu tom de verdade com um tipo de eu que é sincero a si mesmo. (...) Há coisas que, por mais bonitas que sejam, devem ter um fim. E isso é ótimo. Como encontraríamos espaço para experiências novas, se não deixássemos as antigas no passado já vivido? Nostalgia é bom, uma vez por ano. De resto, vamos viver o que nos é dado hoje. Ser assim, pra mim já basta.”

Texto escrito por Keroll há 2 anos. 

Setembro

Setembro

O tempo muda

muda a estação

A vida nos empurra para a transição

Da inércia do inverno

Para o calor do verão

Que nos coloca em movimento

E o verbo desabrocha

Ensina-nos a ser mais como rosas

Lançamos luz no passado frio

E escolhemos florir na coragem

Na passagem

De um tempo cinza para outro

Aceitamos o novo

Aprofundamos a visão

Mergulhamos no mar imenso

Da nossa própria solidão

E nos sentimos fortes inteiras,

À nossa maneira

Sorrimos à toa,

Debochamos do que passou

Nos reconhecemos transitórias

Nos descobrimos notórias

Em cada verso, cada pensamento, cada momento

Setembro tem disso

É ritualístico, tem cor amarela

Recebe a primavera

Faz florir onde antes não havia possibilidade

Setembro tem essa personalidade

Por trazer a primavera traz a esperança

Por ser esperança nos embala na dança

Nos prepara para o renascimento

Tempo de fins e recomeços

Novos começos de luz e amor

Onde fatalmente buscamos ser mais

Como flor.

Aline Rafaela Lelis


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Meu bem, se disser que vem. Venha! Cada sim que você diz para essa mulher de ar soa como promessa. Então muito cuidado! Venha! Ainda que morto, ainda que cansado, ainda que não esteja neste planeta. Mande um avatar. Faça um layout. Mas venha! É que apesar de compreender racionalmente sua ausência, minha emoção fala mais forte. E como eu queria ter te entregado hoje o chocolate que comprei dizendo “obrigado”. E ouvir canções atrás de canções que você canta tímido, embora afinado. E olhar seus olhinhos apaixonados e brilhantes. Justo hoje, que você prometeu não mensurar seu desejo lascivo. Justo hoje que você prometeu seu melhor beijo e o abraço mais sensual.

Meu bem, quando disser que vem. Venha! Porque essa mulher de ar precisa de terra para espalhar, para se embrenhar, para namorar. 

Notas de celular (Segundo texto para ele).

Se só a morte em si

Me fizer lembrar da vida

Que triste fim seria

Esta minha jornada.

Como trazer a vida

Para dentro de um coração

Que não crê em mais nada?

Não sinto pulsar

Uma gota de esperança

Em minhas veias.

Meus olhos pedem socorro

Meu sono é um aviso

De que estou cansada demais

Para lutar sozinha

Queria que viesse até mim

E me dissesse:

"tudo vai ficar bem

Você não está sozinha

Vamos até a cozinha

Vou te fazer um jantar,

Não se preocupe minha querida!

Que eu não solto da tua mão

até você voltar a caminhar"

Se só a morte em si

Me fizer lembrar da vida

A morte simbólica

O que significa?

Que devo reagir antes da morte em si chegar?

Que devo viver e sentir  vida pulsar?

O que eu mais quero é acordar

Acordar da letargia, eu juro!

Só não sei por onde começar,

E também estou sem forças!

Aline Rafaela Lelis


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Meu amor despedaçado  hoje chora baixinho no peito Pego o telefone para te esculachar, mas desisto e me dou o respeito.

Se muitas mulheres passaram por sua cama muitos homens eu impedi que me tocassem não sei se me arrependo disso ou me arrependo de um dia ter te amado meu erro é ingenuidade os seus erros covardia? não dizer do rebento àquela menina?

A partida é esperança de uma vida mais tranquila mais tinta e pincel mais desenhos e texturas

A volta é vaga e duvidosa muita coisa me espera um corpo alto e esguio  me chama e se revela

Meu coração machucadinho só quer entender por que de dois corpos  fizemos um fundimos nossas almas. Erro irremediável ou desejo incontrolável?  À morte de um amor único  estamos condenados.

O intervalo de tempo que nos separa é para eu me reinventar e, se dessa reinvenção você permanecer quer dizer que o destino se cumpriu, mas se o meu amor esmaecer não condene a quem partiu.

De tanto tentar achar o culpado, acabei enxergando minha parcela de culpa  no entanto me livro desse peso  prefiro ir à luta.

Tudo que eu preciso neste momento é de você bem longe de mim tudo que eu quero ser: flor amarela de jasmim.

Aline Rafaela

(Escrito em 2014)

Se hoje navego por águas tranquilas, é porque eu acreditei na promessa de calmaria após a tempestade. Eu passei um tempo doente, e minha doença atingia meu espírito. Eu fiquei fraca, tão fraca... que já não era capaz de reagir a nada. Meus olhos amarelados e sem vida gritavam por socorro, e a fraqueza do espírito me levou a fraqueza da carne. Eu dormia dezesseis horas por dia e estava sempre fatigada. Quando estamos assim, muitas pessoas aproveitam da nossa incapacidade de auto-defesa. Nessa época fui humilhada por muita gente mesquinha. Mas eu não desisti da minha cura. Hoje, quando vejo a minha disposição e energia, fico imensamente grata à Deus por me sentir viva e cheia de energia para continuar lutando. E nesse processo, reciclei a alma e o corpo. Me sinto tão leve, amada e sagrada.

Hoje sei que milagres acontecem todos os dias!

Aline Rafaela 

Notas de Celular (Começo de 2018)

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