as vezes, quando sozinho em sua casa, hunter esquecia o que era pertencer a algum lugar. o que pouco se era dito, é como o ápice era um estado vazio, com muitos segredos em seu peito que não havia como explanar. por isso, estar ao meio de seu grupo causava uma sensação estranha. algo entre pertencer e uma vontade de fugir do local. ser ameaçado de morte, para hunter, era o menor dos problemas. havia deixado de ser algo novo e parecia mais como um dia comum de sua vida. porém isso não significava que sua mente se esquecia de anos anteriores, onde tudo aquilo era real, o ódio era real. ele não sabia como sobreviveu por tanto tempo na floresta. ou como o seu destino havia o levado até ali, com tantas pessoas diferentes carregando uma conexão de um mesmo caos interior. os olhos, então, repassam por cada um deles. cassandra, basil e adalind. o que, depois de anos, ainda tinham em comum? suas memórias cujas quais ainda queimavam fortes, principalmente quando os gritos do lado de fora eram fortes e lembravam a hunter algo muito mais interno que apenas uma revolta. algo guardado a sete chaves. as caçadas. se expusesse as lembranças, levaria aquilo a ser real novamente, e como aquilo poderia, mais uma vez, ser real? ❛ se quiserem me matar, façam isso logo. vocês sabem que não sou de implorar. ❜ a voz é firme o bastante, mas falta algo. não há medo, por mais que o olhar de basil lhe cause calafrios. hunter sabe que eles são capazes de o matar, não há dúvidas disso. entretanto agora confia tanto naqueles três que entende que o trauma os quais viveram juntos os ligava de uma forma muito mais interna do que qualquer terapia poderia o fazer. ❛ mas se querem cobrar, é melhor me sequestrarem e pedirem algo enquanto estou vivo. meu rostinho vale mais inteiro. ❜ o olhar convencido passa por todos os integrantes daquele pequeno e estranho grupo. o pior a si, ou talvez melhor, era ter a certeza de saber que aqueles eram os seus. ❛ uou, nada disso de cabeça minha em quarto de horror. mais respeito com a minha morte, por favor?! ❜ há um ligeiro movimento ao que protege seu próprio pescoço, aterrorizado falsamente com a ideia de perder a própria cabeça. ❛ você é uma piadista, querida. nem tente chegar perto. ❜ embora exista uma risada falsa, também há seriedade. o que um homem presa mais do que sua masculinidade? difícil saber.
porém se o clima humorístico era mantido anteriormente, sente que quando a informação de que um deles se machucou é exposta, um véu decaiu sobre os sobreviventes. não tinha muita ligação com nenhum dos outros em particular. todos que importavam a si estavam ali, sem exceções. mas há um choque no olhar e uma curiosidade em saber quem havia sido atingido por aquela droga de cidade. ❛ que merda. ❜ consegue proferir, a voz sai rouca enquanto toma mais um gole do vinho direto da garrafa. não há modos ou sequer resquícios do artista de cinema ali. era apenas hunter, o homem que sobreviveu a um acidente de avião para ser caçado por idiotas de uma cidade do interior. as vezes, só pensa por qual motivo decidiu voltar para o funeral, ninguém ligaria se um artista de cinema famoso houvesse deixado de ir. mas o escondido estava nas entrelinhas: a lealdade entre os sobreviventes permanecia. podiam se odiar, ou até agir como se não se conhecessem. mas eram leais uns aos outros de uma forma difícil de explicar. era como laços de sangue, impossível de ser quebrado. ❛ não acho que alguém morreu. se não a policia já teria dado jeito nisso. ❜ a esperança o compõe, enquanto se embriaga com líquido doce que adentra a glote. sabe porém, que apenas o vinho não será capaz de confortá-los naquela noite. ❛ vocês acham mesmo que vai ter um próximo? ❜ a pergunta surge mesmo com a resposta ressoando em sua mente. um sonoro sim. quando estavam na floresta, ela sempre queria mais e mais. até darem tudo que tinham, ficando apenas como cascas comandadas pela imensidão verde que os tomou. a fala de adalind o fez revirar os olhos, sem carregar a transparência da própria crença. ou pelo menos tentando até a explicação de basil. ❛ aqui se faz, aqui se paga. não é esse o ditado? se forem cobrar os males que fizemos... vocês já estão preparados para sofrer? ❜ os olhos recaindo agora, por @morgcncassie, esperando que, por alguma imprevisto do destino, fosse ela a dar uma resposta que os tirariam de toda aquela angustia.
