Na oração, que desaterra … a terra, Quer Deus que a quem está o cuidado … dado, Pregue que a vida é emprestado … estado, Mistérios mil que desenterra … enterra. Quem não cuida de si, que é terra, … erra, Que o alto Rei, por afamado … amado, É quem lhe assiste ao desvelado … lado, Da morte ao ar não desaferra, … aferra. Quem do mundo a mortal loucura … cura, A vontade de Deus sagrada … agrada Firmar-lhe a vida em atadura … dura. Ó voz zelosa, que dobrada … brada, Já sei que a flor da formosura, … usura, Será no fim dessa jornada … nada.
Gregório de Matos
eu me alimento de amor e álcool
degenero
a própria ideia de ti arrepia
e faz sentir
a tanta falta do puro malte
que espera
espera
e não cobra, nem chora e não machuca
eu me alimento da própria dor
engasgo
mastigo e engulo e digiro
e gosto de
sabendo que a coceira há de virar dor
esfregar
e arrancar
o que me impedia de querer chorar
eu choro para acordar na noite seguinte
mais forte
e luto e derroto tudo o que
ameaçador
por mais que se imponha e enfraqueça
há de morrer
cair por terra
ainda que pela simples persistência em seguir adiante
rumo à vitória
tu
que não mereces do gosto
nem mesmo o desgosto
tu
que não paraste tua vida
pra oferecer acolhida
tu
que não olhaste pra trás
que nunca pediste perdão
que me negaste a paz
me relegaste a alçapão
tu
que fazes pouco caso
que te exibes como rei
por quem, desde sempre, me atraso
a quem, me custe, superarei
tu
que nem de tua corja é merecedor
um dia saberás ter sido sempre inferior
tu
jazerás perdedor
e das glórias vindouras da vida
brilhante
que do meio de teus trapos e farrapos
invejarás
dos espólios de minhas conquistas
dos prazeres
e das migalhas
não sobrarão para ti nem mesmo as baratas
A arte não é, no fim das contas, o que pensávamos que era; no sentido mais amplo, é dinheiro alto.
Leo Steinberg
Alguém me leva!
Meu fumódromo, hoje.
Todos os dias.
♥