Ele Estava Estranhamente Presente No Evento. Fiera Dei Sensi. Era Um Evento Estranho, Um Que Normalmente

Ele estava estranhamente presente no evento. Fiera dei Sensi. Era um evento estranho, um que normalmente não veria ele tão participativo. Talvez ele fosse convencido por Olivia a fazer uma aparição, em circunstâncias diferentes, mas desde seu encontro com o espelho, os rituais... Matteo não sabia mais no que acreditar. E acabava voltando ali, como se a casa de Rose pudesse lhe dar alguma resposta. Uma voz prática, curta, quase pragmática demais soou do seu lado. Quase uma ordem disfarçada de convite. Teria balbucidado se tivesse a capacidade de falar qualquer coisa.

Não podia deixar de notar como ela havia ficado mais bonita. Mesmo na adolescência, Aslihan já atraia olhares — ao menos o seu olhar. Era um garoto magrelo e estranho com a única garota que era legal com ele, obviamente ele não era exatamente imune. E ela era bonita. Nada daquilo exatamente ajudava nas sessãos de estudo que tinha com ela. Os cabelos escuros estavam repuxados para trás num familiar rabo de cavalo, e ele se lembrava de como ela também puxava os cabelos para fora do rosto enquanto estava pensando. Quando era adolescente, ele era bem familiar com o perfil da mulher, espiando entre um exercício ou outro que não conseguia entender. Agora, não fazia questão de esconder que estava olhando diretamente para ela, afinal ela estava falando com ele, apesar de que ela parecia preferir fazer qualquer coisa do que estar ao seu lado.

"Mmm," murmurou, com confusão quando sua fala retornou, antes de responder, "claro." Apesar da distância entre eles, tanto física, quanto emocional, existia uma familiaridade estranhamente reconfortante que Matteo não queria abrir mão. Não era exatamente como se soubesse o motivo deles terem se afastado. Ele tentou se manter amigável, apesar que Matteo e amicabilidade não eram exatamente sinônimos, mas sem esforço suficiente de ambas as partes, acabaram caindo no esquecimento. Não havia sentimento ruim da sua parte. Era apenas como se tivessem descobrido o quão diferente eles eram. Aslihan era muito boa para ele. Ele constantemente se sentia um completo desajustado ao redor dela. Era como se ela refletisse todas as coisas em que ele falhava miseravelmente. Ao mesmo tempo, ela não o fazia se sentir mal consigo mesmo. Não, Matteo fazia tudo aquilo dentro da sua própria mente, enquanto Asli não era nada além de agradável. Isso era, ao menos no passado. Ali, naquele momento, Aslihan não demonstrava nada além de imparcialidade, apesar que ele sentia como se tivesse voltado aos quatorze anos — estúpido demais para produzir qualquer pensamento coerente junto dela.

Andaram em silêncio para a frente da fila. Observava-a pelo canto do olho, como anteriormente o fazia, sempre que achava que ela não notava. A proximidade que criaram durante os anos era... Excêntrica. Por um lado, o que os aproximou havia sido a ajuda que ela lhe dava nas matérias, como uma professora diligente, porém era muito mais atenciosa com a sua dificuldade de compreensão do que seus próprios professores. Por outro lado, Matteo podia ficar escutando-a falar por horas, sobre qualquer outro assunto, assistindo envolto desde jovem o cometa que ela era. No auge dos seus quatorze anos, entretanto, ele não tinha desenvoltura o suficiente para sequer entender a atração, ou fazer algo sobre isso e, quando eles se afastara, ele definitivamente não tinha maturidade emocional suficiente para ir atrás e entender o que aconteceu. Ele deixou-a ir, sem brigas e sem esforços. Com o passar dos anos, pensou menos e menos no que poderia ter feito errado, aceitando o acontecimento apenas como fatos da vida. Agora, anos depois, talvez ele devesse ter se arrependido, tentado entender melhor o que houve, ou simplesmente não tê-la deixado ir com facilidade. Mas não podia fazer nada sobre.

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óculos kinect

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Ela lembrava. Lembrava dele pequeno, franzino, com o olhar perdido sobre o caderno de matemática e os dedos tamborilando a mesa como se pudessem evocar a resposta certa. Aslihan tinha doze anos quando começou a ajudar Matteo com os deveres — uma tarefa voluntária que aceitou mais por teimosia do que por vocação. Mas havia algo nele que a fazia permanecer: uma doçura tímida, uma necessidade de aprovação, um desejo sutil de ser visto que ecoava fundo nela. Naquela época, ele olhava para ela como se ela fosse feita de ouro e palavras sábias, como se não fosse possível errar na presença dela. Ela não sabia do crush. Matteo era muito sutil ou ela muito desatenta. Mas era um afeto silencioso, inofensivo, quase puro demais pra incomodá-la. Aos quinze, ele parou de pedir ajuda. Passou a malhar, arranjou novos amigos, descobriu uma autoconfiança que não incluía mais lições de casa nem tardes com ela. Aslihan não se surpreendeu. Só confirmou, mais uma vez, que as pessoas gostavam dela enquanto precisavam dela. Depois? Sumiam. Matteo foi só mais um. Era essa a visão que ela tinha da relação dos dois. Agora, vê-lo em Khadel, ambos adultos, ela não sabia mais se tinha alguma mágoa. Talvez fosse só... indiferença. Uma camada fria que cobria um incômodo antigo e que ela preferia não cutucar.