enoja a mísera ideia vitimista de se prender no e se . embora fosse involuntário — tal qual a cerne humana — ponderar sobre o quão imperturbável estaria se estivesse a quilômetros . pensa no próprio apartamento ; o consultório largado às traças . no glossário de pacientes que ligam , dia após dia , rogando por explicações ante a acusação . afinal , não é todo dia que o rosto de cassandra estampa uma manchete sanguinolenta e hecatombe . a última vez , por exemplo , foi a quinze anos quando ainda não havia uma índole a zelar . o que assimila do mau presságio — além da insânia tortuosa , é de que sem luz não prevalece contato com o cosmo externo . o extrínseco que equivale à sua verdadeira existência não lhe perturba ao menos em efemeridade . o desassossego agora é outro , porém . preservar o resquício de privacidade e segurança diante os abutres ; jornalistas e civis famintos por carnificina . sangue se paga com sangue . é a prima assimilação que tem ao vislumbrar do vinho ; o escarlate sendo uma recordação palatável do período na floresta . você chegou na hora certa na verdade . o cumprimento caloroso e afável ao abraçá-la com esmero , a taça de vinho sendo equilibrada na mão esquerda . bash estava decidindo fazer uma referência bem simbólica a the purge . e não conseguiria impedi-lo , isto é se não fosse cultivada pelo fascínio do ímpeto para tomar a arma em suas próprias mãos . hunter tem um alvo e tanto na testa . limitou-se a dilucidar parte do escárnio para com o qualley , a mão direita que se ocupa em segurar uma garrafa de vinho ao examiná-la com esmero . nada como uma boa dose de álcool para nublar e perturbar a psiquê . quanto você acha que vale a cabeça dele , ada ?
reclinou a cabeça para o lado , o riso ávido repercute quando se dedica a contemplar a janela quebrada . um último ritual antes de resolverem incinerar a casa ? é bem poético , sabe . não se ilude com a boa conduta — ou mísera competência policial — para resguardar a segurança deles . quanto tempo até matarem um de nós ' pra devolver a morte do delegado ? quase sibilou a pronúncia com entretém , embora não ouse elucidar ao preferir tomar pose de mais uma taça . por sorte o marido é um excelente anfitrião , de modo que sorri em genuína cumplicidade para ele . quanto sentimentalismo . se querem tanto um quarto ' pra trepar , segundo andar próximo a direita . o quarto de hóspedes , embora não saiba se basil fez alguma alteração no projeto durante os últimos dois anos em que esteve fora . apartada de todo aquele pandemônio internalizado . sei tanto quanto vocês . que o melhor é não sair sozinho . a menos que queira tomar um tiro na nuca . um convite intrínseco para que fiquem , de modo que busca oferecer a taça de vidro para cada qual , ocupando-se a preencher com o líquido rúbido . não sei vocês , mas não quero ir em outro funeral tão cedo . que seja a cerimônia ou suavidade , os dígitos logo abandonam a taça sobre a mesa para segurar uma das garrafas . @adalznd
após anos trabalhando com atuação, hunter possui um costume lidar com mentiras e histórias criadas e facilmente manipuladas. ele era bom até demais em explanar falsidades, algo que se tornou prática em seu dia a dia. na maior parte do tempo, era incompreensível a ele que outras pessoas fossem incapazes de manipular a verdade para seu próprio beneficio. pensar em como poderiam ser tão inúteis era algo que não saia de sua mente. ❛ vocês tem que aprender a responder o que eles querem de uma maneira bonita. ❜ mesmo depois de anos, nunca havia dito uma palavra errada. hunter era consistente em sua história e mesmo assim deixava repórteres com sorriso no rosto. ❛ não foi nada fácil na floresta, mas eu não sei de nada. não foi culpa minha o que aconteceu com ethan e nem o que aconteceu com o delegado. eles eram boas pessoas. os admirava. ❜ apresenta uma atuação porca e suja que com certeza não lhe daria um oscar, mas o tirou da prisão. a única coisa que ainda o incomodava é o cárcere privado naquela cidade. ❛ você realmente está acreditando em uma teoria da conspiração, nicholas? não esperava isso de você. ❜ tenta segurar a risada mas é incapaz. hunter se surpreende como todos tratam aquilo como se fossem parte de uma seita, quando o que aconteceu foi simples. fizeram o que fizeram para sobreviver, nada mais. ❛ pensei que teria aprendido depois de todos esses anos. ❜
open starter, timeline atual - pós acidente.
