Em última Análise, A Conquista Suprema é Aprimorar Significantemente A única Posse Que De Fato Temos:

Em última análise, a conquista suprema é aprimorar significantemente a única posse que de fato temos: nossa consciência, nosso senso de identidade, nosso eu interior. Todo o resto por fim, foge de nós.

Bhaktivedana Swami Prabhupada, A. C. Em busca do verdadeiro Eu. São Paulo: Book Trust, 2016. p.07

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(...) "Não acho que Deus saiba quem nós somos. Acho que Ele gostaria de nós se nos conhecesse, mas não acho que Ele conheça a gente.

Mas Ele fez a gente, Dona. Não?

Fez. Mas fez o rabo do pavão também. Isso deve ter sido mais difícil.

Ah, mas, Dona, a gente canta e fala. Pavão não.

A gente precisa. Pavão não. O que mais a gente tem?

Ideias. Mãos para fazer as coisas.

Tudo muito bem. Mas essa é a coisa nossa. Não de Deus. Ele está fazendo alguma outra coisa no mundo. Nós não estamos na cabeça Dele.

O que Ele está fazendo então, se não está cuidando da gente?

Deus sabe.

E explodiram em risada, como meninas pequenas escondidas atrás do estábulo adorando o perigo dessa conversa". (...)

MORRISON, Toni. Compaixão. São Paulo: Companhia das Letras, 2009. pp. 77-78.

O amor que eu acreditei ser um atalho, era um desvio planejado, obra do acaso, escolha imatura de uma juventude que se diz adulta, mas que quer mesmo é viver fantasias alimentadas na adolescência, sem nenhuma clemência pela razão sufocada no peso da existência não explicada e desacreditada. Atalhos e desvios fazem parte de uma só jornada, e não importa a idade, sempre haverá sensações de busca, de perda, abandono, lugar errado e vivências pela metade. 

Aline Rafaela 

Mudei tanto nos últimos anos que certas atitudes e escolhas são estranhas a mim. Não me reconheço naquela menina que fui e ao mesmo tempo tenho consciência de que ela existiu. É tão bom amadurecer, como dizia Belchior: “tudo muda, e com toda razão”. E meu coração se enche de alegria quando olho para trás e vejo que de tempos em tempos precisamos sair do casulo para transformarmos em belas e coloridas borboletas. 

Aline Rafaela 

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Há muito tempo deixei de ser poesia. Fui virando prosa, desencadeando prosas e quando vi, não sabia mais traduzir as coisas simples. Viajei para uma bela ilha, onde toda tarde ia ver o por do sol na praia. Ouvia o chiar das ondas, sentia as ondas tocarem meus pés, avistava o fim da tarde lilás, ouvia as crianças brincarem e suas gargalhadas inocentes. Assistia aos surfistas e observava como cada pessoa contemplava o mar. Mas nada pude dizer a respeito. Aquele tempo que vivi naquela ilha, eu não estava em estado de poesia e todas as coisas bonitas que vi e vivi, não foram absorvidas por mim na simplicidade que acontecia, naquela época, meu estado anti-poesia não permitia. Mas o bom é que como eu vou contar hoje as histórias passadas do tempo da ilha é que importa, e meu estado hoje, graças à Deus me transporta a mesma ilha, porém com um olhar que é muito mais poesia e menos prosa.

Aline Rafaela

Outono

Abril abre o outono. Outono abre meu coração para o mundo. O mundo desabrocha profundo em cores amareladas, alaranjadas, texturas sutis. Caem as folhas primaveris, as árvores ficam nuas e despetalados os jardins. E eu nua de acúmulos, enfim posso fazer primavera em mim. 

Aline Rafaela Lelis

Ser fiel a si mesmo é o aprendizado mais difícil, no entanto o mais necessário. Quando somos fiéis a nós mesmos, quer dizer que estamos alimentando cada vez mais quem somos de verdade. Alimentamos no fundo nossa alma, cuidamos enfim, do coração. É essa a sabedoria que busco, e nessa caminhada perdi-me tantas vezes em desejos alheios, em vozes outras que não partiam de mim. Permiti ser sugada por uma espécie de caos. E hoje, retomando a ordem natural  de mim mesma, caminho devagar rumo ao meu centro, depositando no solo as sementes certas, para que com o tempo eu possa  colher serenidade, paz de espírito e muito amor. 

Aline Rafaela

Ouça o seu ser. Ele está lhe dando continuamente sugestões; é ainda uma vozinha serena. Não grita para você, isso é verdade. E se você estiver meio calado, começará a se sentir desse modo. Seja quem você é. Nunca tente ser outro, e você ficará maduro. Maturidade é aceitar a responsabilidade de ser você mesmo, a qualquer preço. Arriscar tudo para ser você mesmo - isso é o que é a maturidade. - Osho

às vezes, a gente fica sem palavras pro futuro - pra o que é desejo e o que é certeiro. tem pedra, tem profundidade, tem horizonte, tem vida. tem hora para maré baixa, tempo para maré alta. tem paisagem que parece miragem, tem retrato de dias bons para enfrentar os dias ruins. tem silêncios: por falta de opinião, de entendimento, por confusão ou simples sabedoria. a gente fica sem palavras e olha, admira, anseia eternidades, pede descanso e aprende a ter esperança. {} Karol Coelho

Desde criança a vida me ensinou a ser forte

Dez anos de idade e sem poder contar com a sorte

Senti a mão da mulher branca no meu peito

Ela dizia: “Quem você pensa que é negrinha?”

