o maior problema que possuem ali é que hunter não é apenas um otário, como também é impulsivo e inconsistente. ele não mede forças para conseguir o que quer, principalmente se estão o contrariando. cassandra não é o tipo de pessoa que lhe põe medo, muito menos que lhe passa alguma autoridade. e por isso se garante que não é o tipo de mulher que faria com que o homem fizesse algo ali. ❛ eu sirvo para muitas coisas, cassandra. posso até te mostrar se pedir direito. ❜ a principio deseja provocar e irritar. sente falta das brigas, intrigas e desavenças que possuía na faculdade simplesmente por existir. ❛ se não sirvo para nada, porque está aqui implorando meu auxilio? ❜ nunca havia sido alguém de boa índole, todos sabiam que era um desgraçado e mesmo assim seguiam seus desejos, não era sua culpa. ❛ já que não está aqui pra falar dessa merda de baile, ganhou um ponto no meu conceito. está de parabéns. ❜ até mesmo as palmas são batidas de uma forma atuada. sempre soube que era um ator nato, nascido para telas, não havia como se esconder. ❛ que tal ir encher a paciência de outro?! porra, cassandra. só tem eu nessa merda de floresta?! ❜ bagunça os cabelos, irritado. é óbvio que ele não colaborava por própria escolha. por que ela tinha que vir tirar sua paciência? ❛ bancar o enfermo. então deveria quebrar a porra da perna, não é? que aí você me daria um momento de paz. ❜
a carência de um juízo apurado fê-la perder o rumo . a cólera transparece , nítida e tangível , no cintilar das írises ante o dilatar perante a ousadia de lhe segurar . é de sua essência pacificar e acalentar — além de ser o tipo que separa , não quem provoca uma discórdia . embora não seja a opção mais adequada para intitular , afinal o filho da puta ali é hunter qualley . quem quer sobreviver às custas de terceiros e , pior ainda , esbanja daquela personalidade pútrida que lhe causa calafrios . reconhece uma criatura mentecapta quando está diante de uma ; o próprio reflexo daquilo que jaz em sua psiquê . o riso , destituído de rejúbilo , ressoa diante o puxar do punho de forma arredia . não quer chamar atenção para a cena estúpida — ninguém precisa de um viés de discórdia em meio a tanta perturbação . você só não quer admitir que não serve ' pra porra nenhuma . as palavras cáusticas sibilam em uma pronúncia pausada , quase impecável , não fosse o tremular do corpo que explode em adrenalina . quem falou sobre baile ? não espera que ele , um tremendo narcisista , fosse compreender a importância do acolhimento de terceiros . é ? ah , mas você adora ser um folgado . quer tudo de mão beijada . não o conhece além da insignificância de um nome ; este que lhe incita repugnância e certo asco palatável . e você não está numa porra de casa de repouso ' pra bancar o enfermo .