A cidade estava imóvel naquela hora do dia em que até os sons pareciam conter a respiração. Era madrugada e Nicholas estava observando o túmulo de Ethan. Não havia ninguém por perto ou pelo menos era o que ele pensava, até ouvir passos leves sobre a brita. Ele não se virou. Apenas acendeu o isqueiro e deixou a chama acender por nada, por hábito. Sentiu MUSE se aproximando ao lado dele e ele não falou por um tempo. — Parece que não vão parar de nos perguntar as mesmas coisas. — A voz disse, neutra, sem nome, sem peso. — Como se repetir a pergunta fizesse a resposta mudar. — Nicholas passou a mão no rosto. O cansaço começava a parecer parte de sua pele. — Eles querem uma história que caiba no que sabem do mundo e tenho a desconfiança de que logo estaremos como ele. — Apontou para a lápide do antigo colega agora morto. — O delegado não merecia aquilo. — Era mais uma constatação do que um julgamento. — Mas acho que isso é só o começo.
❛ você está com uma cara péssima. ❜ há uma tênue que separa as provocações de uma singela preocupação. anos atrás, teria levado um soco na cara por um simples comentário como aquele e teria sido muito merecido. não sabe o que mudou, quando mudo e o porquê. mas havia acontecido e, agora, de alguma maneira, hunter havia iniciado a se preocupar verdadeiramente com cassandra, ao ponto de mandar mensagens de textos (o que era de uma forma óbvia, função da sua agente e não sua). ❛ vim te buscar para um passeio. ou sequestro, o que achar melhor. ❜ tem que segurar a própria língua para não fazer piadas sobre cadeia, mas busca ser forte naquele momento. não quer parecer um idiota completo, mesmo ela sabendo que ele já era um. ❛ só para constar, você não tem escolhas. então entra no carro. se eu tenho que ficar de cárcere nessa cidade, vai ter que me aturar. ❜
@morgcncassie
hunter não se importava com o que ela achava dele. na maior parte do tempo, curtia ser odiado, pois era como um brinde: daquela forma, todos ficavam longe, evitando contatos indesejáveis. e mesmo assim eliza insistia em vir o irritar. ❛ eu também conseguiria fazer isso. olha só: as 10, irritar quem está quieto. as 11, ir ver se alguém está tendo paz para tira-la. e se eu estiver atoa, sempre tem mais pessoas para encher o saco. ❜ mimetiza as funções, indicando na tabela como se estivesse checando uma por uma. em outro momento, poderia até fingir que entendia o que ela fazia, mas não estava disposto a ser empático naquele instante. muitas coisas ocorriam para que seu humor se encontrasse péssimo. ❛ grupo de vigília? acordada a noite? não era como se conseguíssemos dormir com frio e fome antes da cabana. ❜ a sinceridade e amargura de sua voz é reflexo de seu âmago. a olha sem tanta emoção, pensando em como poderia expulsa-la daquele local. se a jogasse no lago, poderia ficar quieta? ❛ então porque não continuam tentando sobreviver sem mim? já que estão indo tão bem. ❜ a dúvida fica ao ar. não precisam dele ali e hunter preferia assim. quem sabe em algum momento poderia decretar sua independência e sair do meio de todos? ❛ buscar água? ❜ a risada é alta, quase humorística. ela acreditava que aquele show iria o convencer de verdade? ❛ e é você quem vai me obrigar a isso, eliza? ❜
