De todos os seres existentes (e os há aos milhões), o homem é apenas um. Dentre os milhões de homens que vivem na Terra, o povo civilizado que vive da agricultura é apenas uma pequena proporção. Menor ainda é a quantidade dos que, homens de escritório, ou de fortuna, viajam, de carruagem ou de barco. E, destes todos, um homem na carruagem nada mais é do que a ponta do fio de cabelo no flanco de um cavalo. Por que, então, toda esta agitação acerca de grandes homens e de grandes empregos? Por que todas as discussões dos eruditos? Por que todas as controvérsias dos políticos? Não há limites fixos, o tempo não permanece imóvel. Nada dura. Nada é final. Você não pode segurar o fim ou o princípio. O sábio vê o próximo e o distante como se fossem idênticos. Ele não despreza o pequeno, nem valoriza o grande. Onde todos os padrões se diferem, como poderá você comparar? Com um olhar ele se apodera do passado e do presente; sem tristeza pelo passado. Nem impaciência pelo presente. Tudo está em movimento, tem experiência da plenitude e do vazio. Não se rejubila no sucesso, nem lamenta o insucesso. O jogo nunca está terminado. O nascimento e a morte são iguais. Os termos nunca são finais.
Os Dilúvios de Outono, Chuang Tzu. MERTON, Thomas. A via de Chuang Tzu. Petrópolis: Editora Vozes, 2002. pp- 133-134)
Setembro
O tempo muda
muda a estação
A vida nos empurra para a transição
Da inércia do inverno
Para o calor do verão
Que nos coloca em movimento
E o verbo desabrocha
Ensina-nos a ser mais como rosas
Lançamos luz no passado frio
E escolhemos florir na coragem
Na passagem
De um tempo cinza para outro
Aceitamos o novo
Aprofundamos a visão
Mergulhamos no mar imenso
Da nossa própria solidão
E nos sentimos fortes inteiras,
À nossa maneira
Sorrimos à toa,
Debochamos do que passou
Nos reconhecemos transitórias
Nos descobrimos notórias
Em cada verso, cada pensamento, cada momento
Setembro tem disso
É ritualístico, tem cor amarela
Recebe a primavera
Faz florir onde antes não havia possibilidade
Setembro tem essa personalidade
Por trazer a primavera traz a esperança
Por ser esperança nos embala na dança
Nos prepara para o renascimento
Tempo de fins e recomeços
Novos começos de luz e amor
Onde fatalmente buscamos ser mais
Como flor.
Aline Rafaela Lelis
Se um dia eu precisar das redes sociais para existir,
Quer dizer que eu me perdi de mim.
Quer dizer que eu já não sei mais quem sou.
Quer dizer que estou em total desamor.
Dizem que quem não é visto, nunca é lembrado.
Deve ser por isso que existem os stories.
Eu valorizo quem se lembra só por lembrar,
De um abraço, de um sorriso, de um gesto ou um olhar.
Não, eu não preciso das redes sociais para existir,
Nem meus poemas.
Eles existem é dentro de mim.
Desde muito tempo é assim,
As palavras brotam do peito,
E quando vejo já está no papel
Ou em rascunho no celular.
É através das palavras que eu expresso
Todo amor e toda dor.
Para eu existir não preciso estar logado
Não preciso de mil curtidas.
Fazer existir dentro de si
Sem aprovação de terceiros
É um ato de coragem,
É atitude de quem jurou fidelidade a si mesmo.
Nós precisamos existir independente dos posts,
Dos perfis e dos seguidores.
A vida acontece é dentro de nós,
Estar presente no ciberespaço
Só é bom quando aprendemos a ser presentes dentro da gente.
Se um dia eu precisar das redes sociais para existir,
Devo acreditar que cheguei ao fim.
Aline Rafaela
“É preciso confiar em algo maior que nosso ego”.
Árvores troncudas
São como as mães
Que se autossustentam
Do solo sagrado
Da terra abundante
Da sabedoria da espera
Intuição de quem gera
A vida na terra
E espera paciente
O fruto crescer
E o amor geminar
Aline Rafaela Lelis
Todas as descobertas, todas essas pesquisas só contribuem para uma coisa: admitir que o homem não é nada, absolutamente nada, é que é preciso acabar com o narcisismo segundo o qual ele se imagina diferente dos outros animais.
Frantz Fanon.
Moço, você que tens a elegância de um deus negro e um olhar que só se revela no escuro, como bicho selvagem, penetra-me a alma sem medo do que vai encontrar. Há algum tempo eu andei fugindo, e minhas fugas me fizeram viajar longe, em pensamentos estranhos e irreconhecíveis. Moço, eu andei hipnotizada, com a cabeça zonza e pesada. Eu o via na escada todos os dias me olhando solitário, mas entre nós havia uma barreira invisível. Moço, você foi me ver, ainda fazia pouco que havia retornado ao meu mundo, e nos aproximamos receosos. Mas moço eu agora estou quase virando estrela e uma nova luz sobre mim irá pairar. Mas sabe-se lá o que o futuro nos reserva. Sabe-se lá o que nos espera.
Aline Rafaela
Lá onde o fim da tarde é lilás
Deixei meu coração descansando
Um dia volto para buscá-lo
Se ele já não tiver ido com o oceano.
Aline Rafaela
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