Aslihan tinha ido à Fiera dei Sensi no impulso de fazer algo novo. Nos últimos tempos, vinha tentando sair do próprio casulo, mas optando por continuar sozinha. Caminhava entre as instalações tecnológicas, as salas que misturavam aromas e sons, os sorrisos dos casais, a animação dos jovens que aproveitavam o momento para flertar, as crianças que se divertiam com as novidades, e tudo parecia mais colorido — menos para ela. E foi aí que viu a sala do Óculos Kinect. Uma das experiências mais faladas do evento. Uma imersão sensorial, uma viagem completa. Ela não resistiria. Mas a fila... estava impossível. E claro, como tudo em Khadel agora, os reencarnados tinham prioridade quando estavam em duplas. O incentivo ao amor pairava sobre a cidade como uma névoa adocicada, sufocante, mas que poderia ser muito útil agora. Ela olhou em volta. Procurou um rosto conhecido entre os nove. Qualquer um. Mas só viu ele. Matteo. "Não", pensou, cruzando os braços. "Qualquer um, menos ele." Virou o rosto, seguiu andando devagar, tentando encontrar outro par. Ninguém. Ninguém ali que pudesse ajudá-la a furar a fila e garantir a experiência. A irritação queimou devagar dentro dela. Até que respirou fundo.

Ela podia simplesmente pedir. Ser direta. Objetiva. Não ia morrer por isso. Além do mais, se eles fossem almas gêmeas? Não que ela estivesse disposta, mas parecia uma boa desculpa para se aproximar. Só estou fazendo isso por conta da maldição. Caminhou até ele, passos firmes, olhar decidido, ainda que por dentro cada parte de si gritasse que era uma péssima ideia. Parou ao lado dele, braços cruzados, e falou com a voz mais prática que conseguiu reunir: — A fila do Óculos Kinect tá enorme. Reencarnados têm prioridade quando estamos em pares. Você vem comigo? — Nenhum "oi", nenhum rodeio, nenhum sorriso. Só um convite seco, direto e impessoal. A forma mais segura que encontrou de se proteger da lembrança de um menino que, um dia, a olhava como se ela fosse feita de luz. Ela não era. Nunca foi. E não estava ali pra reviver ilusões. Estava ali pra ver baleias flutuando, sentir o vento no rosto numa montanha-russa digital, fugir de zumbis ou dançar num show que nunca viu. E, se pra isso precisasse dele, que fosse.

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4 months ago

Tentou forçar um sorriso para dispensar os homems que se aproximaram da sua companhia, mas seu rosto parecia mais ter se contorcido numa careta; o que certamente fariam os homens se afastarem, junto com a altura e largura de Matteo que deveria ser maior que a junção dos dois homens. Deu um sorriso curto enquanto se afastavam em direção à mesa escolhida, "não pode culpá-los por tentar a sorte deles," adicionou num tom levemente zombeteiro. Para ele, era quase cômico alguém na pequena cidade de Khadel achar que havia chances com Helena, ele incluso. Se aquela não fosse uma piada de mau gosto, ela provavelmente era quem havia recebido a pior mão entre eles. O grupo mais improvável que poderia estar conectado de alguma forma e, entre eles, Helena, que provavelmente poderia escolher qualquer pessoa que quisesse em outras circunstâncias. Não sabia quais sentimentos tinha, mas pena por ela ter que aturar aquilo era, definitivamente, um entre eles.

Não era um grande acompanhador das notícias de celebridade, mas o stalker de Helena era uma coisa muito comentada no burburinho de Khadel para passar despercebido, até mesmo por ele. "Então... Como estão as coisas desde que você voltou?" As palavras lhe saiam tão estranhas e faziam seu estômago se retorcer de uma forma desconfortável. Não era como se fizesse algo horrível, mas a simpatia parecia forçada e fazia com que ele quisesse cavar um burraco e sumir dali. Ao mesmo tempo, acreditava que o silêncio seria tão desconfortável quanto e faria toda a sua pele formigar. De forma nenhuma ele iria ganhar naquela situação. Era ridículo — Matteo estava provavelmente na situação que muitos desejavam e, ainda assim, não poderia se sentir mais inadequado. Qualquer homem ali provavelmente daria o mundo para estar em seu lugar.

Tentou Forçar Um Sorriso Para Dispensar Os Homems Que Se Aproximaram Da Sua Companhia, Mas Seu Rosto

Apesar de ser uma figura pública, Helena estava conseguindo esconder com impressionante destreza de seus fãs a ideia excêntrica de encontros com suas possíveis almas gêmeas. A mídia estava tão absorta no caso do stalker que o pedido de privacidade que ela havia feito foi respeitado — e não era para menos, seus advogados haviam sido extremamente convincentes.

A escolha, como não tinha muitas, de quem iria para qual encontro consigo foi até fácil, assim como convidar Matteo para ser seu par; tanto que ela nem precisou recorrer ao truque de mencionar que fora o trampolim que ele precisava para alcançar o sucesso. Escolheu o the Loft pela gama de possibilidades de atividade, não era como se não tivesse feito suas pesquisas sobre o homem, porém o tiro saiu pela culatra afinal quando foi pegar uma bebida dois rapazes lhe pararam para pedir autógrafos e tentar fazer amizade com a atriz. Ou melhor, importuná-la e não a deixar sair daquela conversa.

A chegada de sua companhia a fez abrir um sorriso um tanto quanto aliviado "Oi Matt, você demorou... O que acha daquela ali?" a morena pediu licença pra os homens, que olhavam seu acompanhante com um tanto de submissão, eram espertos o suficiente e para não contrariarem quando ela saiu andando para uma mesa um tanto afastada do palco "Obrigada por ter aparecido, aqueles dois foram bem... Insistentes" ela respirou aliviada sentando na mesa para poder terminar seu drink em paz

Apesar De Ser Uma Figura Pública, Helena Estava Conseguindo Esconder Com Impressionante Destreza De