Eliza fechou as mãos em punhos quando ele pegou sua tabela, contendo-se para não avançar em cima de Hunter e arrancar o papel das mãos dele. Provavelmente rasgaria tudo no processo e eles mal tinham conseguido recuperar papel o suficiente para que ela pudesse desperdiçar assim — mas que fique registrado que se não fosse o caso, estaria disposta a entrar na disputa física com o colega. "Talvez seja porque eu posso me lembrar das minhas próprias responsabilidades, Hunter! Você, nitidamente, não conseguiria fazer isso." Chegava a ser absurdo que ele estivesse sugerindo que poderia ficar com uma das tarefas de organização, quando não se importava com o coletivo. Liz tinha suas manias de controle, mas pensava em formas de ajudar todo mundo. Estava sempre tentando fazer o certo. "Para a sua informação, eu estou no grupo de vigília desde a primeira vez que começamos a nos organizar dessa forma, antes mesmo de virmos para a cabana." Não que devesse satisfações, mas a forma como ele a expôs a irritou profundamente. Liz levava o trabalho em grupo a sério e ser comparada a alguém que mal se levantava para ajudar era inaceitável. "Não somos todos igual você, encostados! Estamos tentando sobreviver aqui. Como espera sair desse lugar com vida sem organização?!" Diminuiu a distância entre os corpos e esticou o braço para pegar sua folha, puxando-a dele. "Você vai buscar água." Disse em tom de voz seco, sem deixar espaço para protestos. Já não estava mais disposta a discutir. "Mas posso até ir junto dessa vez, se quiser. Porque, sinceramente, estou começando a achar que até encher um balde você não sabe fazer. Colocavam a água direto na sua boca em casa, Hunter?"
é claro que hunter poderia tentar ser menos insuportável, mas na maioria das vezes o que o falta é o querer. ser completamente irritante era uma das qualidades incomparáveis que ele tinha, provavelmente o motivo que havia conquistado adalind anteriormente. ❛ ser eu é tipo um charme. pensei que você ia concordar, docinho. ❜ usa um apelido brega com uma voz doce de propósito, provocando a garota enquanto a observa caçar. a ação faz até com que queira ajudar, mas o orgulho é maior, tal qual o medo de fracassar. se não fosse bom em algo simples, como lidaria com a vergonha? ❛ achei que você me beijava porque eu sou gostoso. você sabe que irritante sou um tempo todo. ❜ prefere levantar e entrar na água, observando os peixe enquanto tromba o ombro no dela, com cuidado para não machuca-la apesar de tudo. ❛ você fica uma graça tão concentrada. mas tenho certeza que os peixes daqui já desistiram de você. ❜ a voz é baixa como um sussurro, pegando abaixando-se para que pudesse a molhar com a água do riacho.
“ por cinco minutos! você poderia não ser você só por cinco minutos?! ” praticamente implorou em tom alto, a linguagem corporal dizendo o necessário — bateria nele e em quem mais inventasse de perturbá-la enquanto ela tentava acertar um peixe com a lança improvisada. seus pés congelavam por estar dentro da água gelada, mas adalind ainda estava ali de bom grado tentando pescar o suficiente para alimentar todos. os olhos se estreitaram na direção do rapaz, mas não pôde manter a pose por muito tempo, o rosto sério se desmanchando em uma risada frouxa. em parte por estar estressada e desacreditada que @qualleyh parecia estar ali apenas para tirar sua paz. “ meu deus você é inacreditável. mereço um prêmio por ter conseguido achar um momento em que você não estava sendo irritante pra te beijar. ” ela tentou se concentrar novamente, mas ainda tinha um ar de divertimento.