“Perdeu o respeito?”

 Num gesto brusco indicando: Pare!

A mulher continuou o dispare:

“Daí para frente você não vai mais”

“Só as crianças brancas podem entrar”

 Naquela ocasião, lembro-me bem

Era uma excursão escolar

O nome da mulher?

Cleuza Nogueira Araújo

A professora do gesto absurdo

 Minha mente de criança

Assimilou o gesto de Cleuza

Da pior forma possível

Entendi com aquele gesto

Qual o meu limite para a vida

Se for para ir mais um pouquinho

Entrada proibida

 Cresci atenta ao limite

Daqui eu não posso passar

As mãos de Cleusa no meu peito

Fez-me entender meu lugar

Aos 13 anos de idade fui trabalhar

Pai peão, mãe dona de casa

Oito filhos para cuidar

Pajear crianças brancas

Era o único jeito de a minha família eu ajudar

 Meus estudos, meus sonhos  

E aquele vestido azul com laço

Estavam do lado de lá da linha

Fora do meu alcance

Em outro espaço

Foi aos 10 anos de idade

Que aprendi com uma professora

Que minha vida seria sempre do lado de cá

Da fronteira

Levando porrada na trincheira

 Aos  15 anos me casei

Fui promovida de babá

A esposa e empregada doméstica

Sempre sabendo meu lugar

Por que aos 10 anos

Aprendi aonde posso ir

E onde posso entrar

 E eu entrei na vida do avesso,

Meu apelido é “Dadá”

A única coisa que me disseram

Quando vi ao mundo foi:

“A vida pra nossa gente é dura

Você vai ter que se virar”

Eu me virei do jeito que sabia

Doei a minha vida

A quem não podia

Sequer me enxergar

 Dadá vêm de da-da, doa-da

Investi a minha vida à doação

Doei meu sorriso

Doei meus sonhos

Doei meu tempo

E até meu leite

 Servi contente

Para manter os dentes

Àqueles de olhos quentes

De autoridade em chamas

Atentos aos meus passos:

“Dadá, não limpou os meus sapatos?”

“Hoje você não leva as sobras do jantar”

  A chama da vida

Que havia no meu peito,

Congelou aos dez anos de idade

Quando Cleusa colocou a mão

Naquele corpo pequenino,

E com um gesto simples e castrador

Ensinou-me meu lugar no mundo

 Entendi que nessa vida

Seria impossível realizar

Meus desejos mais simples

E profundos

 Hoje, aos 75

E uma vida inteira de doação

Ainda posso sentir aquela mão

Sobre o meu peito

A inocência de acreditar

Que aquela excursão seria

O dia mais perfeito

Ainda arde e queima

 Recordo-me de mamãe

Sempre muito caprichosa

Dizer orgulhosa:

“Lavei e quarei o seu uniforme,

Mais tarde vou lá na Fatinha

Vê se ela me empresta

Um pedaço de sabonete

Amanhã você vai cheirosa

Para escola, que é pra professora

Não botar defeito”

 Mamãe de quebra

Assou-me um bolo

Em uma lata de sardinha

Mal sabia ela

Que de nada ia adiantar

Sua filha alimentada e

Limpinha

Se aquele não era o meu lugar

 Na cadeira que descanso agora,

Balançando para frente e para trás

Te conto olhando nos olhos

Minha história tão mordaz

 Leva menina,

Leva essas histórias para o mundo

A voz que tu ouve no coração

É a voz de uma legião

De homens e mulheres humilhados

Esperando cura e alivio

Nas palavras de corte e veludo

De uma geração de iluminados

Conscientes do passado e do legado

Geração que entende a importância

De reverenciar seus antepassados

E garantir que nossa história seja contada

Que a justiça seja feita

Mesmo que simbólica

Mesmo que imperfeita

É assim que é a vida

É assim que é a história

Promessa de continuidade

Reverência à memória

Daqueles que sonharam

Suas vidas com mais dignidade

Aline Rafaela Lelis 

Escrito em 02 de maio de 2019


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Não que eu não quisesse tê-lo por perto.

Não era esta a questão.

A questão era eu.

Sempre transbordando, 

Sempre à flor da pele.

Sempre na contramão.

Não,  tê-lo por perto tornava tudo muito mais fácil.

Eu preferi colocar à prova minha sanidade,

E caminhar sozinha.

Aline Rafaela

(Escrito em 2014)

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