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4 months ago

Ele balançou a cabeça, esboçando pela primeira vez naquele encontro um pequeno sorriso. A ideia de que a maldição existia, para Matteo, era juvenil e uma forma de se eximir da responsabilidade que um relacionamento tinha. Haviam diversos casais casados em Khadel. Estavam todos eles fingindo? Era tudo uma ilusão? E por que as pessoas participariam daquele surto coletivo? Para ele, o fato dele, ou pelo menos aqueles ao seu redor que reclamavam da falta de amor, era o que acontecia naquela geração. As redes sociais criavam expectativas irreais, as pessoas estavam distantes, não se conectavam, e ninguém queria se dar o trabalho ou ceder. No seu caso, Matteo simplesmente não queria se dar o trabalho. Não negaria a existência do asco, mas como ele via era apenas uma resistência para as pessoas realmente se aprofundarem umas as outras. Era o seu cérebro dizendo que não valia a pena e, por isso, era muito fácil virar as costas. "E quais são exatamente os efeitos dela?" Perguntou com certa curiosidade, porque ela devia enxergar algo além do que ele via. Era quase engraçado como as percepções das pessoas eram diferentes, porque se ela parecia envergonhada falando, a descrença de Matteo era quase palpável. Ele não precisava de desculpas para o seu comportamento. Não precisava explicar a sua falta de amor. Já havia aceitado o seu destino e percebido que as pessoas não faziam por se merecer, então era tão mais fácil estar sozinho. Não se consideraria egoísta em outras situações, menos no 'amor' (ou falta dele). "Eu não acredito que a gente não ame por causa de uma maldição, Helena." Por mais que não compartilhasse a mesma visão da Helena, ele não queria minimizar a experiência dela. As pessoas podiam acreditar no que quisessem. Não se sentiria bem se ela virasse e o considerasse um idiota porque ele não acreditava naquela história.

"Você já tentou, Helena? Mas tentou de verdade?" Porque Matt podia dizer que ele não havia tentado tanto assim. Ao primeiro vestígio de algo, Olivia se afastou e Matteo não fez questão de tentar nada que pudesse os manter juntos. Ao seus olhos, aquele era o motivo de não amarem, não uma maldição. Se todos desistissem tão fácil quanto ele, ninguém poderia passar das suas próprias barreira para o amor.

Ele Balançou A Cabeça, Esboçando Pela Primeira Vez Naquele Encontro Um Pequeno Sorriso. A Ideia De

Por mais que fosse algo tão natural quanto respirar, Helena não queria dar a impressão de que ostentava um rei na barriga por sua fama ou se vangloriava do que havia conquistado. Em Khadel, ou melhor, naquele encontro, ela queria ser apenas a Lena: a mulher determinada, divertida, capaz de conquistar a simpatia de qualquer um, e não a atriz famosa, com ares de soberba, que havia sido criada ao longo dos anos. No entanto, o rapaz à sua frente não parecia colaborar muito para tornar a noite agradável, afastando cada vez mais a ideia de que ele pudesse ser sua alma gêmea.

"Bem, eu sempre senti os efeitos dela, então não tenho como desacreditar..." admitiu, um pouco envergonhada por estar compartilhando aquilo. Não era algo que gostava de relembrar e muito menos de falar. Eram anos de desamor que tinham deixado cicatrizes, tanto que só de lembrar do gosto amargo das despedidas ainda permanecia nos lábios. Não era perfeito sumir antes que pudesse sentir mais do que amizade ou carinho, mas era uma forma de se proteger e uma forma de mostrar o afeto genuíno, afinal não gostava de guardar sentimentos ruins por aqueles que gostava. "Você não acredita? Digo, porque se isso for real a gente pode, não sei, voltar a amar!" continuou um tanto animada mudando de posição para ficar um pouco mais inclinada em direção ao rapaz

Nos olhos dela tinha um brilho de esperança que chegava a ser triste de ver. Porque nada tinha lhe dado a certeza que daria certo, mas ainda assim a fé que tinha crescia e dava a ela uma força para tentar "Vivemos uma vida incompleta Matt, se eu puder sentir nem que seja um gostinho do que eu vejo nas telas..." por um momento ela parou no lugar olhando em volta antes de suspirar e voltar a se encostar na cadeira "Sei lá, acho que todos merecem mais do que isso." Eu mereço mais que isso.

Por Mais Que Fosse Algo Tão Natural Quanto Respirar, Helena Não Queria Dar A Impressão De Que Ostentava

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1 month ago

com @eusouscarlet em leitura labial

Matteo não sabia como tinha parado ali. O nome da atividade estava num quadro pendurado no ateliê de Artes, no terceiro andar. Leitura Labial – romântico e divertido! Com corações desenhados em giz rosa e glitter. Era um pouco demais para uma cidade que na teoria não podia sentir o amor. Suspirou fundo, cruzando os braços enquanto observava de longe a movimentação. As pessoas pareciam animadas demais pro gosto dele. Risadinhas, empurrões, gente encarando umas as outras com segundas intenções. Nada disso fazia sentido.

Matteo já estava virando para sair do caminho quando percebeu que, de alguma forma, tinha sido empurrado para participar. Literalmente. Alguém riu atrás dele. O empurrão não era figurado. Por algum motivo, ainda tinha gente demais olhando pra ele. Talvez fosse o corpo — que ele já tinha aprendido a controlar. Ou talvez fosse ela. Dava pra sentir no ar quem era o seu par na dinâmica, provavelmente também à contragosto. A presença dela tinha uma temperatura própria: quente e, ainda assim, gélida. Sempre que Scarlet estava por perto as coisas pareciam ficar… tensas. Não era o tipo de mulher que tentava ser simpática Ela, pelo menos, era honesta no desprezo. Ou talvez só gostasse de brincar com os nervos dos outros. O fone de ouvido foi colocado sem muita cerimônia. Música alta. Baixo vibrando no maxilar. Ele suspirou, ajeitando os fios atrás da nuca enquanto se perguntava por que, exatamente, ainda frequentava eventos comunitários de Khadel. A maldita cidade parecia sempre arranjar um jeito de colocá-lo em situações constrangedoras. Matteo não disse nada. Só encarou. A mandíbula tensa, o maxilar marcado pela raiva contida. Ele odiava esse tipo de situação — essas armadilhas sociais disfarçadas de brincadeira inocente.