hunter pouco ligava para o que os outros faziam para sobreviver, desde que fizessem algo. era o tipo de pessoa que apenas desejava que tudo fosse resolvido e que, preferencialmente, não precisasse sujar suas mãos para isso. desde o acidente, pouco havia feito pelo grupo e carregava certo orgulho disso. era melhor do que gastar sua preciosa energia ou acabar ferindo seu caro corpo. ❛ mas parece decente. está de parabéns por isso, até que você conseguiu fazer algo útil. ❜ há acidez na fala que escapa pelos seus lábios e estala de uma forma ríspida. hunter mantém o sorriso ordinário em sua própria boca, sem temer a possibilidade de machucar ao próximo.
timeline passada
Muitos ficaram admirados quando Theresa se voluntariou para ajudar nas janelas, mas ela sabia algumas coisas que os outros não sabiam. Por ter ajudado imenso na catequese e feito peças de teatros para as crianças, ela sabia alguns segredos artisticos que poderiam ajudar mesmo com os poucos materiais disponiveis. Ela sabia que as janelas poderiam precisar de mais cobertura do que as tábuas, então criou um tipo de lama em que iria proteger e com cuidado, tapava os buracos que poderiam fazer entrar o frio "Infelizmente isto é temporário, vou ter que fazer isto novamente mais para a frente."
a lembrança do último encontro com cassie o causa arrepios. sabe que, ela não seria a primeira pessoa a acreditar em si e isso o desestabiliza um pouco mais do que deveria. ❛ você também não tem a cara mais sã dessa floresta, cassandra. ❜ as palavras surgem de uma maneira involuntária. pode sentir o ar faltando de seu corpo quase como se estivesse a beira de um ataque de pânico. ❛ jeito estranho de chegar perguntando as coisas. ❜ e embora pareça um ataque, hunter admite que é um reflexo do que passou. nunca havia visto nada como aquilo. em sua vida perfeita, morte era algo distante. os primeiros falecidos haviam sido as vitimas fatais do acidente. mas com mila era diferente, havia vida em seu corpo, falando com eles. e então houve a morte. ❛ você não acha muito suspeito esse acidente? a forma que ela estava naqueles galhos, cassandra? ❜ ousa expor o que não para de pensar, o que ocupa cada milimetro de sua mente de novo e de novo. ❛ é só um corpo, não há o que despedir. ❜ e embora exista pouco conhecimento sobre a pós morte, sabe que o que carregam é só uma casca sem vida. não existe mila mais. nada além disso. ❛ e não estou traumatizado. ❜ mais mentiras que, nem seu próprio eu acredita, mas que repetiria até que se passasse a serem verdades.
sim , você tem . parece em surto . a franqueza tem um quê de lisura ante a pronúncia de cassandra . não é por implicância que responde ; ora , não há porque discordar do que ele mesmo interpõe . não estou te acusando , só perguntei . como você está , embora tenha pleno juízo sobre o quão ambígua fora em seu questionamento . você não matou a mila , hunter . foi um acidente . é trágico , fodido e injusto . mas é o que é . carece de empatia para que medite sobre o quão frágil deve estar a psiquê de qualley . pressupõe o manifesto e visível por ser uma reação humana natural ; o trauma de tê-la encontrado . você não vai se despedir ? não é uma check-list póstuma , apenas questiona por não tê-lo visto quando a soterraram . aliás , não te ajuda em nada ficar falando sobre matar . proferiu em minúcia para alertá-lo sobre o óbvio , afinal ele não é uma criatura com estima por natureza . você ' tá traumatizado , qualley . todo mundo aqui está . só pega leve .
