deveria haver algum motivo para que, de tantos locais existentes no mundo, hunter houvesse decidido parar naquela casa no meio de um surto coletivo da cidade. poderia dizer que considerava o hotel inóspito em meio a uma queda de luz, mas só isso não justificaria. caberia então admitir que apenas queria a sensação de estar envolta de outros que compreendiam seus traumas. e ali haviam duas pessoas, o que numa contagem os deixava em três contra dezenas de pessoas loucas. as chances eram poucas mas eram boas. era o que achava antes da recepção calorosa de basil. ❛ isso é jeito de dar boas vindas a visitas? boa noite para você também, basil. ❜ a voz é a primeira a sair, olhando-o de cima para baixo, esperando que a noção retorne ao homem e perceba que não é uma ameaça. ❛ as vezes me dar um tiro é misericordioso de sua parte. melhor do que lidar com esse manicômio que chamam de cidade. ❜ o sarcasmo é uma lembrança da própria personalidade. adentra a casa howl-morgan com paciência, demonstrando um sorriso performático o bastante para basil e @morgcncassie, o qual reflete o próprio humor momentâneo. hunter ainda cumprimenta a mulher ao se aproximar, evitando segurar a própria língua ao recitar. ❛ seu marido está muito estressado, cassie. até parece que estamos sendo caçados ali fora. ❜ de volta a floresta, queria completar. mas se censura apenas para que possa se dirigir ao meio da sala dos companheiros de acidente. está preste a completar sua chegada com mais uma piada quando se vira para a porta a abrir.
não espera que a pessoa que veria fosse adalind, o que de fato parece fazer sentido diante a conjuntura atual da situação. os quatro novamente juntos? pelo menos as chances aumentaram para a batalha contra pessoas loucas. ❛ também é um prazer te ver novamente, querida. ❜ é dado um acenar a mulher, sentando-se ao sofá confortável que se encontrava naquela sala. os chamados amigos pelo menos haviam escolhido uma boa decoração. ❛ entre ser espetado e queimado, sinto que prefiro aquele tiro certeiro que conversamos antes, bash. ❜ é a primeira vez que realmente ri. não passam de um grupo traumatizado, desestruturado e completamente insanos. mas pelo menos, estavam juntos e isso ser o ápice do seu dia parecia um tipo de brincadeira do destino. ❛ vim fazer o mesmo que você, meu bem. atrapalhar a foda satânica de fim de mundo dos nossos casados favoritos. ❜ e é com o toque e ada em seu ombro, que observa a situação com que se encontram. eram incompatíveis quando olhados em um todo, mas permaneciam juntos e isso parecia a única coisa certa nos seus últimos dias de loucura. hunter realmente precisava voltar logo para casa. ❛ eu vou fazer as honras. não sei vocês, mas tudo que preciso agora é beber. ❜ é o primeiro a pegar a garrafa do centro, tomando-a para si. não se envergonha em procurar um abridor para ingerir o liquido translucido. a cada dia que passava, parecia que tudo se tornava ainda mais terrível a sua volta. ❛ agora, alguém sabe que tipo de merda está realmente acontecendo lá fora? ❜
residência dos howl-morgan. aproximadamente 23h30.
quando as luzes do hotel se apagaram de vez adalind estava finalizando a primeira garrafa de vinho, a impaciência a consumindo dia após dia e a bebida sendo uma das poucas coisas que a mantinha em um breve torpor. esperou a luz voltar — um minuto, cinco, dez, quinze . . . foi quando ouviu os funcionários do hotel falando sobre o blecaute e como poderia demorar para ser resolvido. rodeava o quarto entediada e ao mesmo tempo assustada. as coisas não estavam muito amigáveis para aqueles que passaram pelo o mesmo que ela e uma parte sua acreditava naquelas histórias que começavam a rondar pela cidade; maldição, destino, cobrança… o que fosse, era curioso pensar que apenas os sobreviventes basicamente estavam sofrendo. seu instinto de sobrevivência gritava para ela sair dali. e ela obedeceu. em poucos minutos conseguiu dirigir até a casa dos howl-morgan, batendo na porta e mal esperando ela ser totalmente aberta para entrar retirando o casaco. “ espero não estar interrompendo a foda de vocês, mas no momento descobri que posso ter medo de escuro. ” ironizou, virando-se para abraçar o casal individualmente e de maneira rápida. o gesto sendo reservado apenas para aqueles os quais se sentia mais próxima.