Com @eusouscarlet Em leitura Labial

O primeiro movimento de lábios aconteceu. Lento, teatral, debochado. Matteo franziu o cenho, tentando decifrar. A boca se mexeu como se soubesse que ele falharia. “Macarrão com leite?” arriscou, sem pensar muito no que de fato estava sendo dito.

@khdpontos


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1 month ago
DAVID CORENSWET BBFC
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4 months ago

Starter fechado para @neslihvns

Quadra de tênis

Sua rotina de exercícios focava em musculação e atividades que ainda poderiam ser feitas na Casa Comune, como kickboxing, Muay Thai ou boxe. Porém, vez ou outra, Matteo gostava de se aventurar em outros esportes. Fosse para causar um pequeno desconforto no seu corpo ao experimentar algo novo, fosse para quebrar um pouco a monotonia do conhecido, ele achava que colocar coisas diferentes na sua rotina lhe traria algum benefício. Era por isso que, naquela manhã, ele optou pelo tênis. Pegou uma raquete esquecida dentro da garagem abarrotada de quinquilharias e logo a onda de memórias associadas ao objeto veio em sua mente.

Ele tinha treze anos e pegou uma raquete no quarto de Neslihan. Ela estava tentando ensiná-lo algo de matemática, mas a mente inquieta de Matteo não conseguia focar nas equações. Ele não entendia porque as coisas lhe eram tão mais difíceis quanto para os seus colegas, mas os números, letras e formas pareciam dançar na folha, causando sua própria inquietação. Ele perguntou para ela o que era aquilo e, mesmo entre um olhar autoritário que dizia que ele devia estar prestando atenção em outra coisa, ela explicou para ele o jogo.

Aos dezesseis anos foi provavelmente quando jogaram o último jogo juntos. Cada dia mais suas lições ficavam espaçadas. Algumas vezes interrompidas por causa da nova rotina física de Matteo, outros dias por algum compromisso que Neslihan possuia. Parecia que suas agendas nunca alinhavam, tão raro quanto um completo alinhamento planetário e Matteo só sabia responder com a única expressão externa que conseguia oferecer aos outros: indiferença. Não podia ir atrás dela. Ele nem sabia o que havia acontecido para o afastamento. Depois daquele dia nunca mais se encontraram intencionalmente dentro ou fora da quadra.

Tinha vinte anos e havia jogado algumas vezes aleatórias, ainda com a raquete emprestada que nunca devolveu. Algumas objetos ficavam perdidos pelo contato entre aqueles que os manipulavam e esse era um dos casos. Talvez nunca voltaria ao verdadeiro dono. Parou de jogar por muito tempo.

Agora, segurando a raquete, ele percebia o quanto ela parecia pequena na sua mão e muito mais velha que lembrava. Talvez fosse a camada de poeira que lhe cobria, depois de longos anos em desuso. Ele girou na mão e decidiu levá-la, mais pelo valor sentimental do que pela praticidade. Provavelmente teria que alugar uma nova para poder jogar. Mas algo de tudo que estava acontecendo, a ligação do grupo mais improvável que poderia ser colocado junto em Khadel, fazia com que ele pensasse mais sobre as suas conexões, ou a falta delas. No fundo Matteo sabia que a indiferença com que levava a vida seria sua ruína. Sozinho, desconfiado e provavelmente rabugento. Era assim que terminaria. Não poderia culpar nenhuma maldição pelo desamor, ele mesmo afastava qualquer um que se atrevesse a tentar estar na sua vida.

Como se evocasse o fantasma de Neslihan com aquela raquete, ele avistou a mulher numa das quadras assim que chegou no lugar. Era cedo, talvez cedo demais, para agir indiferente e fingir que não havia lhe visto. Eram as únicas almas ali naquele horário, tirando o jovem na entrada que havia o recebido. Matteo respirou fundo e foi em direção à mulher, tentando pensar em algo para dizer, mas tudo parecia ficar àquem do desejável. "Ei," cumprimentou, soando patético na sua cabeça, mesmo que nada realmente escorrece ao exterior.

Starter Fechado Para @neslihvns

( @khdpontos )


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1 month ago

Matteo já tinha certeza de duas coisas — primeiro, definitivamente não queria estar ali. Segundo, definitivamente não ia conseguir sair agora. Matteo não lembrava de ter aceitado participar da brincadeira, mas lá estava ele. Sentado, fone de ouvido nos ombros, tentando entender em que momento deixou de controlar o próprio caminho naquela noite. Provavelmente no instante exato em que os olhos dele cruzaram os dela — e Scarlet, com o típico jeito dela, simplesmente não se importava se ele queria estar ali ou não. Com a falta de som ao seu redor, o mundo inteiro parecia suspenso. Scarlet estava à sua frente, e Matteo se forçou a respirar mais fundo do que precisava. A decoração da sala parecia mais quente do que o normal, com as luzes em tons de vermelho e dourado transformando o ambiente num lugar claustrofóbico demais para alguém que andava evitando até os próprios espelhos.

Ela articulou algo com os lábios. Devagar. Clara. Precisa. Matteo deveria estar prestando atenção. Mas tudo nele se fixou na forma como ela movia a boca — no contorno perfeito, no leve brilho do batom que parecia recém-retocado, na forma como ela dizia cada palavra como se fosse uma sentença. Matteo sentiu o ar preso no peito. Um calor estranho subiu pelo pescoço, e não era só pela iluminação ou pela proximidade. Era a forma como ela dizia aquilo. A forma como os olhos dela não recuavam.

