Eu guardo segredos de amora e pitanga no tempo e tenho desejos de quintais cheios de fruta, anjos e melodia.
Aline Rafaela
Na primeira doação perdi o chão. Na segunda o coração. Na terceira perdi a cabeça. E depois de perder tudo, aprendi que era preciso eu fazer mais por mim, muito mais... Então mudei o padrão. A minha atenção é para mim, o meu amor sou eu e o meu amigo é Deus. Com essa atitude, voltei a ter chão para pisar, recuperei o coração e a cabeça estraçalhados. Hoje, só tenho uma certeza: morro de amores por mim. Amo-me incondicionalmente. Aceito-me, incentivo-me. Cuido do meu corpo e do meu espírito. Aprendi a integridade, o amor de verdade e o valor de dedicar-me a mim mesma. Com isso, um novo horizonte se abriu à minha frente. Hoje não espero nada de ninguém. Amor é para quem tem. Curto estar sozinha, na minha companhia. Respiro fundo e em paz na minha presença. Nunca mais serei ausente de mim, não importa às circunstâncias. Fidelidade à alma é o segredo.
Aline Rafaela
Você diz que seu amor é genuíno
Quando na verdade não passa de um menino
Apaixonado,
(re) vivendo memórias juvenis.
Você diz que seu amor é genuíno
Mas o idealizou e construiu seus castelos de areia
E quando seu castelo se desfez,
Você fragilizado, assustado
Louco e sem lucidez,
Maltratou sua amada com tamanha estupidez.
Você diz que seu amor é genuíno.
Talvez não passa de aspiração,
Amores genuínos amam pelo sim e pelo não.
Você chama de genuíno o que não passa de apego.
Apego aos momentos que você congelou no tempo.
Se agarrar ao momento passado
É dar razão ao ego em cumprir o desejo.
Os amores genuínos não forçam a continuidade de um sentimento
Eles simplesmente se deixam fluir com o momento
Em sua fluidez, os amores genuínos
Liberam as sementes que só fazem crescer a liberdade
De permitir que tudo aconteça com sinceridade.
Na plenitude da vida
A consciência que tudo finda
Por isso é preciso soltar
Tudo que não está em nossas mãos.
E deixar que a própria vida
Faça o trabalho de reconstrução.
Aline Rafaela Lelis
(Escrito em Fev/2019)
Buscando forças das entranhas
Sigo dando o melhor de mim
Tem dias que sou aconchego
Calmaria
Chá de alecrim
Noutros dias
Bate tristeza
Sufoca as dúvidas
Tenho pena de mim
Porém não esqueço
Das palavras de um
Sábio aprendiz
Dizendo-me com seus olhos verdes
Arregalados
Para eu não desistir
A estrada é estreita
O caminhar é árduo
Mas lembra-te menina
Que você é trampolim
Pense nas meninas
E nos meninos
Que virão depois de ti
Eles saberão
A partir do seu legado
De tudo que é possível
Construir
Aline Rafaela Lelis
Se só a morte em si
Me fizer lembrar da vida
Que triste fim seria
Esta minha jornada.
Como trazer a vida
Para dentro de um coração
Que não crê em mais nada?
Não sinto pulsar
Uma gota de esperança
Em minhas veias.
Meus olhos pedem socorro
Meu sono é um aviso
De que estou cansada demais
Para lutar sozinha
Queria que viesse até mim
E me dissesse:
"tudo vai ficar bem
Você não está sozinha
Vamos até a cozinha
Vou te fazer um jantar,
Não se preocupe minha querida!
Que eu não solto da tua mão
até você voltar a caminhar"
Se só a morte em si
Me fizer lembrar da vida
A morte simbólica
O que significa?
Que devo reagir antes da morte em si chegar?
Que devo viver e sentir vida pulsar?
O que eu mais quero é acordar
Acordar da letargia, eu juro!
Só não sei por onde começar,
E também estou sem forças!
Aline Rafaela Lelis
Com o tempo ele se tornou tão desprezível. E o mais engraçado é que um dia ele foi como que da família. Ou melhor, eu acreditei estar realmente no caminho para construir a minha família. Mas voltando ao fato dele ter se tornado desprezível, a única coisa que podia pensar era, “mas como?”.
E sem ansiar por uma resposta, fitei o céu por alguns instantes e avistei a lua, que estava clara e imensa. Então meus pensamentos ganharam outros rumos, e na contemplação já não havia mais perguntas. Apenas um suspiro aliviado de gratidão. Que bom que tudo finda. O fim é renovação, para cada morte um nascimento, e esse movimento, apesar de dolorido (às vezes) é que faz com que cresçamos.
