"Descartei a ideia de me referir aos ciúmes dos homens, por que os há de muitos tipos e com frequência não têm nada a ver com o amor, mas com o poder, a autoridade e o conceito de honra. A honra masculina costuma depender da virtude das mulheres; isso explica tantas formas de repressão que elas sofrem por culpa do ego de algum macho próximo".
ALLENDE, Isabel. Amor. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2013. p. 103
"El amor es histórico y siempre es simbólico. Existe como imaginario, como literatura, como ideología, como normas, como política. Como cada quien realiza el amor dependerá del momento de la historia que vive y de sus condiciones de vida. Aprendemos ideologías amorosas, aprendemos los contenidos específicos del amor a través de los mandatos, de normas, de creencias. Al vivir, cada persona trata de realizar el amor ideológicamente aprendido. En la realidad, la mayoría vive frustraciones amorosas, porque casi nunca podemos realizar el imaginario amoroso al que estamos vinculadas."
Lagarde, Marcela. Claves Feministas Para la Negociación en el Amor;
Setembro
O tempo muda
muda a estação
A vida nos empurra para a transição
Da inércia do inverno
Para o calor do verão
Que nos coloca em movimento
E o verbo desabrocha
Ensina-nos a ser mais como rosas
Lançamos luz no passado frio
E escolhemos florir na coragem
Na passagem
De um tempo cinza para outro
Aceitamos o novo
Aprofundamos a visão
Mergulhamos no mar imenso
Da nossa própria solidão
E nos sentimos fortes inteiras,
À nossa maneira
Sorrimos à toa,
Debochamos do que passou
Nos reconhecemos transitórias
Nos descobrimos notórias
Em cada verso, cada pensamento, cada momento
Setembro tem disso
É ritualístico, tem cor amarela
Recebe a primavera
Faz florir onde antes não havia possibilidade
Setembro tem essa personalidade
Por trazer a primavera traz a esperança
Por ser esperança nos embala na dança
Nos prepara para o renascimento
Tempo de fins e recomeços
Novos começos de luz e amor
Onde fatalmente buscamos ser mais
Como flor.
Aline Rafaela Lelis
Os jovens têm que saber isso: a vida passa e se esvai. Minuto a minuto. E você não pode ir ao supermercado comprar a "vida". Então, lute para vivê-la!
José Alberto Mujica Cordano
Quero sim, um lugar onde eu possa me deitar sem me preocupar se alguém vai bater à minha porta. Um lugar tranquilo e arejado onde eu possa curtir meus livros, meus felinos, meu incenso de alecrim e espreguiçar na cama qualquer hora do dia sem condenação. Ouvir sem pressa o cantar dos passarinhos à tarde. Cuidar das minhas plantas, planejar minhas viagens.
Eu quero e vou conquistar a calma de quando sabemos que o nosso tempo é só nosso. E daí poder divagar com nós mesmos nossas dores, nossos desejos mais íntimos e nossas alegrias mais sutis.
Quero sim, construir um lar semelhante a um jardim florido com muito amor e silêncio. Isto, silêncio. Porque só o silêncio nos faz ir fundo na alma e ouvir nossas intuições. Precisamos edificar esse lar para quando estivermos cansados. Ou quando o mundo parecer agitado e chato. Que este espaço que sonho me sirva de abrigo em todas as circunstâncias.
Eu quero e vou adentrar meu espaço sagrado, e lá extravasar meus sonhos e desejos, realizar as minhas fantasias, deixar-me perder nas estradas de flores e voar mais alto que as árvores frondosas.
Depois de acessar o meu jardim, só almejo elevar a minha alma a outros lugares-jardins ainda mais sublimes.
Aline Rafaela Lelis
O que me irrita nela não é o cabelo que nasce do meio certinho da testa em formato “v”. Nem o scarpin que ela usa desnecessariamente todos os dias para ir trabalhar. Não, ela não é advogada ou juíza. Talvez até quisesse ser. O que me incomoda nela, não é a maneira como ela conversa com a filha e o marido ao telefone: “Oi filhinha! Como foi a aula de espanhol?”, “Amor, comprou o livro do Percy Jackson para nossa filhinha?”.
O que me irrita nela, não é ela em si. Sou eu e as memórias que tenho de mulheres como ela.
Algumas mulheres brancas me remetem à opressão, à decepção de ainda criança entender que algumas mulheres, que só pela cor (branca), cabelos (lisos e loiros) e corpo (magro) serão ouvidas e gentilmente tratadas, e, de quebra, essas mulheres trazem consigo um relativo poder de fala, de imposição através do corpo, de olhos desdenhosos cheios de vantagem e desprezo por outras mulheres diferentes dela.
A mulher a quem me refiro traz na atitude, a branquitude vestida de sonsa e a vantagem de ser branca vestida de vítima. A razão eloquente proveniente da fala mansa e gestos que dão a entender nas entrelinhas “não gosto de ser contrariada”, e o olhar fuzilante quando nota na outra (mulher/alteridade), postura, competência e autoridade.
Nesse momento é que a atitude (branquitude) da mulher dá lugar à fragilidade que tem todo ser em vantagem de poder, o medo de um dia ter que dividir esse poder e aceitar que ela não é, nunca foi e nunca será o centro do mundo.
Aline Rafaela Lelis
Tudo o que buscamos e tudo o que experimentamos - tudo - está dentro de nós. Se você quiser mudar alguma coisa, faça-o interiormente, não externamente. A ideia como um todo é a total responsabilidade. Ninguém é culpado. Tudo é você.
Vitale, Joe. Limite Zero.
Existem certas coisas que são indizíveis, e querer compartilha-las é bobagem. Precisamos ter nossos segredos e saber contar com nossa própria presença. Do contrário, nunca saberemos quem somos de verdade, nunca saberemos o que é ser testemunho de si mesmo. E isso não se compartilha. Não se diz a respeito. Apenas viva e deixa estar o que não podemos traduzir em palavras.
Aline Rafaela Lelis
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