Ele piscou, tentando retomar o controle. Tentando se lembrar de que era só um jogo idiota com frases aleatórias. Mas não soava aleatório. Tirou um lado do fone com a ponta dos dedos. A voz saiu mais baixa do que esperava, “que tal tentar algo mais inofensivo? Uma palavra?” Porque ele estava confuso se estava entendendo aquilo como uma palavra ou uma provocação. Colocou o fone de volta antes que ela pudesse responder, como se precisasse se proteger da resposta. Mas o estrago já estava feito. Ele ainda sentia o calor dos próprios pensamentos queimando sob a pele.

Matteo Já Tinha Certeza De Duas Coisas — Primeiro, Definitivamente Não Queria Estar Ali. Segundo,

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Mais uma dinâmica na qual não queria participar mas se sentia ao menos na obrigação de tentar. Não era a pessoa mais divertida, nem a mais animada para esses jogos, ainda mais com toda aquela decoração romântica a sua volta que quase parecia a sufocar.

Mas antes que cogitasse sair dali, avistou a imagem familiar e se aproximou, sem rodeios e sem demora, o empurrando na direção onde pudessem jogar. Matteo parecia um pouco perdido, sem nem entender o que estava acontecendo, muito menos o motivo dos olhares os encarando. Scarlet, por sua vez, não dava a mínima para as pessoas ao redor, apenas queria entender onde aquela dinâmica os levaria.

Toma. - Entregou-o o fone, deixando claro como que se iniciaria a brincadeira. Ambos ficariam sentados um na frente do outro, precisando interpretar exatamente o que o outro dissera. - Calma, duas palavras! - Tentou deixar claro que era algo duplo, e ao menos isso ele entendera... Respirou fundo, negando com a cabeça e pensando em só dizer o que precisava. Já havia recebido uma orientação, falar de coisas marcantes de si, do outro, alguma qualidade, mesmo que não se lembrasse muito das de Matteo. - Lábios vermelhos. - Não podia fazer mímica, não podia mostrar, então ele teria que realmente prestar atenção e se concentrar. - Lábios vermelhos. - Repetiu mais uma vez, pausadamente, com o máximo de calma que conseguia.

Mais Uma Dinâmica Na Qual Não Queria Participar Mas Se Sentia Ao Menos Na Obrigação De Tentar. Não

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4 months ago

Deu um curto aceno de cabeça para indicar que não havia sido um grande problema. Matteo estava ciente, em primeira mão, em como aquela atenção era chata. Os olhares que o acompanhavam para todo lugar nunca foram tão intensos quanto agora e tinha a sensação sufocante que as pessoas colocavam mais esperança naquela história do que deveriam. Ele nem ao menos acreditava que aquele grupo de desajustados tinha poder de mudar alguma coisa. Porém, se não podia ajudar toda a população, ao menos pode ajudar, Christopher. O que ele deveria realmente agradecer é que elas não olharam ambos como dois pelo preço de um. Talvez a sua fama de rabugente estivesse sobressaíndo ao seu título de solteiro cobiçado. Ou talvez estivesse esperando que eles sutilmente estivesses num encontro. O que, para Matteo, era um pensamento ridicularmente cômico. A ideia de Christopher ser sua 'alma gêmea' parecia tão impossível quanto Camilo Ricci. Se ele acreditasse em um destino cósmico, eles provavelmente seria uma piada cósmica para todos. O que, além do local em que nasceram, tinham em comum? Ele olhou Christopher de cima a baixo ─ tudo bem, não o conhecia de verdade, mas entre sua amizade com aquele que era seu nêmesis, sua profissão e a sua cantoria pelos bares da cidade, Matteo não via nada em comum entre ele. "Aparentemente alguém começou um rumor que se você transar com um reencarnado, você consegue se apaixonar," respondeu meio sem emoção. Ouviam rumores diferentes sobre os reencarnados todos os dias. Os rumores em relação à maldição estava começando a sair do controle desde que Olivia anunciou para todo mundo em praça pública a confirmação deles. Não que ele já tivesse aceitado essa condição. Matteo não se colocaria naquele grupo tão cedo. A distoância entre eles é nítida, mas ele não estava desconfortável com o novo companheiro do dia. Talvez porque estivesse no único lugar onde se sentia verdadeiramente a vontade, talvez a cada dia que passasse se importasse menos com o status. A confusão mental que o dia na cachoeira trouxe parece menos assustadora a cada dia que passava. "A menos que você queira voltar para os urubus," ele disse, olhando por cima do ombro para as mulheres. Elas já tinham se dissipado, mas ele ainda pegou uma ou outra olhando furtivamente para o homem. Seu suspiro foi longo, mas não se pendeu muito nos outros. Não era comum para ele ter um companheiro, a menos quando estava treinando alguém especificamente. Não era exatamente o caso dele, mas não duvidava que a forma de Christopher em um exercício ou outro seria o suficiente para lhe irritar e fazer com que ele mostre o correto. "Você tem um plano?" Ele perguntou, ao menos para ele era óbvia a referência ao plano de exercício, ao que iria fazer na academia, ou ao menos qual músculo iria trabalhar. Se iriam enfrentar aquele dia juntos, tinham que ao menos estar nos aparelhos próximos.

Deu Um Curto Aceno De Cabeça Para Indicar Que Não Havia Sido Um Grande Problema. Matteo Estava Ciente,
Christopher Estava Longe De Ser Um Exemplo De Dedicação Ao Condicionamento Físico. Fazia Apenas O

Christopher estava longe de ser um exemplo de dedicação ao condicionamento físico. Fazia apenas o necessário para manter a estética dentro dos seus próprios padrões e, depois, agradecia silenciosamente ao universo por ter sido agraciado com uma boa genética. Diferente do prazer genuíno que sentia ao passar horas sozinho, dedilhando as teclas do piano ou as cordas do violão, a academia lhe causava uma sensação quase claustrofóbica — especialmente em dias lotados como aquele. O espaço tomado por corpos suados, aparelhos disputados e, pior ainda, a presença inevitável de indivíduos cuja relação com o desodorante parecia inexistente tornava tudo ainda mais desagradável. Ainda assim, fazia questão de ir um pouco além do mínimo. Confiava na sorte, mas nunca a ponto de depender apenas dela.