Aline Rafaela Lelis
Não sou menina de ninguém, sou mulher do meu umbigo. Mulher que dança sobre suas próprias cinzas, invocando o poder da criação para reinvenção de si. Transformo a mim e tudo transmuta comigo. Você pode me ver em cacos, às vezes frágil demais, indefesa, temerosa. Mas dentro de mim, minha raiz profunda com a mãe natureza está se expandindo, e renovarei a minha própria face. Porque em mim surge vida de mês em mês e o Criador se manifesta constantemente em sua criação. Você pode até tentar me destruir. O mundo pode até me atingir. Porém minha alma e meu espírito continuarão intactos. Porque EU SOU. Recolho os pedaços de mim e me alimento da minha raiz Mãe. Renasço de cada destruição mais forte, mais sábia, mais bela e intensamente mais feliz.
Fragmentos em papel toalha, escrito no final de 2016.
Aline Rafaela
A busca pela felicidade eterna. É completamente irracional esperar ser feliz o tempo todo. Francamente, não é possível nem real. Não conhecerá a alegria se não souber o que é a tristeza. Os que conseguem as maiores alturas são também os que mergulham nas profundezas.
Srta. Stacy. Anne with an “e”. 3ª temporada. Episódio 10. 25′44′’.
Moço, se soubesse que por detrás do seu sorriso encontraria ilusão. Já evitava de antemão esse contragosto. Te pouparia da minha fúria de mulher machucada! Que depois de cada sexo se sente usada, e não sabe aproveitar o momento sem criar grandes expectativas. Afinal, meu desejo de ser amada, não é fruto dessa madrugada. Trago as entranhas machucadas. São gerações de mulheres mal amadas. Faz parte da minha linhagem essa ânsia de amor de verdade. Amor que na realidade não é nada demais. É cuidado! Atenção de quem tem interesse de alma, de quem sonha e compartilha sonhos, de quem enxerga nos olhos da amada um horizonte de felicidade. Minha bagagem é pesada, eu sei. Mas "não vou posar de ser perfeita pra você"! Eu já tenho para mim, que eu mereço um amor real e que se importa. Uma hora esse amor bate à minha porta. E o êxtase será tão grande, que as entranhas feridas serão curadas. Da minha linhagem toda a dor será extirpada. Então, no lugar de feridas, lindas cicatrizes, de quem acreditou ser merecedora de todo amor do mundo.
Aline Rafaela
Ei, venha me contar qual “A novidade” você esconde por detrás dos seus olhos, dos pensamentos que por pouco não escaparam à sua boca. O que havia eles para dizer? Entre nós não há entendimento, não me sinto envolvida por mais nada em você, a não ser pelo apego ao passado.
Não faz muito tempo, pensava que não poderia viver sem o seu amor, chorava desesperada no seu colo dizendo “Tenho sede”. E, minha sede era de amor. Não sei o que pode ter me ocorrido, mas minha sede neste momento é de mar. Tenho sede de navegar. Por isso é que estou refazendo tudo, “Refazenda” toda minha vida, realçando os detalhes antes omissos. Não sou mulher de se apegar fácil e morrer de amor. Quando a vida fere, nenhum mágico interferirá. Eu feri e fui ferida, mas com o tempo a gente volta a brilhar, questão de dá um “Realce” nas prioridades de nossas vidas. Posso até não ser compreendida, mas se eu sou algo incompreensível, meu Deus é mais.
O momento é de separação, mas vida é mesmo assim. Houve um tempo que acreditei por nós dois, no nosso amor. Agora é sua vez. Dizem que o verdadeiro amor é vão. Se você conseguir entender que a minha busca sempre será pela paz. E “A paz” está dentro de mim, preciso juntar meus pedaços para voltar a acreditar em mim, em ti e em nós. Só assim poderei te olhar novamente com a mesma ternura, com verdade nos olhos e amor no coração. Por isso vou descobrir onde habita meu coração e acredito que pode ser na beira-mar. Quero fitar o infinito azul do mar e me encontrar a cada onda que chega mansa até a praia para molhar meus pés descalços.
E dessa viagem, levarei apenas uma certeza, de que o tempo transforma tudo, as velhas formas de viver e amar. Por isso, não me iludo, tudo permanecerá transcorrendo, em todos os sentidos.
Aline Rafaela
(Escrito em 2014 - alusão a Gilberto Gil - Unplugged)