Morrer E Nascer

Morrer e nascer

A gente custa a morrer, 

mas quando nascemos, 

é subitamente lindo.

A gente só se pergunta por que demorou tanto.

Aline Rafaela

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Ir de encontro a si mesma é transcender-se. 

Eu transcendo e me transformo. 

Tomo para mim as formas mais bonitas e sinceras.

 Hoje amanheço flor. 

Amanhã anoiteço amor.

 Quero florir a cada suspiro calmo entre um abraço e outro. 

Quero ver as coisas retomarem sua ordem sem pressa.

 Cada coisa no seu lugar como tem que ser. 

E minha vida vai florindo a cada passo que dou em direção a mim mesma.

Aline Rafaela 

(Escrito em 2014)

Rain Has Fallen On The Poem

rain has fallen on the poem

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Ponto Final

Uma partida sem adeus, é como morte sem sepultamento.

Lembranças de ti me vêem a mente  

E me assombram de tempos em tempos.

Na incerteza e imprevisibilidade dos caminhos, 

Sigo dando o melhor de mim, 

Às vezes lamento o tempo perdido, 

Outras vezes revolto-me com os desfechos.

Mas peço a Deus em oração, para que tudo volte aos eixos. 

Minha vida de menina se foi, 

E junto com ela a minha ingenuidade.

Vivo o tempo do porvir, 

Porque desaprendi a  momentaneidade.

No entanto, estou sempre atenta aos movimentos,

Aprendi a refletir,  ponderar e observar,

Respiro fundo antes de qualquer ação, 

Para não me precipitar.

Como dizia Allende “o primeiro amor deixa marcas indeléveis”.

A intensidade dos primeiros encontros 

Se choca com a inexperiência da juventude fugaz.

Laços interrompidos bruscamente, 

Livramentos que só reconhecemos com o tempo.

Hoje sou  mulher em transição, 

E vejo que muita coisa ficou para trás,

As promessas de amor eterno, 

Que nunca vão se realizar.

Os sonhos de uma vida a dois, 

Dois que nunca serão par

Graças à sorte e não ao azar.

Neste estado de transição em que vivo, 

Quase tudo é dor.

Dor de preparação, 

Que antecede o amadurecimento do todo.

Desconstruindo tudo, 

Para depois construir tudo de novo.

O novo é a vida florindo novamente,

É o olhar-se no espelho contente,

Sentir no corpo as marcas de cada aprendizado.

Tornar-se leve com as feridas cicatrizadas

E deixar-se criar asas ao vento da liberdade. 

O fim que acreditei ser digna, 

Nunca se concretizou.

Você me virou às costas em tempos de horror.

No entanto eu mesma fiz seu sepultamento

Levei flores àquela estação de trem, 

E finquei uma cruz onde tudo começou.

Varri as lembranças ruins, 

E joguei fora as lembranças que restou.

Não espero que erga um túmulo para mim, 

Mas se um dia isso se passar por sua cabeça,

Saiba que os meus restos já terão se dissipado ao vento. 

De mim não sobrará um sopro 

Você jamais irá me alcançar,

Não deixarei um rastro sequer,

Que é para você não me encontrar.

Aline Rafaela Lelis

Preserve A Alma Completou 5 Anos Hoje!

Preserve a Alma completou 5 anos hoje!

Em janeiro de 2017 dei início a um processo de autoconhecimento e desenvolvimento da minha espiritualidade. Nesse processo decidi que iria valorizar a poesia que saía de dentro de mim, sem me sabotar. Fiz esse blog "Preserve a Alma" que, como o título diz, "fidelidade à alma é segredo". Decidi recomeçar a minha trajetória alinhada com meu propósito de vida e minha missão de alma. Um lindo recomeço que me rendeu posteriormente duas publicações em coletâneas com várias autoras talentosas. Que orgulho de mim! Como processo é processo, aos poucos vou dando corpo àquela nascente que cultivei em 2017. Escolher conscientemente não sabotar a minha escrita ainda é um trabalho árduo. Mas irei até o fim. De "Preserve a Alma" passei para outro projeto, (-> clique aqui para conhecer: https://alinerafaelalelis.blogspot.com/ )depois de ser selecionada para participar da FlupRJ2020. No curso de escrita criativa oferecido pela famosa Festa Literária das Periferias eu me assumi escritora diante do espelho, não sem dores e curas, claro. O imaginário que carregava desse "ser escritor" geralmente envolvia imagens mirabolantes de homens (brancos) em seus escritórios, sem serem incomodados, sendo servidos e sem ter que se preocupar com aluguel, crianças, casa, etc. Como poderia me imaginar escritora? A Flup fez esse trabalho comigo e com as participantes do meu grupo, nos fez enxergar a literatura como um caminho possível para nós, mulheres negras. Hoje a plataforma Tumblr me lembrou que já faz 5 anos que decidi nunca mais apagar, deletar, excluir nada do que escrevesse. Acho bom voltar à esse blog de vez em quando e acompanhar meu progresso. É como dizem por aí: "a meta é ser melhor que ontem, não melhor que ninguém".