embora finja esconder bem, existe uma coisa que hunter tem igual ou até mais que os outros rondando pelo seu corpo. o medo. uma sensação forte e paralisante, o qual fazia ser um pouco mais otário que o normal. não queria parecer fraco ou indefeso. não queria deixar que achasse que cairia para qualquer merda. mesmo assim, a imagem de mila aparecia em sua mente a cada fechar das pálpebras. não conseguia esquecer, não conseguiria esquecer nunca. não importaria quantos anos passassem. sabe que soa suspeito quando admite, mesmo que em silêncio, seus próprios surtos. mas não há o que fazer além disso. ❛ só estou dizendo que não sou culpado de merda alguma. ❜ até mesmo a falta de ar faz parte do seu eu, repleto de pensamentos que consideravam: e se for o próximo. ❛ ela deve ter feito isso. não tinha uma visão tão boa. ❜ deixa no ar como se a conhecesse, mas no fim, nenhum deles enxergava bem nas noites escuras e com a mente chapada com chá. ❛ se você contar pra alguém disso eu acabo com você. ❜ não se trata de uma ameaça vazia, mas ao mesmo tempo é domado pelo medo de ser culpado. se o tratassem como tal, qual seria o próprio fim? ❛ não sou de contar meus segredos. ❜
⊱ é incapaz de mensurar uma realidade onde a morte não carregue um peso esmagador, ainda mais quando era tão… trágica e inesperada — claro que ali cada dia mais a certeza do resgate era engolida pela perspectiva de um desfecho sepulcral, mas ainda assim se tratava de um impacto significativo. se pega pensando se… poderia ser evitado, e então suas mãos tremem porque, se a resposta fosse positiva, ele havia deixado a chance de poupar uma vida em prol da luxúria, cara, relaxa. nem disse nada. talvez outra pessoa além deles havia murmurado — havia aprendido a sua lição sobre sussurros na semana anterior —, mas certamente não é de si que parte o julgamento. acho que ela tentou correr da porra do urso. o que em si só já é caricato ‘pra caralho — uma morte sangrenta que ninguém notou e um ataque de urso no curto espaço de tempo do amanhecer. ah, falou como um assassino, mas sorte que eu não sou juiz de nada. tenta resgatar estatísticas, relatos que já havia lido sobre assassinos voltando para cenas de crimes, mas sua mente está ocupada demais com a ideia insistente de que não precisava ter sido daquele jeito. quem? indaga em curiosidade genuína.
❛ já amanheceu no hanover psiquiatria clube? não havia percebido. ❜ o sarcasmo que carrega em suas palavras é equivalente a vontade de estar ali. ninguém havia escolhido cair de um avião, mas sem duvidas ele era o que menos desejava isso e se esconder havia se tornado parte do seu dia a dia, bem melhor do que lidar com pessoas querendo acabar com sua paz . ❛ não estou medo de ficar com raiva. só se estivermos falando das doenças que esses animais podem passar. quando voltarmos para casa teremos que tomar no mínimo 5 vacinas diferentes. só de pensar nisso já é um saco. ❜ hunter tomba o corpo sobre a grama, fechando os olhos e aproveitando do pequeno tempo onde o silêncio lhe entrega paz. tempo que acaba com a voz dela entrando pelos seus ouvidos. ❛ e não estou sendo idiota, dessa vez. só é mais um dia comum no hanover psiquiatria clube, como disse. ❜ não se achava o grande idiota naquele momento, mas continuava achando que algumas pessoas estavam aproveitando do momento para fazer um show maior e ninguém havia lhe provado o contrário sobre isso. ❛ olha, você descobriu meu segredo, tenho uma pedra no lugar do coração. mas o que me faz macho não é isso, é outra coisa. ❜ solta ao ar, deixando implícito no ar o que queria dizer mas não o completa. hunter não precisava dizer palavras completas quando meias já o serviam. ❛ obrigada, angelina, por não votar em me colocar na fogueira e servir de comida. é isso que preciso agradecer? ❜
O céu ainda estava acinzentado, a floresta exalava aquela umidade constante, e o clima parecia conspirar para deixar todos mais cansados, mais no limite. Não era novidade. O que foi novidade mesmo foi ouvir a voz de Hunter vindo logo atrás dela. Ela virou o rosto devagar, como quem hesita entre responder ou simplesmente fingir que não ouviu. — Bom dia pra você também, Hunter. — Murmurou, meio irônica, sem sequer olhar pra ele. Angelina encostou o queixo na mão fechada, os olhos semicerrados. — Você tem raiva de quem tá com medo ou tem medo de ficar com raiva? — perguntou de repente, num tom calmo, curioso até. — E óbvio que não acredito nisso. — Ela virou o rosto pra ele, o olhar sério. — Eu acho que tem gente surtando, sim. Tem gente no limite, mas não precisa ser um idiota sobre isso. — Angelina não sabia exatamente o que se passava dentro dele e talvez nem quisesse saber, mas reconhecia um pavio curto quando via um. O dele parecia estar em chamas desde que nasceu. — Ter um coração vez ou outra não vai te fazer menos macho, Hunter. E você deveria agradecer que sou uma das únicas te tolerando aqui porque estão querendo te matar lá dentro.