“ tá um breu lá fora, ninguém sabe o que aconteceu e meia cidade, sendo otimista, está querendo nos caçar com tochas e foices. nada mais justo que vocês me adotarem essa noite. e… ” ela tirou uma garrafa de vinho cheia de dentro da bolsa, sacudindo o recipiente. “ eu trouxe vinho como agradecimento. ” foi quando escutou a movimentação ao lado, virando-se para automaticamente revirar os olhos — mais pelo divertimento da costumeira briga que tinham há anos. “ nossa, mas vocês tão fazendo caridade agora?! ou é uma festa do pijama só para traumatizados? ” segurou a vontade de beber diretamente da garrafa, sabendo que o que já não seria simples poderia ser ainda mais complicado. planejava apenas sentar, beber e conversar até dormir no sofá se pudesse, mas vendo seu grupo ali… era como estar na floresta de novo. em parte era reconfortante, porque gostava da sensação de estar perto deles. se aproximou de hunter, apoiando a canhota em seu ombro num gesto solidário. “ brincadeira, mas e ai, está perdido, docinho? ”
@morgcncassie @bashfvll @qualleyh
hunter tem uma capacidade gigante de despertar sensações ruins nas pessoas, fosse por sua personalidade ou pela capacidade de criar brigas facilmente. e isso não seria diferente com nicholas, que parecia ter aprendido a responder às pessoas um pouco melhor após longos anos. ❛ tenho cara de quem tem tempo para isso? ❜ não deixa que as provocações alheias ousem o tirar do sério. hunter teria mais o que se preocupar do que com isso. ❛ também vivi tudo aquilo, cada parte. mas não fico chorando por aí até hoje, já passei dessa época. ❜ hunter é tratado como uma figura de superação, não usa sua história na internet com fundos de músicas tristes, ameaçando contar terrores obscuros, isso é passado. hoje, ele se mostra como um sobrevivente. ele fez do limão, uma limonada. não é sua culpa se os outros não conseguiram fazer isso, se os pesadelos que possuíam a noite eram o bastante para os impedirem de seguir em frente. ❛ tão rápido? isso é fácil desde que você não seja um estranho grau 1, nicholas. ❜ poderia ter poupado a provocação, mas não consegue segurar. o olhar o observa de cima abaixo, como se pudesse ler por dentro de nicholas. ❛ não preciso esquecer para agir como uma pessoa normal. ❜ e não daria o gosto a ele de saber que hunter se lembra de tudo perfeitamente, cada uma das atrocidades feitas, tudo que fizeram para sobreviver. ainda sente o gosto do que fizeram em sua boca, como algo residual que nunca vai embora. ainda sonha com as imagens, ainda mais naquela cidade amaldiçoada. ❛ bom samaritano? você quer chamar dois mortos de outra coisa, nicholas? uau, quer que eu peça para o investigador vir aqui? sinto que você está pronto para confessar os seus pecados. ❜
Nicholas apertou os dedos em punhos ao lado do corpo. O som da risada de Hunter pairou no ar como uma nota dissonante, debochada e fora de lugar. Estavam no mesmo ambiente, mas pareciam de mundos completamente diferentes. — Vai me ensinar por acaso? — Nick estreitou o olhar quase em desafio. Um músculo pulsava em sua mandíbula. — Eu vivi aquela merda, Hunter. Não li num fórum esquisito da internet. — Seus olhos fixos, firmes. Observou Hunter com olhos pesados, como se procurasse algo sob a máscara bem polida. Talvez ainda houvesse um resquício de humanidade ali. Ou talvez não. Talvez Hunter fosse mesmo feito de papel dourado por fora e pedra por dentro. Nicholas não se via como ator, mas era bom em esconder. Sempre foi. Melhor do que gostaria de admitir. — Eu só acho engraçado como você se livrou dessa tão rápido. — Respondeu, a voz baixa, quase ácida. — Como se tivesse esquecido. — Por fora, estava firme. Por dentro, a velha náusea subia devagar, aquela sensação de que ninguém ali era inocente. Nem ele. Nicholas desviou o olhar, um sorrisinho cínico aparecendo. — Boas pessoas? Virou bom samaritano depois de todos esses anos?