Naquele dia, Christopher se arrependeu de cada gota de combustível desperdiçada para chegar ali. Assim que cruzou a entrada, foi imediatamente cercado por uma enxurrada de pessoas, todas ávidas por respostas que ele não queria — ou simplesmente se recusava — a dar. Perguntas sobre a maldição, sobre quem ele achava ser sua suposta alma gêmea e uma infinidade de outras especulações ecoavam ao seu redor, tornando impossível fingir que não as ouvia. Foi então que uma voz masculina se destacou no meio do burburinho, chamando por ele. Ao virar-se na direção do som, Christopher avistou Matteo. "E aí, Matteo. Já estava achando que ia se atrasar no primeiro dia." Apesar da falta de proximidade entre eles, reconhecia o outro perfeitamente — não apenas pelas incontáveis vezes em que ouvira Camilo xingá-lo, mas também pela fatídica noite na cachoeira. Não tinha uma opinião formada sobre Matteo, mas, naquele momento específico, depois de ser salvo daquela multidão insuportável, o cara facilmente poderia ocupar o top cinco de sua lista de pessoas favoritas.

"Valeu por isso." Murmurou em um tom mais baixo assim que se afastaram do grupo. Ainda lançando um olhar discreto por cima do ombro, como se temesse que os curiosos voltassem à carga, Christopher fez uma careta antes de resmungar: "Por um momento, achei que era uma carcaça cercada por urubus." Endireitou a postura, tentando recuperar um ar de normalidade e evitar atrair mais atenção indesejada. Depois, voltou o olhar para Matteo, avaliando-o rapidamente antes de soltar, com um misto de simpatia e incerteza: "Isso quer dizer que o treino de hoje vai ser em dupla...?" O tom era amigável, mas a hesitação era perceptível. Afinal, não se conheciam de verdade, e Christopher ainda tentava decifrar qual seria a melhor maneira de lidar com ele.

Christopher Estava Longe De Ser Um Exemplo De Dedicação Ao Condicionamento Físico. Fazia Apenas O

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4 months ago

Não podia culpar Christopher por não querer se envolver com aquelas mulheres. Existiam maria-chuteira, maria-gasolina, e agora, infelizmente, parecia que podiam cunhar o termo maria-maldição. Não que ele esperasse que Christopher fosse alguém que gostasse da atenção o tempo todo, como seu melhor amigo (ou talvez fosse exatamente o que esperava dele). Já Matteo, que estava acostumado com a atenção que ganhava na cidade, estava cansado da nova onda de atenção. Antes a atenção ao menos fazia algum sentido. Fosse pelo seu corpo ou por sua falta de disponibilidade, ao menos era por algo que ele fez, e não uma coisa completamente alheia a ele. Mas estava aprendendo a ignorar, afinal era tudo que podia fazer. Já tinha que lidar com as demandas de Zafira e com a loucura que era uma daquelas pessoas serem "sua alma gêmea", ele não precisava adicionar nada para que sua cabeça estivesse pior do que quando tentava passar pelo ensino médio sem Neslihan para ajudá-lo.

“Eu faço luta,” ele disse distraidamente. Não que fosse o que ele iria fazer naquele dia, mas de certa forma havia se prendido ao outro rapaz, então o mínimo que podia fazer era alinhar o que fossem fazer, “mas não pulo a musculação.” Matteo sabia o que certas pessoas pensavam dele, mas naquele lugar ele não podia ser questionado sobre o que fazia. Seu hiperfoco com seu corpo havia se tornado indiscutível e essa era, possivelmente, a razão pelo qual ele havia aprendido sobre exercício físico e alimentação de forma certeira. "Prefere começar com costas ou braços?" Matteo perguntou, focando naquilo que podia controlar e sem sair muito do assunto de onde estavam. Afinal, se não fosse pela maldição, o que mais ele e Christopher teriam em comum?

Não Podia Culpar Christopher Por Não Querer Se Envolver Com Aquelas Mulheres. Existiam Maria-chuteira,
Christopher Pressionou Os Lábios Ao Ouvir A Menção Do Rumor. Seria Camilo O Responsável Por Espalhá-lo,

Christopher pressionou os lábios ao ouvir a menção do rumor. Seria Camilo o responsável por espalhá-lo, ou teria sido obra das mulheres que festejaram com eles naquela noite? No fim das contas, pouco importava. Conhecendo os habitantes de Khadel, aquele boato ainda ecoaria por um longo tempo. Pelo menos agora, ele já poderia se preparar para situações como aquela. "Sempre tem um imbecil " murmurou, tentando disfarçar o fato de que tinha quase certeza de quem era o culpado. A fala seguinte o fez virar levemente a cabeça na direção do grupo que, instantes antes, quase o engolira vivo. Embora não estivessem mais o encarando descaradamente, ainda lançavam olhares furtivos em sua direção. Estariam imaginando que ele e seu companheiro estavam em um encontro? Se algo do tipo chegasse aos ouvidos de Camilo, Christopher já conseguia prever os xingamentos que receberia. "Ah, não. Vim buscar um pouco de força para matar meus leões do dia, não para trocar de animal" resmungou, franzindo o cenho antes de voltar o olhar para frente.

"Bom, eu treino luta aqui. Muay Thai, para ser mais exato" disse em um tom casual. "Normalmente, faço alguns exercícios antes do sparring." Com um leve movimento de cabeça, apontou na direção do ringue, onde duas duplas trocavam golpes em sequências bem ensaiadas. Os ecos dos impactos ressoavam pelo ginásio, misturando-se ao cheiro de suor e couro desgastado. As vezes era complicado refrear a vontade que tinha de sair passando desodorante das pessoas ali dentro. "Mas, pelo que estou vendo, meu mestre esqueceu de me avisar que não viria trabalhar hoje " acrescentou com um toque de sarcasmo, dando de ombros. Ele então voltou a encarar Matteo, estudando-o por um instante. O que ouvira de Camilo deixava claro que Matteo não era exatamente o cérebro mais afiado de Khadel, mas seu físico evidenciava que ali era possuía plena noção do que fazer, o que por sua vez fazia com que Christopher ficasse menos recesseoso ao segui-lo em um treino. " Você faz alguma luta também ou fica mais nos aparelhos? É parecido o suficiente para conseguirmos encaixar algo?"