hunter tem uma capacidade gigante de despertar sensações ruins nas pessoas, fosse por sua personalidade ou pela capacidade de criar brigas facilmente. e isso não seria diferente com nicholas, que parecia ter aprendido a responder às pessoas um pouco melhor após longos anos. ❛ tenho cara de quem tem tempo para isso? ❜ não deixa que as provocações alheias ousem o tirar do sério. hunter teria mais o que se preocupar do que com isso. ❛ também vivi tudo aquilo, cada parte. mas não fico chorando por aí até hoje, já passei dessa época. ❜ hunter é tratado como uma figura de superação, não usa sua história na internet com fundos de músicas tristes, ameaçando contar terrores obscuros, isso é passado. hoje, ele se mostra como um sobrevivente. ele fez do limão, uma limonada. não é sua culpa se os outros não conseguiram fazer isso, se os pesadelos que possuíam a noite eram o bastante para os impedirem de seguir em frente. ❛ tão rápido? isso é fácil desde que você não seja um estranho grau 1, nicholas. ❜ poderia ter poupado a provocação, mas não consegue segurar. o olhar o observa de cima abaixo, como se pudesse ler por dentro de nicholas. ❛ não preciso esquecer para agir como uma pessoa normal. ❜ e não daria o gosto a ele de saber que hunter se lembra de tudo perfeitamente, cada uma das atrocidades feitas, tudo que fizeram para sobreviver. ainda sente o gosto do que fizeram em sua boca, como algo residual que nunca vai embora. ainda sonha com as imagens, ainda mais naquela cidade amaldiçoada. ❛ bom samaritano? você quer chamar dois mortos de outra coisa, nicholas? uau, quer que eu peça para o investigador vir aqui? sinto que você está pronto para confessar os seus pecados. ❜
Nicholas apertou os dedos em punhos ao lado do corpo. O som da risada de Hunter pairou no ar como uma nota dissonante, debochada e fora de lugar. Estavam no mesmo ambiente, mas pareciam de mundos completamente diferentes. — Vai me ensinar por acaso? — Nick estreitou o olhar quase em desafio. Um músculo pulsava em sua mandíbula. — Eu vivi aquela merda, Hunter. Não li num fórum esquisito da internet. — Seus olhos fixos, firmes. Observou Hunter com olhos pesados, como se procurasse algo sob a máscara bem polida. Talvez ainda houvesse um resquício de humanidade ali. Ou talvez não. Talvez Hunter fosse mesmo feito de papel dourado por fora e pedra por dentro. Nicholas não se via como ator, mas era bom em esconder. Sempre foi. Melhor do que gostaria de admitir. — Eu só acho engraçado como você se livrou dessa tão rápido. — Respondeu, a voz baixa, quase ácida. — Como se tivesse esquecido. — Por fora, estava firme. Por dentro, a velha náusea subia devagar, aquela sensação de que ninguém ali era inocente. Nem ele. Nicholas desviou o olhar, um sorrisinho cínico aparecendo. — Boas pessoas? Virou bom samaritano depois de todos esses anos?
deveria haver algum motivo para que, de tantos locais existentes no mundo, hunter houvesse decidido parar naquela casa no meio de um surto coletivo da cidade. poderia dizer que considerava o hotel inóspito em meio a uma queda de luz, mas só isso não justificaria. caberia então admitir que apenas queria a sensação de estar envolta de outros que compreendiam seus traumas. e ali haviam duas pessoas, o que numa contagem os deixava em três contra dezenas de pessoas loucas. as chances eram poucas mas eram boas. era o que achava antes da recepção calorosa de basil. ❛ isso é jeito de dar boas vindas a visitas? boa noite para você também, basil. ❜ a voz é a primeira a sair, olhando-o de cima para baixo, esperando que a noção retorne ao homem e perceba que não é uma ameaça. ❛ as vezes me dar um tiro é misericordioso de sua parte. melhor do que lidar com esse manicômio que chamam de cidade. ❜ o sarcasmo é uma lembrança da própria personalidade. adentra a casa howl-morgan com paciência, demonstrando um sorriso performático o bastante para basil e @morgcncassie, o qual reflete o próprio humor momentâneo. hunter ainda cumprimenta a mulher ao se aproximar, evitando segurar a própria língua ao recitar. ❛ seu marido está muito estressado, cassie. até parece que estamos sendo caçados ali fora. ❜ de volta a floresta, queria completar. mas se censura apenas para que possa se dirigir ao meio da sala dos companheiros de acidente. está preste a completar sua chegada com mais uma piada quando se vira para a porta a abrir.