hunter sabe que a escuridão que recai sobre a cidade é um lembrete de que as coisas ainda não estão seguras. mas também entende que é incapaz de se manter mais uma hora preso. havia nascido para ser uma ave livre, não enclausurado. a moto que conserta na beirada daquela rua demonstra uma ação que não é usual, mas não podia fazer nada se o caos anterior havia atingido seus bens materiais. apenas torcia para que ninguém o visse ali. um astro do cinema mexendo em uma moto no meio fio? poderia ser uma chacota. ❛ espero que você não esteja tirando uma foto disso, eliza. vou querer direitos de imagem. ❜ a voz estala, olhando para a mulher a poucos passos de distância. hunter a observa por cima, tentando entender o que uma pessoa em sã consciência fazia perto do anoitecer em uma cidade fadada a loucura. ❛ você sabe que estamos em meio a uma epidemia de loucura? se eu fosse você voltaria para casa, pode acabar como a próxima afetada. ❜ a língua coça em sua boca. hunter é incapaz de segurar as palavras que luta para dizer. ❛ se bem que não sei se isso seria contagioso para robôs. ❜
@ssquirrzl
se hunter era irritante por natureza, com adalind ele o fazia por prazer. nada mais divertido do que a ver com aquele rosto todo sério para si, pronta para xinga-lo a qualquer momento daquela conversa. ❛ se cuidar de mim, você pode até me acertar. quem sabe eu não ligue. ❜ acaba deixando a provocação no ar, enquanto se esticava para caminhar até ela. se podia entender de uma coisa, era como deixa-la brava pelo simples. se tratando de ada, as coisas eram ainda mais fáceis. quem sabe, a história pregressa entre os dois ajudasse, ou talvez, só poderia ser a pessoa mais difícil de lidar dali. votava nos dois. mas em principal votava em que talvez, não fosse uma pessoa tão ruim assim, afinal ela ainda estava do seu lado. ❛ eu sei reconhecer meus defeitos. isso me faz uma pessoa muito boa. ❜ ou um idiota consciente. quem saberia?
o corpo permanece perto ao dela mesmo após jogar a água. sente o momento o qual adalind é atingida com a água e pode sorrir com divertimento. ❛ oito anos e meio, docinho . ❜ entretanto a maior diversão é ser atingido de volta. a pele desnuda do tórax arrepia e hunter volta a ataca-la com a água, em uma reação instantânea aquela brincadeira. aquele momento, não mantinha a casca azeda que sempre possuía, era só ele sendo quem pretendia ser em segredo e nada mais. ❛ só eu fiz isso? ❜ mas agora, quando adalind joga água contra si, ele se aproxima e a segura, deixando o braço alheio preso contra sua mão. o homem deixa uma carícia no local, certa pressão ao sentir a pele alheia. ❛ um salmão gigante... posso resolver depois. ❜ não, ele não podia. mas não se importava em mentir mais um pouco do usual. ali, pelo menos não fazia mal a ninguém. ❛ para o baile? ❜ o olhar curioso estampa seus olhos. ❛ essa é sua maneira de me convidar? ❜
a dualidade que hunter trazia para si a irritava profundamente — por um lado, sorria com as coisas idiotas que ele dizia e tentava protegê-lo assim como fazia com todos aqueles com quem se importava; por outro, adalind sentia que precisava de grande força para alinhar seus chakras e não querer acertar um soco em hunter. esses sentimentos pareciam ter aflorado desde que caíram na floresta. “ você tem muita sorte, isso sim. por eu não querer acertar seu pé com essa lança. sabe, sem querer, querendo. ” respondeu com o bom humor que puxou de seu interior. a careta para o apelido brega era de divertimento. bom saber que algumas pessoas não mudaram ou perderam seus costumes por estarem ali. de certa forma, ficava grata por tê-lo ali, pois era como ter um pedaço de casa, de sua vida normal naquele inferno. “ sabe, eu só não acho que você é um idiota completo porque você reconhece que é um chato. ” o balançar de ombros foi leve, um falso desdém que ela não tinha por ele. chega a olhá-lo após o leve baque, irritada por ter sua concentração interrompida.
