“Quando você ler essas palavras talvez eu não esteja mais aqui. Talvez você ouça a minha voz, embargada, em silêncio. Sim, a memória preserva um som que só as lembranças mais bonitas conseguem ecoar. Eu vou estar em algum lugar entre aqui e Paris. Provavelmente em Paris. Lá é mais fácil sofrer– tomando um chá de camomille às dez da manhã, entre um bonjour e um je t´aime – sem soar estranho, sem parecer arrogante. Nas malas levarei algumas camisas dobradas, alguns poemas incompletos, aquela foto sua em preto e branco que você nunca me deu e a certeza de que tudo o que escrevi até ontem foi para que hoje o dia nascesse mais colorido e a noite dormisse mais sonhada. Queria poder te amar além das palavras, além destas palavras.”
— Eu me chamo Antônio.
eu sou muito cansativo, sabe? Quando me empolgo com um assunto começo a falar sobre ele e entedio a pessoa. A questão é que ninguém vai olhar pra mim com os olhos brilhantes, dizendo que me adora ouvir falar ou algo assim, e olha que eu nem falo tanto — só ás vezes — e olhe lá. E essa indiferença por parte das pessoas em me deixar falando sozinho faz com que eu me feche mais, é quase instintivo.
Eu sei que sou uma pessoa entediante, vejo isso nas expressões das pessoas todos os dias, não quero ser assim, mas não sei o que fazer pra mudar isso.
Talvez seja meu karma, sou um pecador e minha punição é passar a vida inteira querendo ser ouvido — mas sempre ser ignorado. Quem sabe em uma outra vida, talvez eu seja purificado — talvez não.
— rocco-o
“As coisas não são do mesmo jeito que eram antes. Você nem ia me reconhecer mais. Não que você me conhecesse há uns tempos atrás, mas tudo volta no fim. Eu guardei tudo dentro de mim e embora eu tenha tentado, tudo desmoronou. O que isso significou pra mim será eventualmente uma lembrança. Eu tentei tanto e cheguei tão longe, mas no fim, isso não tem mais importância.”
— LInkin Park.
Esse silêncio Ensurdecedor Estremece meu coração Cada veia Átomo Do meu corpo. Esse silêncio diz muito Diz tudo Me coloca em indagações. Esse silêncio me conforta Me consome. O silêncio se cala E fala alto Em meu coração Em minha memória. Queria silenciar minh’alma Meu coração e minha cabeça A fim de calar E vagar em minha própria companhia.
O interior dos caules.
My baby
Por que essa banalização com a dor interior? As pessoas acham que só o físico é passível de dor e desespero. As pessoas dão atestado e te mandam repousar por gripe, dengue, mas ninguém te deixa de repouso por coração remendado, mente insana ou suicida. A verdade é que ninguém se preocupa com o que está do lado de dentro, ninguém se preocupa se seu coração está mais remendado que aquela roupa velha ou se a sua cabeça gira a mil e tenta te matar… O que importa é seu sorriso impecável que você sempre mantêm no rosto angelical, o que importa é responder sempre “tudo bem” pra qualquer pergunta feita e fingir que não ouve cada coisa que bate no teu peito e te fere como uma lança em chamas… Eu sei o que é estar remendada, aos pedaços e não ser vista, eu sei o que é ser feita de cacos de mim e mesmo assim continuar respirando só pra dizer que está viva, não tem um motivo, não tem um porquê, eu apenas continuo…
- Ele Arier
“As festas me deixavam doente. Detestava as falsas aparências, os jogos sujos, os namoricos, os bêbados amadores e os chatos. Como solitário, eu não suportava invasões. Isto não tinha nada a ver com ciúmes, simplesmente não gostava de pessoas, multidões, onde quer que fosse, exceto nas minhas leituras. As pessoas diminuíam-me e deixavam-me sem ar.”
— Bukowski.
Não sou um simples William, tem algo a mais aqui, lá no fundo, pena que a grande maioria enxerga apenas o superficial.
o rap tem sido meu tipo de literatura favorita nos últimos meses e por conversar comigo de um jeito que os grandes autores nunca puderam, de um jeito que você nunca fez, ele me toca bem mais que as suas metáforas, bem mais que os países da Ásia, bem mais que as poesias matematicamente pensadas por homens em apartamentos com janelas grandes, mulheres chorando por partidas num filme francês, pessoas contando pessoas na esquina de ruas chiques, bares badalados. o rap conta a história da minha vizinha, do meu pai, do tio afastado da família e por ser uma reza de coragem no meio de toda a covardia, ele tem sido minha única fé. não que ele seja a única salvação, mas tem sido a única poesia que segura minhas pontas quando todo o resto não.