Christopher Pressionou Os Lábios Ao Ouvir A Menção Do Rumor. Seria Camilo O Responsável Por Espalhá-lo,

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4 months ago

O fato de que havia aceitado um encontro deveria ter sido um motivo de fofoca, mesmo que a pessoa com quem ele havia aceitado o encontro fosse Helena Sorrentino. Matteo normalmente dava motivos para as pessoas fofocarem exatamente pelo número de encontros que ele não aceitava e o fato de que apenas a estrela de cinema havia sido suficiente para fazer com que ele mudasse de ideia certamente iria aumentar o conto de que ele achava que ninguém era bom o suficiente para ele. Ninguém podia ver as engrenagens da sua cabeça trabalhando arduamente para fazer sentido de toda aquela história.

E pouco fazia sentido.

Talvez se fosse mais sociável já teria tido as respostas que gostaria e poderia sair dali vitorioso, mas, no momento, ele arranhava o tampo da mesa distraidamente com uma das unhas para manter-lhe presente no encontro enquanto evitava ir muito a fundo na sua psique. Era claro que o encontro era desconfortável para ele, sempre numa posição de defesa, mas parecia inocente suficiente pelo olhar externo. A música, as pessoas, as péssimas vozes massacrando a música escolhida no karaokê... Não havia nada naquela situação que o fizesse mais confortável e sabia que não deixava as coisas mais fáceis para Helena. Mas uma das coisas que havia aprendido era a determinação de levar as coisas até o fim. E, assim, ele veria aquele encontro com Helena até o fim, por mais desastroso que acabasse sendo. As palavras dela lhe atingiram como um caminhão, já que ele nunca havia imaginado uma vida fora de Khadel e, agora, simplesmente ele era forçado a imaginar as coisas mais frutíferas e longínquas em um curto espaço de tempo. Matteo não sabia se estava disposto a vida que Helena poderia lhe dar, assim como ela bem decididamente não estava propensa a vida que ele tinha em mente. Ele poderia ganhar muito, mas tinha que estar aberto também a abrir mão de muito.

Ele franziu as sobrancelhas com leve confusão. Matteo não precisava que ela apontasse que a fama que cada um deles possuia era diferente. Mas a fama que ele possuía não era algo que ele desejou ou buscou. Um acidente do destino. Não podia necessariamente reclamar, afinal, era responsável por ele ter uma vida financeira mais estável que sua mãe jamais teve, porém sempre revirava os olhos com a atenção que recebia. E, particularmente em Khadel, Matteo recebia bastante atenção. Ele sempre quis ser incluído, ser tratado como um deles, mas mesmo com tudo que havia feito para se encaixar, não poderia se sentir mais deslocado. Tentou desviar do assunto inicial ─ gostava de música, definitivamente não iria cantar ─ e aproveitou o toque sutil dela para entrar no assunto que eles realmente deviam dar atenção. Tudo poderia mudar dependendo do que ela acreditasse. Se Helena realmente acreditasse na maldição, ela estava buscando encontros românticos e ele seria uma péssima escolha, ainda mais no Loft. Deveria ter chamado o Christoper! "Então você acredita que existe uma maldição?" Matteo levantou uma sobrancelha com a pergunta. Ainda estava descrente em relação ao status da maldição, mas estava definitivamente curioso com os acontecimentos recentes, e era aonda mais buscava respostas dos supostos encarnados.

O Fato De Que Havia Aceitado Um Encontro Deveria Ter Sido Um Motivo De Fofoca, Mesmo Que A Pessoa Com

As musicas de fundo e a movimentação das pessoas no local eram uma distração bem vinda para os mil pensamentos que passavam na cabeça de Helena. Já tinha falado com seus fãs e, com o pedido para que pudessem deixá-la aproveitar a noite como eles, ninguém realmente parecia notar o quão estranho era a relação do casal. A risada, porém, saiu dos lábios da negra que negou com a cabeça rapidamente para aquela pergunta "Eu posso estar gostando dessa calma, mas certeza que eu surto se ficar mais do que algumas semanas nesse lugar." respondeu leve encostando o corpo na cadeira brincando com o canudo da bebida despretensiosamente. Sua mente vagava em alguma forma de quebrar o gelo sem ficar parecendo uma esnobe ou uma idiota. Normalmente as pessoas vinham super animadas e interessadas em conversar consigo, então o jeito mais retraído do homem a deixava desconcertada. Só que tinha se proposto fazer dar certo "Sem querer desvalorizar seu trabalho, mas essa fama de Instagram é bem diferente do que eu vivo. Isso aqui..." ela fez um sinal para o bar inteiro como se pudesse sinalizar a situação que estavam "Não aconteceria onde moro. Estar entre os civis sem uma câmera apontada para mim, sem o furor dos fãs... Ou pelo menos não sem pagar o dono do restaurante." ela deu um suspiro saudoso, mas acabou por dar uma risada discreta negando com a cabeça. Amava aquela vida. Não lhe custava atender o publico, tirar fotos, gravar textos... Na verdade ela amava como valorizavam seu trabalho, então gostava ainda mais quando os olhos voltavam para si. Ela até ia oferecer o gostinho de sua vida, talvez um story no instagram, na esperança de abrir um pouco mais aquelas barreiras, mas achou que seria pretencioso demais querer comprar alguém assim na cara dura "Gosta de musica? Digo, estamos num karaokê... Seria um belo fora se tivessem te botado aqui contra vontade. Não sei os critérios que estão usando para decidirem quais são os melhores lugares... Mas temos que convir que não tamo sabendo é de nada com esse lance da quebra da maldição..."