“ cala a … ” parou ao sentir a água gelada em contato com seu corpo, dando um grito abafado de surpresa. “ você tem quantos anos? oito?! ” cravou a lança no chão ao seu lado, cruzando os braços com uma expressão de seriedade antes de erguer a perna direita num movimento rápido, jogando água nele. sorriu, quase travessa, e se virou de costas para ele, vendo que sua possível pesca havia fugido. “ que porra… ah, olha só o que você fez! ” virou-se novamente para ele, jogando mais água no rapaz, apesar de saber que tinha sua parcela de culpa naquelas águas agitadas. “ você me deve um salmão gigante, qualley! ” planejava levar aquilo para o baile, contribuir para não comerem apenas frutas e raízes. “ mas eu aceito uma companhia irritante para o baile como pedido de desculpas. ” sugeriu casual, apesar do nervosismo. era um baile no meio da floresta, com sobreviventes de um desastre como convidados, mas ainda assim era um baile e adalind não era lá muito habilidosa com eventos desse nível.
❛ já amanheceu no hanover psiquiatria clube? não havia percebido. ❜ o sarcasmo que carrega em suas palavras é equivalente a vontade de estar ali. ninguém havia escolhido cair de um avião, mas sem duvidas ele era o que menos desejava isso e se esconder havia se tornado parte do seu dia a dia, bem melhor do que lidar com pessoas querendo acabar com sua paz . ❛ não estou medo de ficar com raiva. só se estivermos falando das doenças que esses animais podem passar. quando voltarmos para casa teremos que tomar no mínimo 5 vacinas diferentes. só de pensar nisso já é um saco. ❜ hunter tomba o corpo sobre a grama, fechando os olhos e aproveitando do pequeno tempo onde o silêncio lhe entrega paz. tempo que acaba com a voz dela entrando pelos seus ouvidos. ❛ e não estou sendo idiota, dessa vez. só é mais um dia comum no hanover psiquiatria clube, como disse. ❜ não se achava o grande idiota naquele momento, mas continuava achando que algumas pessoas estavam aproveitando do momento para fazer um show maior e ninguém havia lhe provado o contrário sobre isso. ❛ olha, você descobriu meu segredo, tenho uma pedra no lugar do coração. mas o que me faz macho não é isso, é outra coisa. ❜ solta ao ar, deixando implícito no ar o que queria dizer mas não o completa. hunter não precisava dizer palavras completas quando meias já o serviam. ❛ obrigada, angelina, por não votar em me colocar na fogueira e servir de comida. é isso que preciso agradecer? ❜
O céu ainda estava acinzentado, a floresta exalava aquela umidade constante, e o clima parecia conspirar para deixar todos mais cansados, mais no limite. Não era novidade. O que foi novidade mesmo foi ouvir a voz de Hunter vindo logo atrás dela. Ela virou o rosto devagar, como quem hesita entre responder ou simplesmente fingir que não ouviu. — Bom dia pra você também, Hunter. — Murmurou, meio irônica, sem sequer olhar pra ele. Angelina encostou o queixo na mão fechada, os olhos semicerrados. — Você tem raiva de quem tá com medo ou tem medo de ficar com raiva? — perguntou de repente, num tom calmo, curioso até. — E óbvio que não acredito nisso. — Ela virou o rosto pra ele, o olhar sério. — Eu acho que tem gente surtando, sim. Tem gente no limite, mas não precisa ser um idiota sobre isso. — Angelina não sabia exatamente o que se passava dentro dele e talvez nem quisesse saber, mas reconhecia um pavio curto quando via um. O dele parecia estar em chamas desde que nasceu. — Ter um coração vez ou outra não vai te fazer menos macho, Hunter. E você deveria agradecer que sou uma das únicas te tolerando aqui porque estão querendo te matar lá dentro.
𝑤𝘩𝑦 𝑑𝑜 𝑤𝑒 𝐚𝐥𝐰𝐚𝐲𝐬 𝑔𝑜𝑡𝑡𝑎 𝑟𝑢𝑛 𝑎𝑤𝑎𝑦.ᐣ 𝐡𝐮𝐧𝐭𝐞𝐫 𝐪𝐮𝐚𝐥𝐥𝐞𝐲 , 𝑡𝘩𝑖𝑟𝑡𝑦-𝑠𝑖𝑥⠀,⠀ 𝐟𝐨𝐱⠀.
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