não espera que a pessoa que veria fosse adalind, o que de fato parece fazer sentido diante a conjuntura atual da situação. os quatro novamente juntos? pelo menos as chances aumentaram para a batalha contra pessoas loucas. ❛ também é um prazer te ver novamente, querida. ❜ é dado um acenar a mulher, sentando-se ao sofá confortável que se encontrava naquela sala. os chamados amigos pelo menos haviam escolhido uma boa decoração. ❛ entre ser espetado e queimado, sinto que prefiro aquele tiro certeiro que conversamos antes, bash. ❜ é a primeira vez que realmente ri. não passam de um grupo traumatizado, desestruturado e completamente insanos. mas pelo menos, estavam juntos e isso ser o ápice do seu dia parecia um tipo de brincadeira do destino. ❛ vim fazer o mesmo que você, meu bem. atrapalhar a foda satânica de fim de mundo dos nossos casados favoritos. ❜ e é com o toque e ada em seu ombro, que observa a situação com que se encontram. eram incompatíveis quando olhados em um todo, mas permaneciam juntos e isso parecia a única coisa certa nos seus últimos dias de loucura. hunter realmente precisava voltar logo para casa. ❛ eu vou fazer as honras. não sei vocês, mas tudo que preciso agora é beber. ❜ é o primeiro a pegar a garrafa do centro, tomando-a para si. não se envergonha em procurar um abridor para ingerir o liquido translucido. a cada dia que passava, parecia que tudo se tornava ainda mais terrível a sua volta. ❛ agora, alguém sabe que tipo de merda está realmente acontecendo lá fora? ❜
residência dos howl-morgan. aproximadamente 23h30.
quando as luzes do hotel se apagaram de vez adalind estava finalizando a primeira garrafa de vinho, a impaciência a consumindo dia após dia e a bebida sendo uma das poucas coisas que a mantinha em um breve torpor. esperou a luz voltar — um minuto, cinco, dez, quinze . . . foi quando ouviu os funcionários do hotel falando sobre o blecaute e como poderia demorar para ser resolvido. rodeava o quarto entediada e ao mesmo tempo assustada. as coisas não estavam muito amigáveis para aqueles que passaram pelo o mesmo que ela e uma parte sua acreditava naquelas histórias que começavam a rondar pela cidade; maldição, destino, cobrança… o que fosse, era curioso pensar que apenas os sobreviventes basicamente estavam sofrendo. seu instinto de sobrevivência gritava para ela sair dali. e ela obedeceu. em poucos minutos conseguiu dirigir até a casa dos howl-morgan, batendo na porta e mal esperando ela ser totalmente aberta para entrar retirando o casaco. “ espero não estar interrompendo a foda de vocês, mas no momento descobri que posso ter medo de escuro. ” ironizou, virando-se para abraçar o casal individualmente e de maneira rápida. o gesto sendo reservado apenas para aqueles os quais se sentia mais próxima.
