Árvores troncudas
São como as mães
Que se autossustentam
Do solo sagrado
Da terra abundante
Da sabedoria da espera
Intuição de quem gera
A vida na terra
E espera paciente
O fruto crescer
E o amor geminar
Aline Rafaela Lelis
Olhamos para o mundo uma vez, quando crianças. O resto é memória.
Louise Glück
Setembro
O tempo muda
muda a estação
A vida nos empurra para a transição
Da inércia do inverno
Para o calor do verão
Que nos coloca em movimento
E o verbo desabrocha
Ensina-nos a ser mais como rosas
Lançamos luz no passado frio
E escolhemos florir na coragem
Na passagem
De um tempo cinza para outro
Aceitamos o novo
Aprofundamos a visão
Mergulhamos no mar imenso
Da nossa própria solidão
E nos sentimos fortes inteiras,
À nossa maneira
Sorrimos à toa,
Debochamos do que passou
Nos reconhecemos transitórias
Nos descobrimos notórias
Em cada verso, cada pensamento, cada momento
Setembro tem disso
É ritualístico, tem cor amarela
Recebe a primavera
Faz florir onde antes não havia possibilidade
Setembro tem essa personalidade
Por trazer a primavera traz a esperança
Por ser esperança nos embala na dança
Nos prepara para o renascimento
Tempo de fins e recomeços
Novos começos de luz e amor
Onde fatalmente buscamos ser mais
Como flor.
Aline Rafaela Lelis
Suba o primeiro degrau com fé. Não é necessário que você veja toda a escada. Apenas dê o primeiro passo.
Martin Luther King
Solidão não se cura com companhia humana. Solidão se cura com contato com a realidade - entendendo que vocês não precisam das pessoas. Por fim vocês conseguem apreciar os outros porque não precisam deles.
MELLO, Anthony de. Redescobrindo a vida: desperte para a realidade. Petrópolis, RJ: Vozes, 2014. p. 116
“É preciso confiar em algo maior que nosso ego”.
Tanta meiguice, tanto amor... Ela veio e me mostrou que eu posso enxergar o mundo com os olhos da alma. Ela me mostrou quanto amor havia em mim. Em ações singelas, ela fez transbordar em mim sentimentos nobres. Eu aprendi a amá-la gratuitamente. Ela me fez sentir o amor em estado bruto. Através dela pude compreender o amor cristão. Ela me ensinou a ser melhor, e ainda ensina, quando na sua ausência, me lembro de ser grata ao Universo por tê-la tido na minha vida. Sei que nossos laços são eternos e que é preciso expandir esse amor para o Universo. Eu ainda continuo a aprender o amor na sua ausência.
Aline Rafaela
Notas de Celular (Outubro - 2017)
É preciso ter coragem para (re) começar. Dizem que quanto maior for a reviravolta, maior também será a mudança em nossa vida. Mas nos acostumamos facilmente com o mesmo, e tememos pavorosamente qualquer movimento em direção ao desconhecido, preferindo assim o sofrimento familiar. Todo (re) começo torna-se assim uma decisão. E como toda decisão é ação, o segredo é começar. Sempre!
Aline Rafaela
Ei, venha me contar qual “A novidade” você esconde por detrás dos seus olhos, dos pensamentos que por pouco não escaparam à sua boca. O que havia eles para dizer? Entre nós não há entendimento, não me sinto envolvida por mais nada em você, a não ser pelo apego ao passado.
Não faz muito tempo, pensava que não poderia viver sem o seu amor, chorava desesperada no seu colo dizendo “Tenho sede”. E, minha sede era de amor. Não sei o que pode ter me ocorrido, mas minha sede neste momento é de mar. Tenho sede de navegar. Por isso é que estou refazendo tudo, “Refazenda” toda minha vida, realçando os detalhes antes omissos. Não sou mulher de se apegar fácil e morrer de amor. Quando a vida fere, nenhum mágico interferirá. Eu feri e fui ferida, mas com o tempo a gente volta a brilhar, questão de dá um “Realce” nas prioridades de nossas vidas. Posso até não ser compreendida, mas se eu sou algo incompreensível, meu Deus é mais.
O momento é de separação, mas vida é mesmo assim. Houve um tempo que acreditei por nós dois, no nosso amor. Agora é sua vez. Dizem que o verdadeiro amor é vão. Se você conseguir entender que a minha busca sempre será pela paz. E “A paz” está dentro de mim, preciso juntar meus pedaços para voltar a acreditar em mim, em ti e em nós. Só assim poderei te olhar novamente com a mesma ternura, com verdade nos olhos e amor no coração. Por isso vou descobrir onde habita meu coração e acredito que pode ser na beira-mar. Quero fitar o infinito azul do mar e me encontrar a cada onda que chega mansa até a praia para molhar meus pés descalços.
E dessa viagem, levarei apenas uma certeza, de que o tempo transforma tudo, as velhas formas de viver e amar. Por isso, não me iludo, tudo permanecerá transcorrendo, em todos os sentidos.
Aline Rafaela
(Escrito em 2014 - alusão a Gilberto Gil - Unplugged)
O que me irrita nela não é o cabelo que nasce do meio certinho da testa em formato “v”. Nem o scarpin que ela usa desnecessariamente todos os dias para ir trabalhar. Não, ela não é advogada ou juíza. Talvez até quisesse ser. O que me incomoda nela, não é a maneira como ela conversa com a filha e o marido ao telefone: “Oi filhinha! Como foi a aula de espanhol?”, “Amor, comprou o livro do Percy Jackson para nossa filhinha?”.
O que me irrita nela, não é ela em si. Sou eu e as memórias que tenho de mulheres como ela.
Algumas mulheres brancas me remetem à opressão, à decepção de ainda criança entender que algumas mulheres, que só pela cor (branca), cabelos (lisos e loiros) e corpo (magro) serão ouvidas e gentilmente tratadas, e, de quebra, essas mulheres trazem consigo um relativo poder de fala, de imposição através do corpo, de olhos desdenhosos cheios de vantagem e desprezo por outras mulheres diferentes dela.
A mulher a quem me refiro traz na atitude, a branquitude vestida de sonsa e a vantagem de ser branca vestida de vítima. A razão eloquente proveniente da fala mansa e gestos que dão a entender nas entrelinhas “não gosto de ser contrariada”, e o olhar fuzilante quando nota na outra (mulher/alteridade), postura, competência e autoridade.
Nesse momento é que a atitude (branquitude) da mulher dá lugar à fragilidade que tem todo ser em vantagem de poder, o medo de um dia ter que dividir esse poder e aceitar que ela não é, nunca foi e nunca será o centro do mundo.
Aline Rafaela Lelis
Manter a esperança
Fadiga da espera
De ver tudo melhorar
A fio os fatos
Me ponho a sabotar
Sonhos e desejos
Que nunca esperei realizar
É tempo de espera
Espera paciência
Colheita é promessa
Do fim da loucura
Do pesadelo, da tortura
Espera no abraço
Fortaleça os laços
Sorria entre amigas
Aprenda algo novo
Enquanto a loucura não cessa
Vá para roda de samba
Vá para um show de reggae
Abrace crianças, dê atenção aos idosos
Espalhe amor
Porque o tempo está difícil
Há muita intolerância
Proteja nossas crianças
Com o escudo da razão
Conte uma história bonita
Mergulhe seu corpo no mar
Inventa canções
Se aqueça no sol
Descanse quando o corpo pedir
Mantenha a esperança
Preciso de ti
Tudo vai melhorar
Quando esse (des) governo cair