❛ eu estou na mesma tabela que você. ❜ não tenta poupar falas enquanto olha para os lados, como se procurasse algo fora do conforme por aí. ❛ não estou te vendo ajudando. pelo contrário, só estou vendo você vir falar comigo. esse trabalho parece muito fácil. ❜ sem se importar com o espaço pessoal, hunter aproxima o bastante para tirar a tabela da mão dela, lendo os tópicos ali escritos. caça, segurança, água. não se importava nada com a maioria daquelas tarefas. e por que deveria? tinham pessoas para isso. ❛ tive uma ótima ideia. ❜ o sorriso brinca em seus lábios no mesmo tempo que seu olhar se mantém estático sobre a garota. ❛ também não estou vendo seu nome aqui. ❜ novamente os olhos passam pela listagem, um por um para ter certeza que não perdia ninguém. eliza não estava ali. ❛ e se eu ficar com sua tarefa e você ir para caça ou qualquer outra coisa daqui? ❜
"Estranho." Eliza se aproximou e falou alto o suficiente para que @qualleyh não tivesse a menor chance de fingir que não a escutou. "Estou conferindo as minhas tabelas e, curiosamente, não estou vendo seu nome em nenhuma delas, Hunter. Talvez você tenha se esquecido de dizer no que vai ajudar." Eliza sabia muito bem que ele não havia esquecido de nada. O conhecia o suficiente para imaginar que Qualley simplesmente não tinha se voluntariado, porque não tinha intenção de se envolver em qualquer tarefa que exigisse esforço. Mas se ele estava pensando que Liz o deixaria de folga como se estivessem de férias na floresta e não tentando sobreviver a cada dia, ele estava muito enganado. Ela não tinha fama de neurótica e controladora sem motivos. "Mas não tem problema. Podemos resolver isso agora mesmo." Colocou-se em frente a ele e esticou um sorriso forçado e irônico para ele. Por dentro, estava se forçando a não perder completamente sua paciência com o rapaz. "Em qual grupo você pretende ficar? Estamos precisando de pessoas na caça, vigília e no reabastecimento de água."
se hunter era irritante por natureza, com adalind ele o fazia por prazer. nada mais divertido do que a ver com aquele rosto todo sério para si, pronta para xinga-lo a qualquer momento daquela conversa. ❛ se cuidar de mim, você pode até me acertar. quem sabe eu não ligue. ❜ acaba deixando a provocação no ar, enquanto se esticava para caminhar até ela. se podia entender de uma coisa, era como deixa-la brava pelo simples. se tratando de ada, as coisas eram ainda mais fáceis. quem sabe, a história pregressa entre os dois ajudasse, ou talvez, só poderia ser a pessoa mais difícil de lidar dali. votava nos dois. mas em principal votava em que talvez, não fosse uma pessoa tão ruim assim, afinal ela ainda estava do seu lado. ❛ eu sei reconhecer meus defeitos. isso me faz uma pessoa muito boa. ❜ ou um idiota consciente. quem saberia?