“ tá um breu lá fora, ninguém sabe o que aconteceu e meia cidade, sendo otimista, está querendo nos caçar com tochas e foices. nada mais justo que vocês me adotarem essa noite. e… ” ela tirou uma garrafa de vinho cheia de dentro da bolsa, sacudindo o recipiente. “ eu trouxe vinho como agradecimento. ” foi quando escutou a movimentação ao lado, virando-se para automaticamente revirar os olhos — mais pelo divertimento da costumeira briga que tinham há anos. “ nossa, mas vocês tão fazendo caridade agora?! ou é uma festa do pijama só para traumatizados? ” segurou a vontade de beber diretamente da garrafa, sabendo que o que já não seria simples poderia ser ainda mais complicado. planejava apenas sentar, beber e conversar até dormir no sofá se pudesse, mas vendo seu grupo ali… era como estar na floresta de novo. em parte era reconfortante, porque gostava da sensação de estar perto deles. se aproximou de hunter, apoiando a canhota em seu ombro num gesto solidário. “ brincadeira, mas e ai, está perdido, docinho? ”
@morgcncassie @bashfvll @qualleyh
hunter sabe que a escuridão que recai sobre a cidade é um lembrete de que as coisas ainda não estão seguras. mas também entende que é incapaz de se manter mais uma hora preso. havia nascido para ser uma ave livre, não enclausurado. a moto que conserta na beirada daquela rua demonstra uma ação que não é usual, mas não podia fazer nada se o caos anterior havia atingido seus bens materiais. apenas torcia para que ninguém o visse ali. um astro do cinema mexendo em uma moto no meio fio? poderia ser uma chacota. ❛ espero que você não esteja tirando uma foto disso, eliza. vou querer direitos de imagem. ❜ a voz estala, olhando para a mulher a poucos passos de distância. hunter a observa por cima, tentando entender o que uma pessoa em sã consciência fazia perto do anoitecer em uma cidade fadada a loucura. ❛ você sabe que estamos em meio a uma epidemia de loucura? se eu fosse você voltaria para casa, pode acabar como a próxima afetada. ❜ a língua coça em sua boca. hunter é incapaz de segurar as palavras que luta para dizer. ❛ se bem que não sei se isso seria contagioso para robôs. ❜
@ssquirrzl
hunter pouco acreditava naquela bobagem que havia acontecido noites passadas. espíritos eram coisas que adolescentes acreditavam, não adultos funcionais. ainda achava que aquele cara tinha fingido tudo por atenção. é o mínimo que parecia diante toda a situação. estavam presos a tempo o bastante para que alguns sentissem falta da mamãe e do papai e causassem todo aquele show para serem paparicados. idiotas dos completos. ❛ você não vai acreditar nessa palhaçada, não é? ❜ a cara é franzida ao que ouve tais falas, se ouvisse alguém mais dar razão aquela história preferia acabar na selva sozinho do que se manter naquela casa. ❛ estava na cara que era fingimento e não obra de espíritos vingativos. ❜ revira os olhos porque mais idiota que um baile, era acreditar que um espírito vivia no sótão só porque acharam um corpo lá. hunter não estava nem um pouco preparado para viver com pessoas tão inocentes assim. ❛ quando eu sair daqui eu vou contar a todos como algumas pessoas se fizeram de doidas só porque era conveniente. a gente só tá preso no caralho de uma floresta, não em um filme de terror. ❜
open starter, timeline passada.
Angelina saiu ainda era cedinho da cabana. O céu parecia um pouco menos fechado, o que, para Angelina, já era uma vitória. Sentou-se em uma pedra úmida próxima ao lago, onde a névoa ainda se agarrava às bordas da floresta. Olhou ao redor antes suspirar. — Tá... então agora fantasmas e espíritos brincalhões fazem parte do cronograma. — Murmurou para si, com um meio sorriso que era mais cansaço do que sarcasmo. — A gente tá há dias sem comer direito, dormindo mal no meio de uma cabana podre e a explicação mais lógica que as pessoas encontram é espírito brincalhão. — Ela sabia que todos estavam se agarrando ao que podiam: distrações, rituais, teorias malucas. O ar estava mais denso mesmo, ela não podia negar. Mas ainda assim, sua mente gritava por lógica. Aquilo era trauma, medo coletivo. Uma brincadeira mal colocada no meio do cansaço e da fome. Por isso nem percebeu quando MUSE se aproximou, a ouvindo falar sozinha enquanto tentava encontrar um pouco de razão naquela loucura. — Eu juro que vou escrever um artigo sobre histeria coletiva se a gente sair dessa, mas até lá vou anotar o cardápio. Entrada: berries da floresta. Prato principal: urso flambado ao desespero. E sobremesa: teorias conspiratórias. — Ela riu de leve, não zombando, mas tentando aliviar o peso. Sabia que zombar da dor dos outros não adiantava, mas às vezes o humor duvidoso era a única âncora possível e até então achava que estava sozinha.