Gratidão aos meus leitores e leitoras que me acompanham desde o início.

O sonho está apenas começando. Axé!


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Tiãozinho

Tião é Sebastião. Herdou o nome do pai, homem trabalhador, cor de mel, nascido em Minas Gerais em 1930. Do pai herdou o nome e a tristeza, que para essa gente preta e pobre do interior é inata. Os olhos de Tião são dispersos, viajam longe, como se ele nunca estivesse no presente. A simplicidade vem nos gestos, no jeito manso de se expressar, incapaz de fazer mal para alguém. As palavras são ditas com certa insegurança. Tião é homem de pouca informação, mas muita imaginação. Sua voz é rouca, seus cabelos  e barbas brancas, revelam a idade. Um homem que cresceu em meio as violências domésticas e da vida. Violência é a palavra que define sua trajetória. Violências das mais diversas, físicas e psicológicas. Uma vez Tião me confessou que quando criança adorava matemática, mas logo depois completou dizendo manso e paciente: “mas naquela época gente pobre não estudava”. Tião não casou, não teve filhos, e ainda mora na casa que os pais deixou, há cerca de quarenta anos ou mais. Ele mora com os irmãos e uma irmã, que assim como ele tiveram uma vida sofrida. Outro dia Tião foi encontrado na rua, bêbado, sem condições de sustentar o próprio corpo. Uma sobrinha o viu naquela situação e buscou ajuda. Pensou que estivesse sofrendo um ataque cardíaco, um infarto ou derrame. Mas Tião, que tem pressão alta, bebeu dois copos de pinga no dia do seu pagamento, e a bebida subiu de tal jeito que ele não suportou. Poucos dias depois do ocorrido Tião procurou a sobrinha para se desculpar, sinal de humildade inconfundível, disse a ela que ele sentia muito pela vergonha que a fez passar e que havia tomado dois copos de pinga para ver se a dor passava, porque há anos se sente angustiado. Tião é chamado pelos familiares e conhecidos de Tiãozinho. Tião é muito sozinho. Olhos carregados de tristeza e frustrações. Olhos que olhamos em estado de contemplação e reflexão. Olhos que nos transporta para dimensões outras da vida, uma dimensão onde não há materialidade. Os olhos dele é mar e é rio. Há pessoas cujos olhos estão sempre marejados, como os do Tião, que parecem estar sempre segurando o choro, porque sabe que se deixar rolar as lágrimas podem nunca cessar e molhar todo o corpo ferido, das pernas ao coração. Quando Tião se desculpou com a sobrinha, deixou uma lágrima escapar, não que ele quisesse. Foi apenas uma lágrima teimosa que insistiu em escapar. Como Tião, há milhares dessas pessoas no mundo. E eu sempre me pergunto onde a humanidade foi parar. Sempre que olho nos olhos das pessoas é possível encontrar a verdade delas, e foram poucas as vezes que eu consegui enxergar pessoas em estado de plenitude.

P.S. “Tião não sabe, mas eu o amo!”

Aline Rafaela Lelis

"O amor é um contrato livre, que se inicia com uma faísca e pode terminar do mesmo modo. Mil perigos o ameaçam, e se o casal o defende poderá salvar-se, mas isso ocorre apenas quando ambos participam".

ALLENDE, Isabel. Amor. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2013. p 106.

Perfeito!!!!

Porque Quando é Amor, Simplesmente Vem.

Porque quando é amor, simplesmente vem.

Carta Capital: O que é ser mulher negra pra você? Luedji Luna: Sabe aquele conceito que a gente aprende na escola na aula de Biologia? Que existem seres vivos, os autotróficos, capazes de produzir o próprio alimento, como as plantas, por exemplo. Para mim, ser mulher negra é isso: ter a capacidade de tirar força de si mesma, de ser sua própria fonte de energia, de cura e de amor. É solitário, mas é potente também...

https://www.cartacapital.com.br/sociedade/luedji-luna-do-cabula-para-o-mundo

Acho que, com os anos, as nossas energias de observação diminuem, junto com o olfato, o tato, a visão e a energia vital, e a nossa percepção vai se apagando na distração e nos afazeres. Perdemos a amplitude da infância, que nos faz perceber os detalhes puros e a enormidade das coisas.

Mata, Vanessa da. A filha das flores. São paulo: Companhia das Letras, 2013. p. 13.

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Preserve a Alma

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