Saudade de quando eu não sabia nada, e não saber só me levava a sentir. E sentir era a única forma de chegar a verdade.
Saudade de quando minha presença bastava por si só, e eu estava no mundo. Mas não fazia parte dele. Era capaz de tudo abstrair. E me sentia em paz em qualquer lugar.
Saudade de quando amar era a condição da minha existência e de quando bastava olhar nos olhos para ver a verdade das pessoas.
Saudade de quando meu coração ainda não tinha feridas, e então, entregá-lo de mãos juntas me fazia sentir ainda mais viva.
Saudade de quando eu ainda percebia o mundo com a inocência de uma criança.
Existem certas coisas que são indizíveis, e querer compartilha-las é bobagem. Precisamos ter nossos segredos e saber contar com nossa própria presença. Do contrário, nunca saberemos quem somos de verdade, nunca saberemos o que é ser testemunho de si mesmo. E isso não se compartilha. Não se diz a respeito. Apenas viva e deixa estar o que não podemos traduzir em palavras.
Aline Rafaela Lelis
Embora muito próxima, ela sempre me pareceu indecifrável. Do tipo de pessoa que não se pode esperar muito. Ela me entristece nas pequenas coisas. Na ausência da escuta e na frieza dos gestos. Abraçá-la é semelhante a tocar um estranho. Diferentemente do abraço que cura, seus braços não são envolventes e não dizem nada além de boa educação. Essa falta de calor, essa contenção dos sentidos por si só magoa. Uma bobagem... Porque abraços aconchegantes é comum entre mim e outras pessoas. Mas penso que o afeto entre irmãs deveria ser condição mínima para cristalizar os laços.
Aline Rafaela
Tudo o que buscamos e tudo o que experimentamos - tudo - está dentro de nós. Se você quiser mudar alguma coisa, faça-o interiormente, não externamente. A ideia como um todo é a total responsabilidade. Ninguém é culpado. Tudo é você.
Vitale, Joe. Limite Zero.
Adoro gente que não sente necessidade de preencher o silêncio dentro de um espaço-tempo. Gente que sabe que o silêncio não precisa ser incômodo. Gente que acredita no silêncio como forma de obter paz.
Aline Rafaela Lelis
rain has fallen on the poem
Tem tristeza que quando vem à tona, faz doer meu corpo inteiro. Começa no coração e termina nas pontas dos dedos. Tristeza assim, faz as lágrimas saltarem dos meus olhos e não importa onde estou, perco noção de tempo e espaço. Por instantes tudo perde o sentido, e a vontade que tenho é de me fundir ao infinito, perder a forma e evaporar no vazio para ver se a dor finda.
Aline Rafaela Lelis
Uma lição de amor chamada MEG. <3
Seu toque cura feridas de vidas.
Suas mãos conduzem meu corpo
ao prazer mais sublime do toque,
Que ecoa em gemidos e sussurros,
Compondo um batuque rítmico.
Dos pêlos em festa, dos órgãos em dança, da cabeça em transe.
Da transa, do ajuste, do acordo implícito.
Acordo como se tivesse viajado
Para uma galáxia distante,
Para um mundo de instantes.
Viagem que transcende as dores,
Os horrores, as memórias de outrora.
Volto com outra energia
Com calma nos olhos
Vontade de desaprender
Coração aberto para receber (Seu amor)
Cabeça aberta para dialogar com clareza,
Desaprendo conceitos
E aprendo a receber sua energia
Que cura cada pedacinho antes em dor,
Que me diz que a vida precisa de calor,
Que aponta o meu lado criativo
E meus ovários fazem festa
Me encontro no encanto,
Na beleza de uma mandala
Na poesia dos meus contos
Na beleza dos meus gestos
Onde me (re) descubro mulher
Feminina
Leão sendo domado pela mulher e pela menina.
Corrente eletrizante me corta a espinha
Despertando meu corpo inteiro em volúpia
Espinha se contorcendo na cama,
Como cobra procurando abrigo no vão das rochas.
Você me endeusa e reconhece minhas fraquezas,
Me concede humanidade no corpo que vc diz deusa.
Sobre os meus pés você bate cabeça,
Respeita meu corpo como um templo,
E meus sentimentos como um mantra sagrado
No meio disso tudo eu relaxo
E me calo.
Desperto.
Me abro.
Desabrocho em flor.
Me espalho em rosas.
Enfeito o mundo.
Abraço o todo.
Respiro fundo.
Recebo.
Agradeço.
E transmuto toda memória
Em puro amor.
Aline Rafaela Lelis
18 de outubro de 2018