Aparentemente a morte está de olho na presença de HUNTER QUALLEY. Quando o vôo 317 caiu, HUNTER tinha apenas 21 anos e a floresta reconhece como a RAPOSA. Atualmente ele está com 36 anos e é conhecido como ATOR E INFLUENCER DIGITAL, algo esperado considerando a reputação marcada por ser TRAIÇOEIRO, embora também seja ADAPTÁVEL. Ele decidiu SAIR de Hanover depois do resgate. A floresta lhe deseja boa sorte e tome cuidado com a morte, ou não!
sobre.
a história se inicia em um berço de ouro repleto de privilégios. filho de um politico renomado, hunter qualley sempre teve bom e do melhor, nunca precisando se preocupar com nada em sua vida além do que poderia pedir aos seus pais no dia seguinte. dono de uma atuação impecável, era graças a ela que conseguia manipular todos ao seu redor, nunca tendo uma resposta negativa para o seu lado.
desde pequeno, hunter tinha um talento nato para enganar quem se aproximasse. professores, colegas, até mesmo os próprios pais caiam sobre suas palavras bonitas e bem articuladas, mesmo quando estas eram envolvidas em mentiras sujas e jogos psicológicos. era carismático, inteligente, e — como ele próprio dizia — irresistível demais para se preocupar com moralidade.
tinha apenas 21 anos quando o acidente ocorreu. era apenas um estudante de relações internacionais quando foi dado como morto por parentes e amigos.
entretanto, quando todos foram encontrados, havia algo de diferente em hunter. seu olhar sombrio, misturava loucura, serenidade e algo mais que escondeu a sete chaves. e então, ele usou tudo ao seu favor. utilizava dos holofotes como sua casa: contava a história ao mundo de uma fome comovente, mas havia algo de estranho na forma como evitava certos detalhes. existia algo nas entrelinhas, no silêncio que surgia quando o nome de certos colegas desaparecidos era citado.
não demorou muito para que se tornasse uma figura pública. muito menos para que observassem o potencial que sempre existiu e, logo, hollywood o chamou.
hoje, hunter qualley é um ator em ascensão. bonito e articulado, com um olhar que sabe exatamente como transparecer suas emoções. sua história de superação vende não só ingressos, como produtos. mas ainda assim, pouco se fala com é difícil a convivência nos bastidores. hunter se esconde e as vezes é como se ele ainda estivesse na floresta, jogando o mesmo jogo de sobrevivência — só que agora, com figurinos caros e luzes artificiais.
❛ você está com uma cara péssima. ❜ há uma tênue que separa as provocações de uma singela preocupação. anos atrás, teria levado um soco na cara por um simples comentário como aquele e teria sido muito merecido. não sabe o que mudou, quando mudo e o porquê. mas havia acontecido e, agora, de alguma maneira, hunter havia iniciado a se preocupar verdadeiramente com cassandra, ao ponto de mandar mensagens de textos (o que era de uma forma óbvia, função da sua agente e não sua). ❛ vim te buscar para um passeio. ou sequestro, o que achar melhor. ❜ tem que segurar a própria língua para não fazer piadas sobre cadeia, mas busca ser forte naquele momento. não quer parecer um idiota completo, mesmo ela sabendo que ele já era um. ❛ só para constar, você não tem escolhas. então entra no carro. se eu tenho que ficar de cárcere nessa cidade, vai ter que me aturar. ❜
@morgcncassie
hunter pouco ligava para o que os outros faziam para sobreviver, desde que fizessem algo. era o tipo de pessoa que apenas desejava que tudo fosse resolvido e que, preferencialmente, não precisasse sujar suas mãos para isso. desde o acidente, pouco havia feito pelo grupo e carregava certo orgulho disso. era melhor do que gastar sua preciosa energia ou acabar ferindo seu caro corpo. ❛ mas parece decente. está de parabéns por isso, até que você conseguiu fazer algo útil. ❜ há acidez na fala que escapa pelos seus lábios e estala de uma forma ríspida. hunter mantém o sorriso ordinário em sua própria boca, sem temer a possibilidade de machucar ao próximo.
