““Seria mais alegre e romântico um discurso assim: Ela: “prometo nunca sair da cama sem antes dar bom-dia, deixar você ver os jogos de futebol na tevê sem reclamar, ter paciência para ouvir você falar dos problemas do escritório, ter arroz e feijão todo dia no cardápio, acompanhar você nas caminhadas matinais de sábado, deixá-lo em silêncio quando estiver de mau humor, dançar só pra você, fazer massagens quando você estiver cansado, rir das suas piadas, apoiá-lo nas suas decisões e tirar o batom antes ser beijada”. Ele: “prometo deixar você sentar na janelinha do avião, emprestar aquele blusão que você adora, não reclamar quando você ficar quarenta minutos no telefone com uma amiga, provar a comida tailandesa que você preparou, abrir um champanhe no final de tarde de domingo, assistir junto o capítulo final da novela, ouvir seus argumentos, respeitar sua sensibilidade, não ter vergonha de chorar na sua frente, dividir vitórias e derrotas e passar todos os Natais do seu lado”.”
— Martha Medeiros.
Astrofísico, biológico, psicopata, fã de Hannibal Lecter, professor, amante de HQ, fã de John Constantine, pacífico, e estressado, um mundo em colisão, o caos em pessoa
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“Ser forte, na verdade, não é ser indestrutível e impenetrável. É saber lidar com sua fraqueza. E viver, mesmo sabendo que a vida, eventualmente, pode te deixar em pedaços. E que esses pedaços nunca serão consertados ou refeitos. No máximo, serão colados e, mesmo assim, nunca serão como antes. Ser forte é abraçar esses pedaços remendados e saber que são eles que definem quem você é.”
— Iolanda Valentim.
Doeu, não nego. Chorei de saudades, de vontade de estar junto, chorei porque era inevitável. Me senti sem chão, sem rumo, num buraco fundo do qual eu não conseguiria sair tão cedo, e de certa forma foi assim… Você era minha direção, e você foi embora. Eu imaginava um futuro ao seu lado, uma família, filhos, fins de semana no parque ou em casa assistindo um filme qualquer, o lugar não importava desde que fosse com você. Mas de repente, sem eu menos esperar, você foi embora. Sem rodeios, choros, simplesmente você foi. Demorei meses para me reerguer, construir uma vida, na qual você não estaria nunca mais e seguir em frente, que com toda a certeza do mundo, foi a coisa mais difícil que eu já fiz. Doeu, mas me fez crescer. Não guardo mágoas, nem rancor, apenas desprezo, você tinha tudo e não valorizou. Amor tem que ser recíproco, caso ao contrário, eu dispenso.
"É muito melhor arriscar coisas grandiosas, alcançar triunfos e glórias, mesmo expondo-se a derrota, do que formar fila com os pobres de espírito que nem gozam muito nem sofrem muito, porque vivem nessa penumbra cinzenta que não conhece vitória nem derrota."
Theodore Roosevelt
“Poderíamos casar. Não chegaríamos sequer perto do exemplo de família perfeita. Teríamos um apartamento, quem sabe uma casa com jardim e um cão com pêlo brilhante. Improvável. Tomaríamos café as cinco da tarde. Você reclamaria o fato de eu ligar o chuveiro horas antes de ir para o banho. Eu, por você ter arranhado meu cd de jogo favorito. eu não admitiria o quanto você fica bonito quando bravo e você não diria que lembra da cor do sapato que eu usei quando nos vimos pela primeira vez. Discordaríamos quanto a cor das cortinas. Não arrumaríamos a cama diariamente, beberíamos juntos em algum club no final de semana. A geladeira seria repleta de congelados e coca-cola, o armário, de porcarias. Adiaríamos o despertador umas trinta e duas vezes só para ficarmos horas na cama enrolando e falando qualquer besteira. Você me ensinaria alguma coisa sobre futebol, e eu te convenceria a assistir aquele filme no cinema. Sentaríamos na sala de pijama e pantufas, você iria direto para o caderno de esportes no jornal e eu comentaria alguma notícia qualquer. Você saberia o nome do meu perfume, eu saberia onde você largou a última edição da revista de música. Sairíamos pra jantar em algum dia de chuva e não nos importaríamos em chegarmos encharcados. Dormiríamos com o computador ligado. Nos beijaríamos no meio de alguma frase. Você pegaria no sono com a mão no meu cabelo e eu, escutando sua respiração. Eu riria sem motivo e você perguntaria porque, eu não responderia. Saberíamos. Poderíamos casar…”
— Caio Fernando Abreu.
“Você é uma carga poética e tanto. Não pela beleza que te compõe ou pelos músculos que te carregam, mas por todos os sentimentos que você aflora. Por todo significado que você deu àquelas frases clichês e, por tantas outras coisas que só fizeram sentido com você. Você foi capaz de despertar coragem em um coração medroso e cansado, deu razão para arriscar no novo e esperança de que tudo ficaria bem. Você tocou no íntimo além da pele, mesmo quando feriu. Você foi levado pelo momento enquanto um momento ao seu lado me levou por longas semanas. Você é carga poética, porque desperta palavras em minha mente que eu não sei como ligá-las umas às outras para escrever corretamente. É poesia pura, porque entrelaça as mãos enquanto meu coração se entrega pelos seus olhares e seu toque apressado em minha pele não me faz querer pensar direito, só me faz deixar rolar. Me faz escrever linhas e mais linhas de uma relação que nunca existiu, compõe escritos de um sentimento que não quis lidar, de um cativo que não se responsabilizou e, embora eu sempre te veja como algo bom, só o tempo para provar o quanto erro por te descrever assim. Você foi momento e eu te eternizei. Você foi passageiro e eu te tornei uma longa jornada. Eu te disse, você é uma carga poética e tanto, você apenas riu.”
— Assim, até eu consigo esquecer.
Éramos milhares e fomos reduzidos a menos da metade, éramos livres, mas fomos vítimas da leviandade, tínhamos dignidade, hombridade, e respeito, mas fomos tratados como mercadoria, dentro de um navio negreiro, assim como o povo escravo no Egito, nos fizeram um animal a ser perseguido. E essa é a maldição da metrópole, que exalta o malfeitor maldito, mata o guerreiro de alma nobre. Dos quilombos, nos restaram as favelas e da escravidão, uma falsa liberdade, um racismo disfarçado, cruel e covarde, um passado de opressão, a ingratidão da nação, à disparidade.
Estamos às margens da sociedade, tratados como escória, onde está a tão discutida igualdade? Por que somos obrigados a viver de esmolas?
Isso que fizeram com a nossa liberdade, ainda somos escravos nessa selva de pedra, padecemos de fome, de sede e de frio, destruíram nossa religião, nossa cultura, se apropriaram de nossa identidade, e de nossos corpos, e nos vendem seu deus, seus credos, os mesmos que legitimaram nosso massacre. A voz da África ecoa dentro do navio.