Saudade de quando eu não sabia nada, e não saber só me levava a sentir. E sentir era a única forma de chegar a verdade.
Saudade de quando minha presença bastava por si só, e eu estava no mundo. Mas não fazia parte dele. Era capaz de tudo abstrair. E me sentia em paz em qualquer lugar.
Saudade de quando amar era a condição da minha existência e de quando bastava olhar nos olhos para ver a verdade das pessoas.
Saudade de quando meu coração ainda não tinha feridas, e então, entregá-lo de mãos juntas me fazia sentir ainda mais viva.
Saudade de quando eu ainda percebia o mundo com a inocência de uma criança.
Coragem e acreditar no que sente. Porque quando a sua luz começar a brilhar muitos virão tentar te ofuscar. Portanto, não seja a primeira a se sabotar.
Criola (Grafiteira)
Seu toque cura feridas de vidas.
Suas mãos conduzem meu corpo
ao prazer mais sublime do toque,
Que ecoa em gemidos e sussurros,
Compondo um batuque rítmico.
Dos pêlos em festa, dos órgãos em dança, da cabeça em transe.
Da transa, do ajuste, do acordo implícito.
Acordo como se tivesse viajado
Para uma galáxia distante,
Para um mundo de instantes.
Viagem que transcende as dores,
Os horrores, as memórias de outrora.
Volto com outra energia
Com calma nos olhos
Vontade de desaprender
Coração aberto para receber (Seu amor)
Cabeça aberta para dialogar com clareza,
Desaprendo conceitos
E aprendo a receber sua energia
Que cura cada pedacinho antes em dor,
Que me diz que a vida precisa de calor,
Que aponta o meu lado criativo
E meus ovários fazem festa
Me encontro no encanto,
Na beleza de uma mandala
Na poesia dos meus contos
Na beleza dos meus gestos
Onde me (re) descubro mulher
Feminina
Leão sendo domado pela mulher e pela menina.
Corrente eletrizante me corta a espinha
Despertando meu corpo inteiro em volúpia
Espinha se contorcendo na cama,
Como cobra procurando abrigo no vão das rochas.
Você me endeusa e reconhece minhas fraquezas,
Me concede humanidade no corpo que vc diz deusa.
Sobre os meus pés você bate cabeça,
Respeita meu corpo como um templo,
E meus sentimentos como um mantra sagrado
No meio disso tudo eu relaxo
E me calo.
Desperto.
Me abro.
Desabrocho em flor.
Me espalho em rosas.
Enfeito o mundo.
Abraço o todo.
Respiro fundo.
Recebo.
Agradeço.
E transmuto toda memória
Em puro amor.
Aline Rafaela Lelis
18 de outubro de 2018
Embora muito próxima, ela sempre me pareceu indecifrável. Do tipo de pessoa que não se pode esperar muito. Ela me entristece nas pequenas coisas. Na ausência da escuta e na frieza dos gestos. Abraçá-la é semelhante a tocar um estranho. Diferentemente do abraço que cura, seus braços não são envolventes e não dizem nada além de boa educação. Essa falta de calor, essa contenção dos sentidos por si só magoa. Uma bobagem... Porque abraços aconchegantes é comum entre mim e outras pessoas. Mas penso que o afeto entre irmãs deveria ser condição mínima para cristalizar os laços.
Aline Rafaela
Encontrar dentro de si mesma o acalanto que precisas. Encontrar - se dentro de si. Cessar o pranto e acreditar. No espaço escuro, vazio e agonizante, a FÉ a redirecionar seus pensamentos. Não te percas, o inferno tem muitas portas e nenhuma delas te leva à redenção. Confia em ti, encontra-te primeiro. Ouça o que diz a voz que vem do coração. Se for ele, tu saberás. Se não for ele, tu também saberás! Cura-te primeiro e você verá florir o que antes era medo e solidão.
Aline Rafaela Lelis
Manoel de Barros
“(...) O que somos hoje também é muito do que nos permitimos esquecer (...) Há coisas que já não nos servem mais, e nada me tira da cabeça que deixar as coisas, simplesmente, tem sua beleza. Seu tom de vitória. E o mais importante: seu tom de verdade com um tipo de eu que é sincero a si mesmo. (...) Há coisas que, por mais bonitas que sejam, devem ter um fim. E isso é ótimo. Como encontraríamos espaço para experiências novas, se não deixássemos as antigas no passado já vivido? Nostalgia é bom, uma vez por ano. De resto, vamos viver o que nos é dado hoje. Ser assim, pra mim já basta.”
Texto escrito por Keroll há 2 anos.
Ir de encontro a si mesma é transcender-se.
Eu transcendo e me transformo.
Tomo para mim as formas mais bonitas e sinceras.
Hoje amanheço flor.
Amanhã anoiteço amor.
Quero florir a cada suspiro calmo entre um abraço e outro.
Quero ver as coisas retomarem sua ordem sem pressa.
Cada coisa no seu lugar como tem que ser.
E minha vida vai florindo a cada passo que dou em direção a mim mesma.
Aline Rafaela
(Escrito em 2014)
Já se pode ver ao longe Ana chegando sorridente Em qualquer lugar do mundo Por onde ela for Algo vai mudar. Ana é muda, muda de tomate: alimento Ana é muda, muda de rosa (vermelha): encanto Ana é mundana: pós-moderna O mundo de Ana é segredo e liberdade Ana é pra ser vista, ser lida. (Ela já é colorida) Seus adornos e seu teto são de crochê, azul-amarelo-rosa-bebê Ana sabe ver o mundo do ângulo mais bonito É infinita de amor Sensível de alma Linda por natureza Ana é dente, cabelos, sorrisos Seus olhos curiosos não tem nada de inocente, Embora carregue consigo algo que indica pureza Enfim, Ana é Ana De trás pra frente, de frente pra trás E até do Avesso. Sua sensibilidade não chega a ser analfabeta. Pelo contrário, Ana sabe o que diz. E diz o que sente.
Dedicado à minha amiga Ana Paula Comissário.
Escrito em novembro de 2010.