timeline passada
Muitos ficaram admirados quando Theresa se voluntariou para ajudar nas janelas, mas ela sabia algumas coisas que os outros não sabiam. Por ter ajudado imenso na catequese e feito peças de teatros para as crianças, ela sabia alguns segredos artisticos que poderiam ajudar mesmo com os poucos materiais disponiveis. Ela sabia que as janelas poderiam precisar de mais cobertura do que as tábuas, então criou um tipo de lama em que iria proteger e com cuidado, tapava os buracos que poderiam fazer entrar o frio "Infelizmente isto é temporário, vou ter que fazer isto novamente mais para a frente."
a lembrança do último encontro com cassie o causa arrepios. sabe que, ela não seria a primeira pessoa a acreditar em si e isso o desestabiliza um pouco mais do que deveria. ❛ você também não tem a cara mais sã dessa floresta, cassandra. ❜ as palavras surgem de uma maneira involuntária. pode sentir o ar faltando de seu corpo quase como se estivesse a beira de um ataque de pânico. ❛ jeito estranho de chegar perguntando as coisas. ❜ e embora pareça um ataque, hunter admite que é um reflexo do que passou. nunca havia visto nada como aquilo. em sua vida perfeita, morte era algo distante. os primeiros falecidos haviam sido as vitimas fatais do acidente. mas com mila era diferente, havia vida em seu corpo, falando com eles. e então houve a morte. ❛ você não acha muito suspeito esse acidente? a forma que ela estava naqueles galhos, cassandra? ❜ ousa expor o que não para de pensar, o que ocupa cada milimetro de sua mente de novo e de novo. ❛ é só um corpo, não há o que despedir. ❜ e embora exista pouco conhecimento sobre a pós morte, sabe que o que carregam é só uma casca sem vida. não existe mila mais. nada além disso. ❛ e não estou traumatizado. ❜ mais mentiras que, nem seu próprio eu acredita, mas que repetiria até que se passasse a serem verdades.
sim , você tem . parece em surto . a franqueza tem um quê de lisura ante a pronúncia de cassandra . não é por implicância que responde ; ora , não há porque discordar do que ele mesmo interpõe . não estou te acusando , só perguntei . como você está , embora tenha pleno juízo sobre o quão ambígua fora em seu questionamento . você não matou a mila , hunter . foi um acidente . é trágico , fodido e injusto . mas é o que é . carece de empatia para que medite sobre o quão frágil deve estar a psiquê de qualley . pressupõe o manifesto e visível por ser uma reação humana natural ; o trauma de tê-la encontrado . você não vai se despedir ? não é uma check-list póstuma , apenas questiona por não tê-lo visto quando a soterraram . aliás , não te ajuda em nada ficar falando sobre matar . proferiu em minúcia para alertá-lo sobre o óbvio , afinal ele não é uma criatura com estima por natureza . você ' tá traumatizado , qualley . todo mundo aqui está . só pega leve .
𝑤𝘩𝑦 𝑑𝑜 𝑤𝑒 𝐚𝐥𝐰𝐚𝐲𝐬 𝑔𝑜𝑡𝑡𝑎 𝑟𝑢𝑛 𝑎𝑤𝑎𝑦.ᐣ 𝐡𝐮𝐧𝐭𝐞𝐫 𝐪𝐮𝐚𝐥𝐥𝐞𝐲 , 𝑡𝘩𝑖𝑟𝑡𝑦-𝑠𝑖𝑥⠀,⠀ 𝐟𝐨𝐱⠀.
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