o corpo permanece perto ao dela mesmo após jogar a água. sente o momento o qual adalind é atingida com a água e pode sorrir com divertimento. ❛ oito anos e meio, docinho . ❜ entretanto a maior diversão é ser atingido de volta. a pele desnuda do tórax arrepia e hunter volta a ataca-la com a água, em uma reação instantânea aquela brincadeira. aquele momento, não mantinha a casca azeda que sempre possuía, era só ele sendo quem pretendia ser em segredo e nada mais. ❛ só eu fiz isso? ❜ mas agora, quando adalind joga água contra si, ele se aproxima e a segura, deixando o braço alheio preso contra sua mão. o homem deixa uma carícia no local, certa pressão ao sentir a pele alheia. ❛ um salmão gigante... posso resolver depois. ❜ não, ele não podia. mas não se importava em mentir mais um pouco do usual. ali, pelo menos não fazia mal a ninguém. ❛ para o baile? ❜ o olhar curioso estampa seus olhos. ❛ essa é sua maneira de me convidar? ❜
a dualidade que hunter trazia para si a irritava profundamente — por um lado, sorria com as coisas idiotas que ele dizia e tentava protegê-lo assim como fazia com todos aqueles com quem se importava; por outro, adalind sentia que precisava de grande força para alinhar seus chakras e não querer acertar um soco em hunter. esses sentimentos pareciam ter aflorado desde que caíram na floresta. “ você tem muita sorte, isso sim. por eu não querer acertar seu pé com essa lança. sabe, sem querer, querendo. ” respondeu com o bom humor que puxou de seu interior. a careta para o apelido brega era de divertimento. bom saber que algumas pessoas não mudaram ou perderam seus costumes por estarem ali. de certa forma, ficava grata por tê-lo ali, pois era como ter um pedaço de casa, de sua vida normal naquele inferno. “ sabe, eu só não acho que você é um idiota completo porque você reconhece que é um chato. ” o balançar de ombros foi leve, um falso desdém que ela não tinha por ele. chega a olhá-lo após o leve baque, irritada por ter sua concentração interrompida.
“ cala a … ” parou ao sentir a água gelada em contato com seu corpo, dando um grito abafado de surpresa. “ você tem quantos anos? oito?! ” cravou a lança no chão ao seu lado, cruzando os braços com uma expressão de seriedade antes de erguer a perna direita num movimento rápido, jogando água nele. sorriu, quase travessa, e se virou de costas para ele, vendo que sua possível pesca havia fugido. “ que porra… ah, olha só o que você fez! ” virou-se novamente para ele, jogando mais água no rapaz, apesar de saber que tinha sua parcela de culpa naquelas águas agitadas. “ você me deve um salmão gigante, qualley! ” planejava levar aquilo para o baile, contribuir para não comerem apenas frutas e raízes. “ mas eu aceito uma companhia irritante para o baile como pedido de desculpas. ” sugeriu casual, apesar do nervosismo. era um baile no meio da floresta, com sobreviventes de um desastre como convidados, mas ainda assim era um baile e adalind não era lá muito habilidosa com eventos desse nível.
❛ você está com uma cara péssima. ❜ há uma tênue que separa as provocações de uma singela preocupação. anos atrás, teria levado um soco na cara por um simples comentário como aquele e teria sido muito merecido. não sabe o que mudou, quando mudo e o porquê. mas havia acontecido e, agora, de alguma maneira, hunter havia iniciado a se preocupar verdadeiramente com cassandra, ao ponto de mandar mensagens de textos (o que era de uma forma óbvia, função da sua agente e não sua). ❛ vim te buscar para um passeio. ou sequestro, o que achar melhor. ❜ tem que segurar a própria língua para não fazer piadas sobre cadeia, mas busca ser forte naquele momento. não quer parecer um idiota completo, mesmo ela sabendo que ele já era um. ❛ só para constar, você não tem escolhas. então entra no carro. se eu tenho que ficar de cárcere nessa cidade, vai ter que me aturar. ❜
@morgcncassie
mal entendia porque uma professora estava dando as coordenadas a eles. eram adultos o bastante para fazer o que bem quisessem com suas vidas, hunter não precisava de uma babá. um baile? que tipo de bobagem era aquela? quando ouve a ideia pela primeira vez, revira os olhos com vontade, agora não é diferente. ❛ sou do time organizacional. ❜ é a resposta que dá para evitar conflitos. prefere não explanar que sai para falsas caçadas, onde a única coisa que consegue buscar são amoras e um bom descanso. ❛ suco? deveríamos fazer um ponche alcoólico. aposto que mais de uma pessoa trouxe na mala. ❜ há certo sorriso sarcástico que passa por sua boca. ilusão seria achar que adultos desejariam suco ao invés de uma boa mistura com vodca. podia falar por si. ❛ ajudar na busca de... flores? uau. você sabe que essa parada de baile não vai rolar, não é? parece uma piada. ❜ não mede palavras para dizer o que passa por sua mente, por mais cruel que possa parecer ser.
