“Sou a rasura mal traçada da minha obra literária. Meu pior inimigo sou eu.”
— Elisa Bartlett.
“a gente nunca vai tá pronto. nunca vai ser a hora certa de mudar de emprego, de cidade, de amor, de qualquer coisa. nunca vai ser a hora certa de fazer o que a gente sempre sonhou em fazer. tá tarde demais, tá muito cedo, vai chegar um momento melhor pra isso. nunca seremos bons o suficiente pro novo desafio, pra aquela pessoa que a gente sempre quis conhecer, pra viajar pra algum lugar cuja língua não conhecemos ainda, pra adotar um bichinho de estimação. nunca vai ser a hora certa pra demonstrar os sentimentos, pra dizer que já chega, pra pedir desculpas e voltar atrás. a gente nunca tá pronto. e tudo bem. a beleza disso reside em entender, aceitar e dizer “e daí?”. e daí que a gente nunca tá pronto? existem coisas mais importantes que isso. existe o afeto. a vontade. o sonho. a necessidade. uma pulsação interna que manda a gente ir mesmo que não seja a hora. “nunca” é uma palavra muito forte. nós somos mais. nós podemos burlá-la. nós podemos compreender o universo, o perigo de sair da caixa, o medo de voltar pro passado. o fato de não estarmos prontos não quer dizer que não podemos tentar e gritar e correr e amar e ler mais livros e adotar um doguinho e aprender uma língua nova e virar atleta amanhã e trocar de profissão e muitos outros “e”. a gente sempre pode fazer alguma coisa mesmo que não esteja pronto. mesmo que não seja a hora certa. segue teu coração.”
Estou num momento da vida que cada vez que alguém me vem com uma daquelas frases motivacionais decoradas eu mando tomar no cu
“Sinto falta de conversar todo dia com você, de ir dormir pensando em acordar logo só para olhar o celular e ver sua mensagem de bom dia que você sempre deixava para mim. Me lembro que conversávamos qualquer besteira quando o assunto acabava só para continuarmos conversando, o mais importante era estarmos um na companhia do outro. E olhando assim para o passado, eu acho que éramos muito intensos, e de tão intensos quando finalmente aconteceu de colidirmos, criamos um caos tão grande que nenhum dos dois poderia ficar sem que se machucassem e destruíssem um ao outro.”
— Desilusões de um amor quase perfeito.
Sim eu conheço bem a dor.
Tempo.
Esse que passa correndo, cobrando, exigindo. Pede pressa, atitude e um olhar de mais carinho.
Tempo esse que não sabe esperar, quer o amanhã, o hoje e o agora.
Tempo, será mesmo tu o responsável?
G.
#poetaderua #martinwill #biologia
“Whisky forte. Cigarro forte. Abraço forte. Tudo forte, só para compensar um coração tão fraco.”
— Esteban Tavares. (via recitarpoesias)
Batalhas perdidas
Me sinto árvore… Fincado ao chão criando raízes pelos ossos e veias, cada vez mais pesado e imóvel. E vejo de longe, dentre as folhas do meu cabelo, casais em.pouca distância se amando como se fosse o último dia de suas vidas. E sinto sede, cobiça, zelotipia, invídia porque árvores não amam. Amam apenas a terra que sinto gelada em meus pés. Amam o vento que se por descuido eu fechar os olhos me imagino livre a ponto de poder correr. Amo a chuva que me lava, que percorre cada átomo do meu corpo e parece levar toda a minha sujeira pra longe. Amo os pássaros que andam pelo meu pescoço e cantarolam Mozart ao pé de meu ouvido fazendo acender cada poro de minha casca como as flores se acendem na manhã de primavera. Amo as marcas e cicatrizes em meu tronco causadas por amantes sedentos em deixar registradas suas marcas e paixões, causadas por crianças que almejam no futuro voltar adultas para comentar sobre o dia em que me marcaram depois daquele piquenique. Marcas causadas por mim. Não lembro o quando, nem o porquê e nem o como. Árvores não amam e nem escrevem. Floreiam.
O Caffè Florian, em Veneza, 1965. Prefixos.