As Musicas De Fundo E A Movimentação Das Pessoas No Local Eram Uma Distração Bem Vinda Para Os Mil

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2 months ago

Matteo arqueou uma sobrancelha. Se aquele era o caso, se ela não se lembrava que ele existia, por que ela parecia se importar tanto com ele e sua opinião? Ou por que sequer estavam tendo aquela conversa? Ele sentia que o ponto de tudo havia passado por cima da sua cabeça e agora ele estava tentando montar um quebra-cabeça que as pessoas não se encaixavam. Matteo era do tipo que tinha uma quantidade muito limitada de atenção para dar, e agora ele só sentia que estava perdendo atenção desnecessariamente naquela conversa. "Eu não falei que você está forçando isso, falei?" Perguntou, falhando para ver onde ele tinha dito isso. Talvez Matteo fosse muito literal e não conseguisse fazer conclusões que não fossem muito óbvias, e talvez fosse isso que ela estivesse fazendo ─ tirando conclusões. Porém, as conclusões eram baseadas nas experiências de vida de cada um e, Matteo e Helena eram muito diferentes. Não esperava que eles teriam o mesmo ponto de vista. "O ponto todo de você acreditar nisso é que você está... tentando demais," Matteo se sentia sufocado. Será que ela não conseguia ver isso? Ele não era a pessoa que sentava e falava sobre milhões de assuntos por segundo, ou que abria seus sentimentos para qualquer pessoa. Tinham coisas que nem escrevia em seus diários. "E talvez você tenha razão, e ninguém seja inacessível, mas não necessariamente todo mundo tem o privilégio de acessar todo mundo, sabe?" A maioria das pessoas não conseguia ver quem era o Matteo de verdade ─ era assim que ele gostava, era assim que ele se sentia confortável. "E como você sabe disso? Nenhum de nós amou alguém." Havia escutado com atenção, mas não aguentou e comentou. Afinal, para ele não tinha uma maneira certa e uma errada, mas existia milhões de possibilidades de como eles poderiam se sentir ─ nenhum sentimento era realmente igual ao outr. "Você pode ler milhões de histórias de amor, e elas vão ser diferentes." Deu de ombros, pedindo um espresso. Ainda não tinha fome. "A forma em como você tentou me conhecer me deixa... me deixa encurralado. Eu não gosto de me sentir forçado. E foi assim que eu me senti." Ela não queria a verdade? Era essa a realidade. Para Matteo, talvez Helena fosse demais. Ou talvez eles apenas tivessem começado tudo com o pé errado. "Não tem pelo que você pedir desculpas," assim como ele não achava que precisava pedir desculpas. Eles apenas estavam sendo quem eles eram e ele preferia aquilo do quer ser forçado a ser legal. E, bem, se ela tivesse problema com isso, não tinha muito mais que ele poderia fazer.

Matteo Arqueou Uma Sobrancelha. Se Aquele Era O Caso, Se Ela Não Se Lembrava Que Ele Existia, Por Que

FLASHBACK

Helena inclinou a cabeça, observando Matteo enquanto ele falava. Primeiro, ela arqueou uma sobrancelha. Depois, ela deixou escapar uma risada baixa, sem humor sair dos lábios incredula. "Devo me sentir honrada ou ofendida?" O olhar dela deslizou pelo rosto dele, avaliando. Matteo falava como se não tivesse um pingo de interesse, como se realmente não se importasse. Mas Helena já havia lidado com esse tipo de defesa antes. Afinal, ela mesma já tinha usado. “Bem, não posso dizer que não te entendo.” Sua voz saiu calma, sem qualquer traço de irritação. “Não somos próximos, nem nada, mas… sei lá.” Ela tentou encontrar as palavras certas. Não era uma garotinha implorando por atenção, mas também não era ingênua. Sabia que a chance de tê-lo ao seu lado, caso ambos escolhessem, existia.

Ela suspirou, apoiando o queixo na mão enquanto um sorriso discreto brincava em seus lábios. “Matteo, eu sou atriz. Vivo cercada por homens que acham que são a coisa mais inacessível do mundo. Sabe qual é a parte engraçada?” Seus olhos brilharam com uma pitada de provocação, mas ao mesmo tempo com uma sinceridade rara nos dias atuais. “Ninguém é completamente inacessível.” Ela se recostou na cadeira, cruzando as pernas com a elegância automática de alguém que passou anos sendo treinada para brilhar sob os holofotes. “Mas relaxa,” continuou, como se estivesse apenas comentando sobre o tempo. “Você realmente acha que eu estou tentando forçar alguma narrativa de alma gêmea? Eu mal te conheço. Honestamente? Até antes de tudo acontecer eu nem lembrava de você.” Seu tom não era cruel, apenas factual. Ela deu um leve dar de ombros antes de soltar um suspiro suave. “O amor não é mágico como nos filmes. Ele não acontece em um instante perfeito, com trilha sonora ao fundo.” Seus dedos deslizaram distraidamente pelo cardápio sobre a mesa. “O amor é uma construção. Uma escolha diária. Porque, no fim, se você não escolhe todo dia ficar com alguém, como diabos vai conseguir aturar essa pessoa? Eu quero poder escolher amar minha alma gêmea. Quero olhar para a pessoa e sentir orgulho, carinho, desejo de estar junto, de voltar de viagem e...” ela novamente suspirou desviando o olhar para o cardápio, ver o amor acontecer era lindo, mas nunca senti-lo? Isso a agoniava "Só queria poder te conhecer por trás de tudo isso que você criou... Mas entendo seu ponto. Desculpe por qualquer coisa"

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thematteobianchi - When I'm fucked up, that's the real me
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