open starter : timeline passada .
sente um arrepio passar por seu corpo . em sua mente , ainda se recorda dos dias passados , do terror no rosto de todos , no jovem basil em seus braços . a sua ideia posterior não foi só para auxiliar os mais jovens . não , o seu próprio eu precisava manter a cabeça longe de todo o resto , focar em algo que a salvaria — mesmo que por alguns dias apenas . ⸺ então , você é do time frutas ou do time caça ? pergunta , enquanto pensa em pegar algumas flores para deixar o ambiente mais harmônico . aquela casa abandonada era demais para si . ⸺ pensei em bater algumas frutinhas com a água , estou sentindo falta do sabor dos sucos . comenta , apenas para deixar o ambiente mais leve . é isso que ela tem tentado desde o começo : deixar a paz reinar . deveria ser tão difícil ? ⸺ ah , você me ajudaria na busca de flores ? acho que vai colaborar com nossa decoração .
após anos trabalhando com atuação, hunter possui um costume lidar com mentiras e histórias criadas e facilmente manipuladas. ele era bom até demais em explanar falsidades, algo que se tornou prática em seu dia a dia. na maior parte do tempo, era incompreensível a ele que outras pessoas fossem incapazes de manipular a verdade para seu próprio beneficio. pensar em como poderiam ser tão inúteis era algo que não saia de sua mente. ❛ vocês tem que aprender a responder o que eles querem de uma maneira bonita. ❜ mesmo depois de anos, nunca havia dito uma palavra errada. hunter era consistente em sua história e mesmo assim deixava repórteres com sorriso no rosto. ❛ não foi nada fácil na floresta, mas eu não sei de nada. não foi culpa minha o que aconteceu com ethan e nem o que aconteceu com o delegado. eles eram boas pessoas. os admirava. ❜ apresenta uma atuação porca e suja que com certeza não lhe daria um oscar, mas o tirou da prisão. a única coisa que ainda o incomodava é o cárcere privado naquela cidade. ❛ você realmente está acreditando em uma teoria da conspiração, nicholas? não esperava isso de você. ❜ tenta segurar a risada mas é incapaz. hunter se surpreende como todos tratam aquilo como se fossem parte de uma seita, quando o que aconteceu foi simples. fizeram o que fizeram para sobreviver, nada mais. ❛ pensei que teria aprendido depois de todos esses anos. ❜
open starter, timeline atual - pós acidente.
A cidade estava imóvel naquela hora do dia em que até os sons pareciam conter a respiração. Era madrugada e Nicholas estava observando o túmulo de Ethan. Não havia ninguém por perto ou pelo menos era o que ele pensava, até ouvir passos leves sobre a brita. Ele não se virou. Apenas acendeu o isqueiro e deixou a chama acender por nada, por hábito. Sentiu MUSE se aproximando ao lado dele e ele não falou por um tempo. — Parece que não vão parar de nos perguntar as mesmas coisas. — A voz disse, neutra, sem nome, sem peso. — Como se repetir a pergunta fizesse a resposta mudar. — Nicholas passou a mão no rosto. O cansaço começava a parecer parte de sua pele. — Eles querem uma história que caiba no que sabem do mundo e tenho a desconfiança de que logo estaremos como ele. — Apontou para a lápide do antigo colega agora morto. — O delegado não merecia aquilo. — Era mais uma constatação do que um julgamento. — Mas acho que isso é só o começo.
é claro que hunter poderia tentar ser menos insuportável, mas na maioria das vezes o que o falta é o querer. ser completamente irritante era uma das qualidades incomparáveis que ele tinha, provavelmente o motivo que havia conquistado adalind anteriormente. ❛ ser eu é tipo um charme. pensei que você ia concordar, docinho. ❜ usa um apelido brega com uma voz doce de propósito, provocando a garota enquanto a observa caçar. a ação faz até com que queira ajudar, mas o orgulho é maior, tal qual o medo de fracassar. se não fosse bom em algo simples, como lidaria com a vergonha? ❛ achei que você me beijava porque eu sou gostoso. você sabe que irritante sou um tempo todo. ❜ prefere levantar e entrar na água, observando os peixe enquanto tromba o ombro no dela, com cuidado para não machuca-la apesar de tudo. ❛ você fica uma graça tão concentrada. mas tenho certeza que os peixes daqui já desistiram de você. ❜ a voz é baixa como um sussurro, pegando abaixando-se para que pudesse a molhar com a água do riacho.
“ por cinco minutos! você poderia não ser você só por cinco minutos?! ” praticamente implorou em tom alto, a linguagem corporal dizendo o necessário — bateria nele e em quem mais inventasse de perturbá-la enquanto ela tentava acertar um peixe com a lança improvisada. seus pés congelavam por estar dentro da água gelada, mas adalind ainda estava ali de bom grado tentando pescar o suficiente para alimentar todos. os olhos se estreitaram na direção do rapaz, mas não pôde manter a pose por muito tempo, o rosto sério se desmanchando em uma risada frouxa. em parte por estar estressada e desacreditada que @qualleyh parecia estar ali apenas para tirar sua paz. “ meu deus você é inacreditável. mereço um prêmio por ter conseguido achar um momento em que você não estava sendo irritante pra te beijar. ” ela tentou se concentrar novamente, mas ainda tinha um ar de divertimento.
hunter pouco acreditava naquela bobagem que havia acontecido noites passadas. espíritos eram coisas que adolescentes acreditavam, não adultos funcionais. ainda achava que aquele cara tinha fingido tudo por atenção. é o mínimo que parecia diante toda a situação. estavam presos a tempo o bastante para que alguns sentissem falta da mamãe e do papai e causassem todo aquele show para serem paparicados. idiotas dos completos. ❛ você não vai acreditar nessa palhaçada, não é? ❜ a cara é franzida ao que ouve tais falas, se ouvisse alguém mais dar razão aquela história preferia acabar na selva sozinho do que se manter naquela casa. ❛ estava na cara que era fingimento e não obra de espíritos vingativos. ❜ revira os olhos porque mais idiota que um baile, era acreditar que um espírito vivia no sótão só porque acharam um corpo lá. hunter não estava nem um pouco preparado para viver com pessoas tão inocentes assim. ❛ quando eu sair daqui eu vou contar a todos como algumas pessoas se fizeram de doidas só porque era conveniente. a gente só tá preso no caralho de uma floresta, não em um filme de terror. ❜
open starter, timeline passada.
Angelina saiu ainda era cedinho da cabana. O céu parecia um pouco menos fechado, o que, para Angelina, já era uma vitória. Sentou-se em uma pedra úmida próxima ao lago, onde a névoa ainda se agarrava às bordas da floresta. Olhou ao redor antes suspirar. — Tá... então agora fantasmas e espíritos brincalhões fazem parte do cronograma. — Murmurou para si, com um meio sorriso que era mais cansaço do que sarcasmo. — A gente tá há dias sem comer direito, dormindo mal no meio de uma cabana podre e a explicação mais lógica que as pessoas encontram é espírito brincalhão. — Ela sabia que todos estavam se agarrando ao que podiam: distrações, rituais, teorias malucas. O ar estava mais denso mesmo, ela não podia negar. Mas ainda assim, sua mente gritava por lógica. Aquilo era trauma, medo coletivo. Uma brincadeira mal colocada no meio do cansaço e da fome. Por isso nem percebeu quando MUSE se aproximou, a ouvindo falar sozinha enquanto tentava encontrar um pouco de razão naquela loucura. — Eu juro que vou escrever um artigo sobre histeria coletiva se a gente sair dessa, mas até lá vou anotar o cardápio. Entrada: berries da floresta. Prato principal: urso flambado ao desespero. E sobremesa: teorias conspiratórias. — Ela riu de leve, não zombando, mas tentando aliviar o peso. Sabia que zombar da dor dos outros não adiantava, mas às vezes o humor duvidoso era a única âncora possível e até então achava que estava sozinha.
timeline passada.
existe um sentimento que percorre todo o corpo e o atormenta. hunter nunca sentiu medo antes, sempre teve conforto o bastante para não sofrer com isso. mas depois da forma que encontrou mila, algo mudou. ele não tinha o objetivo de procura-la, muito menos se importaria com a falta da presença da garota. o problema foi a forma em que tudo aconteceu. como mila havia chegou ali? quem, ou o que, tinha feito aquilo com ela? hunter não deixa transparecer, por fora continua o mesmo idiota de sempre, mas por dentro... ❛ é claro que eu não tive nada haver com a morte dela só porque a achei. lá tenho cara de assassino? ❜ hunter deixa com que um suspiro pesado escape, resultado de sua própria indignação. era um completo babaca, mas não um matador de aluguel. ❛ melhor não responder. eu não tive nada haver com isso. se fosse matar alguém, com certeza não seria ela. ❜
embora finja esconder bem, existe uma coisa que hunter tem igual ou até mais que os outros rondando pelo seu corpo. o medo. uma sensação forte e paralisante, o qual fazia ser um pouco mais otário que o normal. não queria parecer fraco ou indefeso. não queria deixar que achasse que cairia para qualquer merda. mesmo assim, a imagem de mila aparecia em sua mente a cada fechar das pálpebras. não conseguia esquecer, não conseguiria esquecer nunca. não importaria quantos anos passassem. sabe que soa suspeito quando admite, mesmo que em silêncio, seus próprios surtos. mas não há o que fazer além disso. ❛ só estou dizendo que não sou culpado de merda alguma. ❜ até mesmo a falta de ar faz parte do seu eu, repleto de pensamentos que consideravam: e se for o próximo. ❛ ela deve ter feito isso. não tinha uma visão tão boa. ❜ deixa no ar como se a conhecesse, mas no fim, nenhum deles enxergava bem nas noites escuras e com a mente chapada com chá. ❛ se você contar pra alguém disso eu acabo com você. ❜ não se trata de uma ameaça vazia, mas ao mesmo tempo é domado pelo medo de ser culpado. se o tratassem como tal, qual seria o próprio fim? ❛ não sou de contar meus segredos. ❜
⊱ é incapaz de mensurar uma realidade onde a morte não carregue um peso esmagador, ainda mais quando era tão… trágica e inesperada — claro que ali cada dia mais a certeza do resgate era engolida pela perspectiva de um desfecho sepulcral, mas ainda assim se tratava de um impacto significativo. se pega pensando se… poderia ser evitado, e então suas mãos tremem porque, se a resposta fosse positiva, ele havia deixado a chance de poupar uma vida em prol da luxúria, cara, relaxa. nem disse nada. talvez outra pessoa além deles havia murmurado — havia aprendido a sua lição sobre sussurros na semana anterior —, mas certamente não é de si que parte o julgamento. acho que ela tentou correr da porra do urso. o que em si só já é caricato ‘pra caralho — uma morte sangrenta que ninguém notou e um ataque de urso no curto espaço de tempo do amanhecer. ah, falou como um assassino, mas sorte que eu não sou juiz de nada. tenta resgatar estatísticas, relatos que já havia lido sobre assassinos voltando para cenas de crimes, mas sua mente está ocupada demais com a ideia insistente de que não precisava ter sido daquele jeito. quem? indaga em curiosidade genuína.
𝑤𝘩𝑦 𝑑𝑜 𝑤𝑒 𝐚𝐥𝐰𝐚𝐲𝐬 𝑔𝑜𝑡𝑡𝑎 𝑟𝑢𝑛 𝑎𝑤𝑎𝑦.ᐣ 𝐡𝐮𝐧𝐭𝐞𝐫 𝐪𝐮𝐚𝐥𝐥𝐞𝐲 , 𝑡𝘩𝑖𝑟𝑡𝑦-𝑠𝑖𝑥⠀,⠀ 𝐟𝐨𝐱⠀.
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